29 de mai. de 2013

Um copo


Amar-te


Qualquer verso...


ais...


Fagulha





Maio

Menos cruz, mais estrelas
Que outras formas me invadam,
Na necessidade me contenho
Na cumplicidade, no contrário
Na dualidade me entretenho
Toda a noite ao outro ensaio
Não caio, nem vaio, mal caibo
Na cama discreta. No meu desempenho
Retraio
Contraio
Desmaio
Parece até sina
É todo mês de maio

Vento

Um pedaço de mim se soltou
Foi levado com o vento

E na trilha infiel, a ilusão
Era o seu alimento

Pelo curso incerto se foi
Desconcertou o tempo

A poeira cruel da paixão
Confundiu o argumento

De se dar e não saber medir
Expor o que tem dentro

Mas o vento pode se indispor 
Noutro ar, outro alento

Importante é saber se deixar
E julgar o momento









28 de mai. de 2013

Esquemas

Por não achar outra verdade que entretenha
E já faz tempo que os cigarros se acabaram
Deixei as mãos serem guiadas por si mesmas
Só para ver, de bom ou mal, o que criaram

A palavra sai da boca
Atravessa o espírito
Dá de cara com o medo
Se atrai com malícia
Sem a menor perícia
Constrói o seu enredo
Que disfarça seu mando
Entorpece o comando
E nos conta segredos
Reais e imaginários
Verdades e cenários
Quando ecoam fonemas
As linhas não são tortas
O caminho que é breve
Lá não há sequer portas
Nem janelas ou traves
Não existem esquemas

Buraco na cabeça

Dinheiro que me compre
Beleza que me agrade
Surpresa me redima
E releve o que de leve se aproxima

Macumba na estrada
Detritos na calçada
Invasão de domicílio
Quanto mais me dou menos me entrego

Escrito no oceano
No céu, lua de pano
Enobreço o acaso
Sofrimentos lhe serão bem mais amenos

Descaso e desconforto
Me caso e deixo roto
Endereçado ao corpo
O coração tem lá suas manias

Respiros e suores
Pensar noutras melhores
Do alto o chão se rompe
Abriu-se um buraco na cabeça

Lembrança

Das muitas e tantas, uma lembrança achegara-se levemente. De um sorriso amuado, um rosto inquieto. Seus olhos pareciam pausados. Sei que naquele instante, não era para mim a direção de seu resguardo incomum. Lembro do gesto, outrora alimento da minha imaginação infértil. Ora disfarçava se ia, ora divagava na ação de atravessar a rua cheia de gente e completamente vazia de emoções. Sei também, que as intenções às vezes, são atos de puro instinto que só esperam o instante como se fosse o derradeiro. Lembro-me bem daquele dia em que, irrompido de mim mesmo, te conheci.

27 de mai. de 2013

Caminho leve

Esconda a luz
Roube a cena
Apague o gesto
Acenda o jeito
Pesada cruz
E meu dilema
Reprime a faca
Corte amarelo
Cheio de espelho
Mares desaguam
No tom de lua
Na cor da pele
Tua língua fere
Ares de sombra
Ventos de sol
Rastro de víbora
Caminho leve

Semente

Amava e não contestava se lhe faziam mal
Bastava a força de um olhar
De lado roubava a cena
Perfil igual, não há
Estrelas brilhavam ao seu redor
Detalhes deixam confusos os homens de moral
Dejetos se espalham sem pudor
Invento um outro momento pra te trazer aqui
Invado teu corpo devagar 
Enquanto olho de frente vejo o amor brotar
Eu deixo a semente germinar

26 de mai. de 2013

Pedra falsa

Desista
E mude de via
Rumo à claridade
Da rua
Cidade
Da pista
Evite
Dar o que não pode
E quebrar o pote
De barro
De vidro
De sorte
Não seja sensível
À desconfiança
Do homem que insiste
Na pedra falsa
À margem da via
Me perco
Desisto
Resisto sozinho
Às pedras
Deixadas
Trazidas
Levadas

25 de mai. de 2013

Magenta

Tua pele
Uma teia
Que me prende,
Me envolve,
Afugenta
Teu desejo
Intempérie
Que ilude,
Maltrata,
Rejeita
Raso é o corte
Na veia
Aos poucos,
Corrompe,
Aumenta
Coloris na alma
Um edema
Rosado,
Escuro,
Magenta.






