27 de fev. de 2012

Do que preciso

Faz-me sorrir enquanto a chama queima
Só vou cantar quando a alma ainda plena
Me convidar para emplacar a grave cena
Estonteante de palavras que herdam paz

Nossos valores em cinzas mais que flores
Recaem em veredas de conceitos e concreto
E não pede licença, adentra-se pelo teto
Onde a boca não ensina, encena a festa

Para o lado vejo o pobre coração suplicar
Ao seu grande criador, com suave gratidão
Só não quer seu sentimento a serviço do inimigo
Quanta glória e dinheiro traçarão o meu destino?

Por menores que se vejam, coibirão minha praxe
Dizer menos o que sinto, de amar tão reservado
Na fronteira da certeza eu me vejo desmentido
E os meus pais não choram mais a criação

Já que não somos deuses ao modo primitivo
Que é tão moderno embora soe desatino
Por que temer se o amor foi tão pregado
Não basta gritos quando a dor é comedida

Quando a ciência empobrecia o homem fraco
E minha droga parecia acabar
Foi nesse instante que entendi que a alma dorme
Enquanto o corpo arde em febre o dia todo

A noite chega e enaltece o senhor rico
Que só enxerga algo que não o prejudique
De sua parcela já comemos nosso almoço
E o jantar segue alimento do mais forte

E muita paz, muito martírio, depende afinco
Do quanto bebo, fumo ou como em minha vida
Toda alegria entra em crise pelo esforço
E o trabalho mata a fome e mata o homem








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