23 de ago. de 2014

fardo leve

nem o passado
nem o futuro
são pários
pro agora

transforme-se
antes
do ocaso
dos teus sonhos

que o tempo
menino
não tem tamanho
mora no verso da vida
trecho de espera
viés tão curto

embora ser
me custe o outro
nem sempre vejo
o que espero

e daí
o que é um desespero
pro respiro
se a vitória custa o peso
alheio da derrota

seja um fardo leve
mesmo que você
carregue um pesado

parar de te amar

vou parar de te amar
impedir a solidão
de ser um só
vou chorar
ou sorrir
só depende da vontade
o que excita além do ato
são os gestos
expressão de sofrimento
ou prazer
tua mão chega de cheio
e agarra o meu medo
de existir
soa triste o meu verso
é que brado no meu peito
a insistência
seja honesto
ou avesso
indigesto
imperfeito
o coração

para além de um sorriso santo
olhares que divagam almas

confuso

ó coração
confuso
que
deixa
o meu
verso
assim

palavras
são ditas
na mente

escrevo
o que dela
somente

o que sente
no meu
coração

solidão

depois do sol
eu vou partir
em busca
do teu perdão
meu coração
solto no mar
vou desistir
e ficar
e esperar
o entardecer
ao lado de ti
solidão

palavra ação

vida
verso
finda
melodia
acalento
pranto
sorte
sofrimento
santo
tênue
suporte
crença
mesa
espanto
medo
alegria
ponte
saga
desespero
imolado
oco
sacrifício
faca
fogo
sede
morte
tempo
lua
rastro
vício
corrosão
sanidade
sombra
mato
confusão
dedo
sino
sonho
fome
combatente
soma
resto
jeito
porta
vento
adivinhação
cinza
isca
desabitação
voo
liberdade
peito
abraço
pão
pés
sossego
paz
desolação
meio
termo
palavra
ação

20 de ago. de 2014

solidão

Um cheiro de antigas paisagens
Rumores de velhas canções
A solidão rima com a saudade
Resistência fica alheia à atenção

assentamento, poeira, construção
ressentimento, certeza, indecisão
carregamento, areia, munição
arrependimento, clareza, invasão
constrangimento, dureza, coerção
acirramento, pobreza, confusão
distanciamento, defesa, solidão


seu posto

Feito onda em teus mares, eu disfarço
Sob a lua em teus olhos, me enveredo
E afinal, o que de mim eu lhe entrego
É como o último cigarro desse maço

Mais que o dia, vem a noite e enobrece
O amor não é uma planta que só cresce
Quer cuidado de quem lhe apraze o gosto
A atenção que é merecida por seu posto 




festa do mar

sem saber,
a vontade incomum se evadiu
me levou pra pescar
me levou,
mãos de vento na lua guiando
meus passos, meus pés

lua nova deixou a saudade
minguando por lá
que um tanto de peixe
na rede
que um barco foi pouco
sóbrio quis ficar louco
nessa festa do mar

um bocado

o risco, 
a saudade, 
o desvelo, 
a vaidade, 
a bota e o pé
o grão, 
a coragem, 
a semente, 
o trabalho 
e um bocado de fé


meu coração, de quem será?

deixa eu me deitar
perto de ti
mesmo que a dor
teime em ferir
de novo
o meu coração

poesia
chega sem pensar
divaga a luz
na escuridão
tem um jeito
tênue
de luar

vou romantizar
o pensamento
a alegria
o tormento
só pra
não ser
o que se foi

o sol já chegou
noite que finda
o agora espera
e ainda
meu coração
de quem será?

teimoso

teimoso
ele pensa que é menino
desafia o destino
a provar da ignorância
coração anda aos pedaços
cigarros, se vão aos maços
vomitando elegância
sei que sou aborrecido
fico às vezes chateado
mas depois fico bandido
de um amor enobrecido
um amor desnorteado

desafio

desafio
teu amor
lhe insisto
em desistir
faça
pouco
meu amor
para
muito
eu sentir

corda no pescoço

feito corda no pescoço
flutua o corpo
tua imagem
me seduz

o teu toque
me traduz

ponho minha mão
no fogo
entro no teu jogo
pra depois me arrepender

sinto falta do teu beijo
desejo o desejo
que não para
em minha mão

que é pouco
e de montão

raso
aprofunda o dia
essa melodia
é pra acordar a flor
é começo
e redenção

sem vitória
sem razão

esse amor
parece sério
mas é um mistério
quando a noite
chega enfim

e se duvidar
de mim

rumo foi
meu coração

que perdi
a direção

em teus olhos

Em teus olhos vejo luz
Me guiando para fora de mim
Me extraindo de minhas certezas
Me levando para o mar da inquietação
Lá onde o horizonte se encontra
Com o limite de meus sonhos

Me resguardo em teu olhar
Que acalenta meu desassossego
O ego das paixões, arrebentas dentro

Teu tempo diverge minha ansiedade e,
Começo a duvidar
Questiono a crueldade dos meus atos
O meu preparo relapso
A minha fé inóspita
Os meus pés cansados

