3 de fev. de 2012

Fevereiros

Essa comida é indigesta
E o meu tempo não me espera 
Já tentei e hoje eu admito 
Que a cabeça só conserva

Dentro dela o que lhe apraz 

E todo o resto vem à tona 
E todo o corpo sofre à causa 
Agora entendo muito menos

Por que eu fui o escolhido 

Em tantas possibilidades 
Por que não outro/outra pessoa 
A minha pele é humilhada

Pois o vermelho eles não veem 

Que é comum e bate dentro 
Os músculos são aparentes 
Estou andando e tão inerte

Eu falo muito e me entristeço 

Sei que não posso responder-lhes 
Fraqueza alheia me incomoda 
Tristeza pouca é tão contrária


E pelas ruas da cidade 
Vejo os corpos insistindo 
De um lado a outro a liberdade 
É tão singela e passageira

Deus simboliza a esperança 

De uma vida melhorada 
O homem foge de si mesmo 
E não assume a caminhada

Sempre reclama dos problemas 

Por mais que sejam alterados 
O que me aflige é a insistência 
Tenho medo de desistir

Meu corpo não resistirá 

A alma também tá aflita 
De quando em quando eu retribuo 
A quem me olha com desdém

Quem me excita me detesta 

Quem ama, me ama também 
Vivemos todos sob o crivo 
Sob os olhares da moral

Ela no fundo subsiste 

Nossas vontades se retraem 
E à luta vamos insistindo 
Sem entender direito o pai

Será que ele reivindica

Para si mesmo o valor 
Que é tão humano e contingente 
Efêmero e traidor

A porta muda enquanto eu saio 

A luz se apaga eu fico nu 
Vou te escondendo e me achando 
O contrário também me seduz

Lá na parede da ante-sala 

Tem uma formidável cruz 
E os destinos perdem o senso 
E as conquistas perdem o cheiro

Por ser assim é que me entrego 

E aproveito o tempo alheio 
Compactado está o espaço 
A cada dia diminui

Até o ponto indecifrável 

Quando não tenho onde ir 
Quero que nunca me detestes 
Nem que afinal finda o amor

Que soe como desabafo 

E surja um novo entendimento 
Pra que a vida passe rara 
E eu siga um novo pensamento

Correr demais tem me cansado 

Você sabe o quanto penei 
Para não ser mais tão humilhado 
Nesse poema eu te encontrei.

O outro é muito importante 

Pra dar reais sentidos crus 
E na parede do Universo 
A divindade faça a luz.

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