27 de abr. de 2013

Entre o gozo e a dor

E quem lhe disse que deus estava certo 
Procuro encoberto, a causa do ser
Minhas tolices e um monte de causos
Não eram ideias do são criador
Como cartilha do meu desespero
Degusto teu cheiro, tempero e sabor
De fé amiga, ambígua, precisa
Serão tão benditos, verdade e amor
Enquanto isso, pra meu desespero
Me escondo no meio entre o gozo e a dor


Noutro porto

Me debrucei junto ao seu rosto
Enchi os olhos de desgosto
Amargurando os meus ais
Em sua cabeça o mesmo tema
Na minha só outro dilema
E o coração não se refaz
Nem sei se fico magoado
O que era leve tá pesado
O mesmo espinho, a mesma flor

Já não tem mais nenhum problema
Não vou roubar a tua pena
Nem me entregar por essa dor

Em outros mares vou partir com o meu barco
Nas incertezas, arriscar
Me permitir, e refletir o tempo e o espaço
E noutro porto, atracar


26 de abr. de 2013

Pazes

Suores resistem 
Exalo o aroma da noite
Envolto ao degelo
Escondo no peito
A mágoa vivida em segredo
O choro inaudito no quarto
A dor que se atina em resguardo
E volto a sorrir sem receio
Quando amanhece
O claro escurece
Não sobra um tempo pro umbigo
O peito enrijece
A luz amolece
E faço as pazes comigo

TV


E na TV uma janela
O mar que guia a vela
Rumo aos seus descaminhos
Em mim o que se revela
Mundos torturam a fera
Normal com seus desvarios

Será que o oceano é meu lugar
Quando o céu reflete-se no mar
No obscuro da mente
Ando não muito contente
Nossas ideias vamos revisar


25 de abr. de 2013

Recinto do desejo

Conte-me as mentiras
Quero que a tua alma se liberte
Ouso para sair em busca do outro
Para ver se lá eu me encontro
Aqui dentro habita um desconhecido

Discreto. Mas a verdade conta outra peça
Reto. E as curvas do coração me deixam breve
No recinto do desejo, quando os olhos estão fechados,
É que mora a clareza da vontade

23 de abr. de 2013

Espero

E quanto de mim ainda resta
Se um resto de amor ainda sobra
E as cores na janela
Não escondem os seus desmandos
Reza a regra que o dia não termina
Quando à noite, a sua ausência desatina
E deixa mais claro o sonho

Roubaram-me o gesto
Se para me achar, me perco
Exito em não baixar a guarda
Resisto a mim mesmo
Aprendo a aceitar-me
E fujo rumo ao tempo
Escravizo algumas emoções
Constato as horas
Olho em torno
Espero.

11 de abr. de 2013

Spirito


"Un po' di me
Vuole la consegna
Un altro po'
La riserva
E dove è il mio Spirito?
Il mio cuore
Dove si trova?
Guardando dentro
Vedo fuori
Non lo riesco a trovarlo
E tra i pari
Sono nel mezzo
E un'altra parte di me
È dissipata nel buio"

10 de abr. de 2013

Medida

Qual a medida do beijo
Desejar, merecer
Qual a medida do medo
Superar, se esconder
E o tamanho do sonho
Como se mede o tamanho
Qual é a medida
Qual a medida
Qual é a medida de ser, estar
Qual é a medida 
Qual a medida [diga]
Qual é a medida especial

Quanto me vale um sorriso
Tolerar, conceder
Quanto falta de juízo
Pra receber
Qual é o preço da vida
Quanto me custa a medida
[diga]
Qual é a medida
Qual a medida
Qual é a medida de respirar
Qual é a medida 
Qual a medida [diga]
Qual é a medida de se amar

2 de abr. de 2013

Comando

Queira falar
Quando a dor lhe vier
Se a chama se for
A tristeza se por
Acima de tua fé
Não feches teu caminho
Nem durmas esperando
Pois não há quem sozinho
Lhe seja o fardo brando
E ao calar-se, fale
E se ao outro não lhe cabe
Ao coração, dê o comando

Cabine

Vou te deixar entreaberta
A porta estreita da cabine
Desatinar em meio a fome
E que o insano desvairie
E se encubra na coberta
Não se acanhe da desgraça
Beba uns goles de cachaça
Logo a sobriedade some
A autoridade se consome
Pra se mostrar em devaneio
O mal atira-se ao meio
Vale do pão qualquer pedaço
Resta um cigarro no maço
E a tua imagem que me veio
No coração um descompasso
No corpo uma pele de aço
Pra dar o que me é alheio

1 de abr. de 2013

Quiboa

Ao pano branco, quiboa
Se encardido estiver
Cachaça pouca, é boa
Se deus lhe prover
Mistura no meu colorido
A chama do meu descabido
A garra que não tem corrente
Os passos outrora esquecidos
A força que nasce da mente
Que clama pelo excluído
Vou cortejando a gente
Tocar no homem que sente
Fazer de intrigas, amigos

protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...