7 de mar. de 2012

O Corpo

I
O corpo aguarda ansioso
de deus a menção honrosa
pois, o prêmio só aos fortes,
será dado irrestritamente

Meu corpo espera indignado
o alimento que o sustente
pois, a carne só aos fortes,
é dispensada aleatoriamente

Meu corpo aguarda relutante
satisfazer-se do opróbrio
pois, o gozo só aos fortes,
será repleto e sem reservas

Meu corpo pede calmamente
compreensão no desespero
pois, a certeza só aos fortes,
traz conclusões definitivas

Meu corpo entende impaciente
que o salário não me basta
pois, tranquilidade só aos fortes,
é antes da noite suficiente

II
Verônica foi surpreendida por uma triste notícia. Ficou sabendo que seu filho mais velho deveria internar-se para tratar o seu problema. Sofria de uma doença degenerativa que, gradativamente, silenciava os movimentos. E, pouco a pouco, inspirada pela palavra divina, Verônica decide entender sua missão. Mais que simplesmente aceitação, sobrepõe-se aquilo que convencionalmente chamamos amor. Fortaleza, destino ou vontade alheia, estão acima de quaisquer inspirações. Acima da dor, do crime e da fome.

- Não pode ser verdade! Novamente!. - sussurrou seu filho, com o rosto cheio de esperanças.

A fé no cristo fica alheia aos seus sistemas. A testa fica tola quando o espírito se perturba. E não há força ou feitiço que sejam capazes de adentrar a cabeça.

- Força meu filho. Deus tem muito mais a dar, já que nos foi tirado o poder de decidir. - Comentou Verônica quase se calando. Na verdade, o silêncio interior lhe cobria a face.

Desde a mais tenra infância,  a mãe do cristo sofria. O poder não foi feito para mulheres. Já o desejo e a espera, são típicos da alma feminina.
E o corpo padece enquanto a mente se inquieta. Desiste, enquanto a fome permanece. Perece, enquanto o espírito busca alívio.






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