Teu não

Qual o tamanho do amor
Que eu preciso pra viver
Enquanto bate o coração

Tem me causado tanta dor
Tanto machucam meu viver
A indiferença e a solidão

Seja bastante o quanto for
Justa medida do sofrer
Quanto me vale o teu não?

22 de mai. de 2013

Amianto

Escorrem pela parede da sala, 
fios em falso de água de chuva, que, vazam do amianto...

Enrolei num papel meus desmandos
Para devolver o que roubei da eternidade
Foi um trecho de vida
Era uma parte do rio
Cabia nas mãos, o desejo
Cada intuição, nas mãos, cabia





Na pele

Chorei
As mazelas do tempo da escravidão
Aqui
E na pele de preto o sangue ecoou
Com fé
A cabeça tá feita e o corpo fechou
A sós
Me voltei para dentro do interior
Sei não
A pobreza na alma castiga o porvir
Pensei
Do interno a clareza emana o existir
O dom
Tava bem escondido fechado na mão
Pequei
E tentei disfarçar essa contradição
Tem mais
As sequelas de outrora, agora revi
Cantei
No Navio Negreiro um pouco de mim
Quem deu
Condição de velar a verdade, revele
Dará
A resposta humana que mora na pele

Sua chama


Ato e desato, me redimo
Feito carrapato, me hospedo
Não desço do salto, me comprimo
Me ajusto onde eu não quero

Do anjo, as asas, eu preciso
De deus, as palavras, eu espero
Pra voar num sonho infinito
E falar desse amor sincero

Marcas atravessam o rosto
Cicatrizes no dorso da alma
Que vontades teriam o corpo
Se a dor não se lhe acaba?

O laço já foi desatado
Libertei a dor no oprimido
Ame sem cobrar do amado
E sua chama terás acendido 



venero

Venero teu corpo esculpido moldado de barro de ferro de aço de fogo de água de riso de mágoa de indecisão / na culpa não sabe direito o que é a verdade disfarça inventa corrompe lamenta que o peito arrebenta de tanta pressão /  tem rios tem vales caminhos flores têm espinhos ruelas e becos cancelas e cercos nos mil endereços de sua prisão / lhe vem um desgosto danado olhando pro lado peleja contenda não há quem defenda sua oferenda reconciliação / a força que vem não se sabe do bem da maldade cabeça que pensa debate repensa deixa que o tempo lhe traga o perdão.



Bora amar...

O gosto nos virá alheio
A vida nascerá da morte
A cicatriz já foi um corte
Imagem ficou no espelho

As pétalas de uma flor
Adormeciam pelo chão
Lá no jardim eu recolhi
Pedaços do teu coração

E o que é o amor, então?
É uma conta que não bate
É um desejo, um disparate
Quem o comanda, o coração?

Nem a razão ou divindade
Detalhe, ponta ou tamanho
Um prejuízo ou um ganho
Controlarão sua vontade

Alçar com asas o seu voo
O horizonte o seu destino
Vou dar razão ao desatino
Que assumir em vão o dolo

Bora amar antes da tarde
Reescrever nossa mania
Pra refazer um novo dia
Mesmo indolor, ainda arde

Sem você

Falta uma fatia de canção
Em meu dia-a-dia, solidão
Não há quem me possa segurar
Nem mesmo proposta, aceitar
Já que o tempo não me fez melhor
Quem seria a vítima ou o algoz?
Resta-me o respeito para ser
Já que nada tenho a oferecer
Deixe-me sozinho,
Sem você

Meu tom

Você nem notou
Meu tom
Meio avermelhado

Te pedi perdão
E o sol
Logo acinzentou

Nem reivindiquei
Teu sim
Cor de caramelo

Sei que não menti
Deixei
A verdade colorir

Ao me ver chorar
Teu não
Logo amarelou


21 de mai. de 2013

Bora amar

O gosto nos virá alheio
A vida nascerá da morte
A cicatriz já foi um corte
Imagem ficou no espelho

As pétalas de uma flor
Adormeciam pelo chão
Lá no jardim eu recolhi 
Pedaços do teu coração

E o que é o amor, então?
É uma conta que não bate
É um desejo, um disparate
Quem o comanda, o coração?

