3 de mar. de 2012

Abandono

A casa foi abandonada
Porque não tinha condição
De esperar o inesperado
De acalentar o ingênuo chão

A paz ficou tão desolada
A caminhada sem teu cheiro
As flores foram arrancadas
O mato cresce em devaneio

Por que você fez isso agora
A porta não se abriu sozinha
Os vidros da nossa janela
Suplicam paz na agonia

O sol atravessou o peito
A lua entorpeceu a mente
As nuvens encobriam a face
A sombra inebriou o crente

Onde andará o proprietário
Daquela casa tão singela
Os móveis esperam lá fora
Quem reivindique sua parcela

Os pássaros tomaram conta
E os contrários fogem alheios
Não há quem forte o bastante
Permita-se vazio ao cheiro

Aquela casa está fadada
Ao solitário, ao homem triste
Espíritos não compartilham
Do mesmo pão, da mesma vide

Agora a rua me acolhe
Lá onde julgo nada ter
Por mais que o mundo desampare
Construo a casa do meu ser

Eu edifico a moradia
Já não sou tanto original
A base só foi instalada
Quando entendi o bem e o mal

Não posso ser tão ortodoxo
E as respostas são moradas
Em meu trajeto não tem vales
Quiçá caminhos ou estradas

E a casa vai ficando longe
Os sonhos são um desafio
Quando a esquina chega rasa
E na virada eu me recrio

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