Teu olhar me diz mais de mim
Do que pensei outrora
Do que julguei
Das necessidades que criei
Dos tormentos que passei

Vamos juntos ver os mares de nossas certezas
Pra lá naufragá-las
E no ocaso certo
Na esperança comedida
Eu possa reconhecer em teus olhos
O colírio que desnuda meu anseio
Que clareia minha vista
Que ameniza meu pranto
Que determina meu encanto
E desarticula o manto escuro
Que ofusca a minha visão de mundo

Pra quando o outro me vir
Possa eu ver o outro

alegria, lágrimas e dor

vou reunir
partes do meu coração
invadir
rebuscar
arte vida e morte
sonho dia e noite
deixo-me aos poucos
senão tudo
de uma vez
causa malícia
indecisão
culpa
remissão
tem dias que a pele
não suporta acalanto
solidão que nasce
desde o parto
ser um só
inventar a fantasia
criar sonhos
sentir
não sentir
respirar
prazer
de ser um só
desejo o outro
longe
perto
volto a ser semente
um fantasma
que não sabe de nada
amedrontado
pelo novo
só não confunda
e queira reduzir
a natureza
ao sentimento
sobra
amor
alegria
lágrimas
e dor

teus ventos

os teus ventos sopram aqui
meu silêncio vai reinar
tuas buscas eu senti
em teus mares, o luar
minha culpa, minha dor
coração me tem nas mãos
não se impede que a flor
rompa o manto do botão
a criança vai nascer
e trazer felicidade
tudo em quanto vai trazer
mais respeito e humildade

fica azul

fica azul
que o sol já tá vermelho
sentimento com um blues
imagem em frente o espelho
madrugada sem luar
chuva ao invés de vento
sombra escureceu o mar
teu amor fechou com tempo

o teu mais ou menos

mágoa que alimenta raiva
limite é o absurdo
sua fome mata a alma
desejo é maior que tudo

tuas besteiras
são minhas bobagens
não seja inútil com tuas palavras
que a soberba na realidade
é mãe da pena que alimenta o medo
não perca tempo com tuas ofensas
seja esperto, o juízo atento
venha de boa
coração aberto
pouco me importa
o teu mais ou menos

peleja alienígena

amor
peleja
alienígena
que abduz
a porta
do coração

eu já sabia

eu já sabia
que o amor
não existia
nem mesmo
a dor
ou o prazer
a sensação
e o sofrimento

nada demais
em ser
de menos
nem desistir
sempre é
um fracasso

não vou me entregar

não vou
me entregar
amor
não sei mentir
nem o rancor
vai me vencer

ventos da paixão

me entenda
seja ameno
teu desejo
a mansidão
tudo claro
tudo escuro
ares podres
ares puros
são os ventos
da paixão

fogo novo

nas entrelinhas da paixão
a intenção fica evidente
ser bom ou mau
eis a questão
que ludibria a luz
do crente
nada demais
em ser assim
nem sempre
colho o que plantei
nem dou aquilo
que eu tenho
resta apagar a antiga chama
e acender um fogo novo

explosão de sentidos

explosão de sentidos
ilusão na face
na pele
no gosto
na boca

essa rua me leva a algum lugar
mais um cigarro vem à tona
olhos que guardam a casa vazia
mãos que passeiam na pele áspera
que as palavras tomem forma
e os ouvidos sejam puros

que a verdade é igual criança
a defender os pais de outrora
é feito música pra dança
feito relógio para a hora

a luz

vou fazer tua vontade
e desistir de novo
nada que há é de graça
ganha ou se perde
no jogo
da vida
emoção que se teima
sentir
o acaso
o deserto
o sertão
a saudade
a luz...

jeito inesperado de sentir

se era amor
ou fantasia
me sinto assim
meio tom desordenado
de amor

deixo o passado
mais a cara do presente
o que te fere
não me atinge

eu sou assim
eu sou demais
e o coração
deixa que sinta
o que quiser

qual a razão do sentimento
intuição
raro momento
nem sempre a verdade agrada
o amor à espera da amada
perdeu a hora e o tempo
mas não o jeito
inesperado de sentir

pensando em você

foi
pensando
em você
que
aprendi
a beber
todo
dia

a cabeça
não cansa
de ter
esperança
em tê-la
ao meu
lado

o que eu
vou fazer
se pensando
em você
a bebida
me encanta
vou tentar
esquecer
deixa que
vou beber
te tirar
da lembrança

medo de se dar

finjo acordado
mas estou dormindo

prego a liberdade
mesmo te oprimindo

digo que te amo
nada eu sentindo

a tua saudade
é meu desatino

sexo é selvagem
nada tem sentido

rara a vontade
constante a libido

ei
você!
não me seja assim

deus que dá o tiro
mas quem mata
é o homem

coração!
faça-me um favor

deixa que o desejo
vença o medo
de se dar

chegar o amor

faça-me um favor
não me deixe tão só
queira teu coração
se encontrar com
meu amor
deixe-me sem saber
saiba me confundir
quero o teu sabor
pra temperar
meu existir