Nem a razão ou divindade
Detalhe, ponta ou tamanho
Um prejuízo ou um ganho 
Controlarão sua vontade

Alçar com asas o seu voo
O horizonte o seu destino 
Vou dar razão ao desatino
Que assumir em vão o dolo

Bora amar antes da tarde
Reescrever nossa mania
Pra refazer um novo dia
Mesmo indolor, ainda arde








Pra ficar do teu lado

É ferida que sangra
Feito a quebra de um galho
O cadarço se desatou
Na feitura do laço

Feito anjo, menino
Não me dei por vencido
Desgarrei-me do medo
Acertei o desejo

Resta à mão
O desencontro do nó
Nada não,
Mando desavisar
O futuro do coração
A razão do tropeço
Me amarro junto, no meio
Pra ficar do teu lado



20 de mai. de 2013

Havemos

Ah... 
havemos de ser alguém
Ah... 
havemos de honrar o pai
Ah... 
havemos de ser morais
Ah... 
havemos de ver além

E ainda tenho pouco
O tempo se aproxima
Debaixo ou em cima
Da cabeça
E grito mesmo rouco
Pra não perder o clima
Que a graça divina
Eu mereça

Ah...
havemos de repousar
Ah... 
Havemos de repartir
Ah...
havemos poder sentir
Ah...
havemos querer amar




17 de mai. de 2013

Miscelânea

Atrás do sentimento, a emoção
Do meu esquecimento, a ilusão
Vaidades até onde vão levar
Se a mente, da verdade duvidar
Mais próximos estejam os irmãos
Entrego os inimigos em tuas mãos 
São teus, Senhor
São teus
Que os meus inimigos sejam teus!

No peito um relampejo
Desfaz o meu desejo
Transforma a natureza
Bizarra é nossa sorte
Amar além da morte
Em busca de certeza

Desfaço o ritmo
Franco da métrica
Disfarço o mítico
Branco da réplica
Pra confundir o teu presente
Me revesti todo de cinza
Menos de festa
Menos de rima
Minha ciência
É meu desvio
Des
     eso
           obe
                  edi
                        iên
                              nci
                                    ia

Glin Gló

Eita que meu peito bate 
Glin Gló
Xêpa nessa mesa de sorrisos
Choro é de tristeza enquanto o
Glin Gló
Ama e não sabe escolher
Como quer decide, se divide em várias partes
Beira de começo no endereço do cartão
Glin Gló se desforre pra morar no coração 

16 de mai. de 2013

Amar a quem vos ama

Destroço um osso
Me construo
Reforço um desgosto
Me insinuo
Sem chama desisto
Me apago
Na cama insisto
Me acendo
Degenero
Insemino
Desespero
Ilumino
E quem de vós reacender a chama
Tem por tarefa amar a quem vos ama

Sonho colorido

Derramarei sobre tua cabeça
Unguento com perfume de saudade
Pra quando lembrares da mocidade
Da ingenuidade, não esqueças

Quando deixavas solto o cabelo
Te desprendias do ar poluído
Deixavas tua pele nua em pelo
Sonhavas um futuro colorido

O sonho

Me ajusto no teu sonho
Lá me caibo escondido
Ajo feito um bandido

Minto como um menino
Pra roubar tua atenção

Lá tem mitos e verdades
Vereditos e vontades
O desejo é desvairado
Tem um jeito arraigado
De expressar a opinião

Fico vendo teu presságio
De repente outro estágio
Escurece a visão
Quando enfim, o pesadelo
Desatina o teu medo
E me vês na escuridão

Fundo da razão

Um segundo
Dos embrolhos
De meus olhos
Te dedico

Onde estão as maravilhas
Se escondem as armadilhas
Da paixão

Feito faro raro, indica
A verdade reivindica
O coração

Quero me fingir de morto
Ao contrário, indisposto
Estaria

Tenho medo do futuro
O presente é um muro
Contraria

Separando meu juízo
Da moral, do prejuízo
Aceitação

Em contraste com o mundo
Eu me perco lá no fundo
Da razão

Menos vício

Fortaleça o laço
Cole cada pedaço
Que restou da chama
Remenda teu rosto
Reaja disposto
Disfarça teu drama
Os amores se vão
Entre os dedos da mão
E o coração se inquieta
Dê um tempo à emoção
Deixe que a intuição
Se divirta nessa festa
Egos traem todo o tempo
Quem não tem discernimento
Se entrega aos caprichos
Vaidades vão com o vento
Quero paz em meu tormento
Mais virtude, menos vício

Cruz

Você me pede um café
E eu insisto em dormir
Quando te sobra a fé
Eu penso em desistir
Não dá,
Pra consolar quem só deseja apoio
Tem muito trigo invadindo meu joio
Te dar a mão pra me desequilibrar
Contradição nesse teu jeito vulgar
Vulgar,
E o coração nunca desiste do jogo
E se perder ainda arranja um troco
A salvação virá de outro lugar
Só vejo mãos querendo me arrancar

