31 de mai. de 2012

Na calma incomum de um cheiro

E o corpo envolveu-se no manto das mãos do iníquo. Entre suas pernas, outras se viam acima do direito e da vontade do pobre corpo. Entregara-se contra as próprias convicções. A barba acometera sua nuca, e as pestanas impetuosas ziguezagueavam-se pela bochecha que, rigidamente respondia à sensação de aflição. Na calma incomum de um cheiro, deixava-se tocar. E, sem meias delongas, a mão espiã, cúmplice de tais violências, adentrara-se justo ao dorso na insistência de persuadir a presa que só almejava a conquista de tamanho assédio. E entregara-se. De repente, eis que a mão iniciara o percurso sombrio. A boca do algoz aproximara-se do seio, violando-o. Minutos depois, implorara ao senhor mais afeto. E menos pudor lhe acometia, inóspita face. Pareciam copular como fazem os primatas. Em meio a tanta ironia, e escravos do acometimento, violavam-se, logo na tarde ensolarada no deserto dos sonhos daquela alma. Temia os horrores de amores por homens tão violentos. Lhe atraía certo tipo de homem. Tão singular, buscava auxílio em tantos destes o quanto lhe aparecessem à sua frente. Vendia-se por uns minutos de puro masoquismo. De puro prazer.

E o cheiro infame do desejo nunca lhe foi tão amistoso.

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