entre os amores vãos
moram os desejos vis
muda teu coração
se direcione
para mim

nada de solidão
finja se a dor chegar
corra até a paz
se encontre lá
com meu porvir

cheio pra esvaziar
ter o que ter pra dar
manda o teu coração
ir rumo ao céu
em direção

para o dia nascer
esperança brotar
botão se abrir em flor
e o amor chegar
chegar o amor

senão o amor

queira o mar
se te faltar deserto
a carestia
antes da tempestade
muita poeira
se o vento é oportuno
nada é de graça
senão o amor

vício de ser

abraça o amor
tarde se cumpra
encontre a paz
em teus sabores
amadureça ao som da vida
canção de sal e açúcar
de chão, de céu
pela rua
escondia os passos
os sonhos
dividia a sorte
com o medo da morte
que deixei pelo caminho
ficaram umas medidas esquisitas
de amor
que eu abracei
mesmo sem medir
muito ou pouco
mereci tua luz
no breu do meu silêncio
alegria demais
e arrependimentos
solidão de ser um só
redundância de sentimentos
vício de ser
questão de existir

na cabeça e o coração

quem sabe
ele só quis
ser feliz
ao teu lado....

e não tem jeito

levo impresso
na testa
a solidão

nas mãos
o vazio

nos pés
o chão frio

na cabeça
o coração

a dor e o sorriso

o seu jeito
simples
de se dar
quando
lhe convém
se entregar
nada mais
será
o que passou
onde mora
deus
vou habitar
seja
meu querido
meu amor
serei
teu castigo
teu senhor
na medida
exata
da ilusão
a dor
e o sorriso
dão as mãos

cúmplice da dor

eu tenho mais a dar
que recolher
o sol virá de onde
não se viu
os mares e desertos
se encontrar
as nuvens e a chuva
se atrever
te quero aqui
antes da luz partir
acho que o tempo
vai me compreender
o que nem mesmo deus
vai dominar
solto as amarras
cumpro meu papel
não quero mais
ser cúmplice da dor

brasília

tem um mundo
dentro da cabeça
fora do concreto
feito de esquinas
imaginárias
teu chão
desenho de artista
brasília
de longe me perco
sob teu céu
telhado de cerrado
mente de amianto
paredes que viram abismo
olhares quentes
que esfriam meu riso
me escondo
em tua curta história
soltam
e prendem
meus desejos
nem tão ocultos
sequer raros
sou um pedaço de pão
um trecho de imagem
a abraçar tuas asas
fronteira entre o trigo
e o joio
barreira de asfalto
a circundar teu projeto
te amo e não te entendo
capital dos sonhos
de um tempo
de uma luz
de brilho torto
curva e reta
preso e solto

a lua

a lua
só olhou
de lá
sorria

estrelas
resistiam
a escuridão

a noite
é saudade
é menina

é luz
que ilumina
a solidão

dose letal de vontade

e se revezavam as bocas
no mesmo copo

nada pode ser demais
se tudo, às mãos, pertence

os jeitos se misturam,
se convencem

um falta
cabe
o outro

novamente se escapam

paralelos
seus desejos
cruzam a pele

beba da vida que se acaba
numa dose letal de vontade

teu último

para
de me amar
só um pouquinho
mereço
bem mais que um pedaço
queira-me
totalmente
todinho
deixa eu ser teu último
do maço

a se mostrar

acho que te amo
nunca acerto o sentimento
sou humano
que pensa além
da medida
na proporção
da poesia

não vou exagerar
só pra não perder o tom
o tempo não me pertence
sou mais frágil que a tua
devoção
meus limites me ensinam
a desistir

caso você me amar
não se entregue por inteiro
seja o segundo
não o primeiro
a se mostrar

minha urgência

a opinião
nunca deixa de ser
um pensamento

a vida
te convida
a escolher

e qual instante
melhor te merece

será só um momento
de opressão

e uma desilusão
a liberdade

que se acaba
quando acaba
o pão

ou mentiras
lá no fundo
são verdades

me dê a tua mão
te dou meu corpo
que juntos somos mais
do que pensamos

nunca desapontar
a esperança
desordenar
a dança

e dominar
o espaço
o tempo
a ordem

meu coração
é feito de
titânio

minha vontade
é um tanque
blindado

ser forte
independe
do combate

fraquezas
organizam
minha urgência

coração sem dono

fome de coragem
sede de abandono
sentimento raso
sexo metódico
alma sem comando
ventre cristalino
cabeça de ouro
desejo de pedra
corpo sem destino
coração sem dono

te espero

dar o que não tenho
apostar no amanhã
deixar de ser até
chegar tarde demais

existirá amor
será só dimensão
que aproxima a vida
do pão

criado pelo homem
inspiração

eu não sou feliz
te amo

por não me querer
te quero

eu não sei viver
te espero

protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...