Você me fala de paz
E eu só penso em fugir
É pouco, menos, é mais
O que interessa é agir
Que não,
Palavras não valem caladas na folha
Mesmo que não ditas, algo lhes discorra
Faça uma proposta que nos leve ao céu
Segure meu manto, arranque seu véu
Então,
Vamos nos embriagar desses fonemas
Deixa a mania de criar dilemas
Vale mais a pena quebrar os tabus
Baixe a guarda ao peito e crave tua cruz

Pontas

"Una as pontas
Ame dobrado
Faça de conta
Ouça calado
Sem o vício
Deixe o início
Para o fim
Deixe o meio
Pra quem veio
Para mim"

Delinquis

Delinquis.
E quando te julga o pensamento
Com destreza maculais a alma
Que se inquieta, morna e incolor
Metade sonho. Metade dor
Só não sabe da beleza que acalma
Esconde a graça. Esquece o tempo

Delinquis.
Deixe-me a sós com meu espelho
Quero esperar quem se reflete
Peço às mãos que engulam
Aos pés que sonhem
Que os olhos contem-me segredos
Do que viram no céu de um mar
Na lua de um dia
Caminhos de uma via
Que não se repetem

Água raz

No limiar do desespero
Vago pelos teus umbrais
Seminu e quase inteiro
Menos de mim já é demais
Verdadeiramente, minto
Se ressentir, não sinto
Diluo com a água raz
Lá pela metade do meio
Não me importa o teu cheiro
Pesa sobre os pesadelos
A medida dos teus ais

Lente

Quero recriar todo valor de que se valha
E repensarei tirar do peito toda a mágoa
Não há coração que se resista
Nem mesmo amor que se dispense
Deixa para quem quiser que pense
Corpo beira a alma, que aflita
Deixa seu olhar refém da lente

Espero

E quanto de mim ainda resta
Se um resto de amor ainda sobra
E as cores na janela
Não escondem os seus desmandos
Reza a regra que o dia não termina
Quando à noite, a sua ausência desatina
E deixa mais claro o sonho

Roubaram-me o gesto
Se para me achar, me perco
Exito em não baixar a guarda
Resisto a mim mesmo
Aprendo a aceitar-me
E fujo rumo ao tempo
Escravizo algumas emoções
Constato as horas
Olho em torno
Espero.

Recinto do desejo

Conte-me as mentiras
Quero que a tua alma se liberte
Ouso para sair em busca do outro
Para ver se lá eu me encontro
Aqui dentro habita um desconhecido
Discreto. Mas a verdade conta outra peça
Reto. E as curvas do coração me deixam breve
No recinto do desejo, quando os olhos estão fechados,
É onde mora a clareza da vontade

TV

E na TV uma janela
O mar que guia a vela
Rumo aos seus descaminhos
Em mim o que se revela
Mundos torturam a fera
Normal com seus desvarios

Será que o oceano é meu lugar
Quando o céu reflete-se no mar
No obscuro da mente
Ando não muito contente
Nossas ideias vamos revisar

Desame

Desame,
Na beirada do encanto
Para não secar o pranto
Que tu caibas em meu choro
Deixa o dia ficar claro
Que o comum se torne raro
Minha voz emerja em coro

Droga é essa que me trava
Deixa calma toda a raiva
Para não ficar sozinho
Mundo novo mora ao lado
Vou ficando pro passado
Troco a água pelo vinho

No telhado de amianto
Custa-me ouvir o canto
Da chuva ao entardecer
Mais adentro, mora o vento
Marcas resistindo ao tempo
Da verdade envelhecer

Torto

Tá fazendo torto
De novo errado
Marcando na trave
No peito não cabe
Tanta indecisão

Fura a pedra dura
Enche meu regaço
Feito estardalhaço
Deixou em pedaços
O meu coração

Lembra da promessa
Ficou na lembrança
Levou a esperança
Junto, a aliança
Nossa união

De viés

Se disfarçou feito demente
Que o juízo de repente
Com seu ruído
Estremeceu
Deixou sua marca no poente
Que o coração ficou doente
Com sua falta
O seu adeus

Ele ficou desamparado
O seu perdão pisoteado
por outros rastros
Outros pés
Que o amor seja amado
Eu possa olhar para o lado
Rumo de dentro
De viés

A fé descrente do meu jeito

O meu desejo é somático
E meu humor psicodélico
Para ter calma eu me distraio
Exijo amor de quem venero
Os passos param e se retraem
Meus pés passeiam em teus lares

A fé descrente do meu jeito

Um dia rios se encontrarão com mares
Pelo caminho deixam rastros de vontade
Uma vereda de entrega sem receio
Um desvario, vida, morte, sonho, medo

Debaixo da cama

Os amores vêm de vez em quando
E quando se vão, levam o passado
O meu coração fica de lado
Para esconder a sua trama
Me escondo debaixo da cama
E vou disfarçando o meu engano

E o que será que me espera?

Te quero o bem que eu não tenho
Para ver se entendo aqui de dentro
Que fora - lá estou perdido
Encontro luzes apagadas
Acendo a chama esquecida
Não posso garantir o agora
Nem trago à tona o passado
E o que será que me espera?

Jeito imodesto

É o meu jeito imodesto
Que me deixa assim, sem jeito
Quando duvido do certo
É que não sei lidar com o medo
Me empobreço, me distraio
Me incrimino, me retraio
Te firo, acerto feito um raio
E te encaminho em meus caminhos
De volta o pássaro ao ninho
Pra alimentar a esperança
E dispensar gratuidade
Mas quanto disso é verdade
Se o velho teima em ser criança
A solidão entra na dança
Nada demais em ser eu mesmo
Até na hora do perigo
Quando de frente pro inimigo
A mão passeia pela testa
Quanto de mim ainda resta
Bem junto a ti, embora a ermo

Quiçá...

Quiçá de sonhos vive a noite
Ou de acasos vive a sorte
E feito dor que abate o forte
Não sobram costas para o açoite
Ser rico, pobre, certo ou torto
Não traz a luz que envolve o corpo
Feito a dor que abate o forte
A vela que vigia o morto
Quiça com o tempo eu te procure
E me enamore por teus feitos
Meu coração com seus defeitos
Encontre a fórmula que o cure

Sem você

Falta uma fatia de canção
Em meu dia-a-dia, solidão
Não há quem me possa segurar
Nem mesmo proposta, aceitar
Já que o tempo não me fez melhor
Quem seria a vítima ou o algoz?
Resta-me o respeito para ser
Já que nada tenho a oferecer
Deixe-me sozinho,
Sem você

Solidariedades

Solidariedade
Mecânica
Deixam velhos rastros
Saudades
Mente insondável
Orgânica
A nau com seu mastro
Verdades

4 de mai. de 2013

Meu cantar

Amar-te
Sem cobrar a parte
Que te falta
Quando me completas

Não há lógica no certo
Acredito, manifesto
Sou ateu
Te empresto meu corpo
O calor do meu rosto
Que são teus

Minha busca não cessa
Meu consolo te desperta
A emoção
Rio cruzando caminhos
Encontrando no destino
O seu mar
Darei o que te mereça
Por tão frágil que pareça
O coração
É que a vida me ensina
E teu abraço desatina
Meu cantar







3 de mai. de 2013

De viés

Se disfarçou feito demente
Que o juízo de repente
Com seu ruído
Estremeceu
Deixou sua marca no poente
Que o coração ficou doente
Com sua falta
O seu adeus

Ele ficou desamparado
O seu perdão pisoteado
por outros rastros
Outros pés
Que o amor seja amado
Eu possa olhar para o lado
Rumo de dentro
De viés








2 de mai. de 2013

O meu sim é não

Tá fazendo torto
De novo errado
Marcando na trave
No peito não cabe
Tanta indecisão

Fura a pedra dura
Enche meu regaço
Feito estardalhaço
Deixou em pedaços
O meu coração

Lembra da promessa
Ficou na lembrança
Levou a esperança
Junto, a aliança
Nossa união

Já não tem saudade
Nem felicidade
Só um manifesto
E o coração liberto
O meu sim é não









1 de mai. de 2013

Desame

Desame,
Na beirada do encanto
Para não secar o pranto
Que tu caibas em meu choro
Deixa o dia ficar claro
Que o comum se torne raro
Minha voz emerja em coro

Droga é essa que me trava
Deixa calma toda a raiva
Para não ficar sozinho
Mundo novo mora ao lado
Vou ficando pro passado
Troco a água pelo vinho

No telhado de amianto
Custa-me ouvir o canto
Da chuva ao entardecer
Mais adentro, mora o vento
Marcas resistindo ao tempo
Da verdade envelhecer

protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...