31 de mar. de 2015

solstício

não floresceu
a
rosa
que
o
som
desmoronou
na madrugada

obrigado
por
me
deixar

que o cheiro
é
outro

as
mãos
também
são outras
máquinas
a rever
a moral
do homem
mau

solstício
está
chegando
vou provar
cada gota do oceano
acender as estrelas
uma
a
uma
saber
de
cabeça
qual
a graça
de chegar
sem
nem
ter
partido

não,
eu só quero
mesmo
é
ser feliz

o
que
me
trai
são os meu filhos
abandonados
à própria
sorte
sem
amor

capaz de amar

se é capaz de amar
também
entende
o sofrimento
e reconhece
de longe
a culpa
e
o
calor
do perdão

28 de mar. de 2015

cheiro mortal

quanto mais
leve
mais 
raro
fica
o teu gosto
e me
encanta
a tua nudez
escassa

você
colore
o meu
pensamento
vulgar
que
me
faltam
dedos
para
contar
todos
os
teus
segredos

tem
verdade 
perdida
no
íntimo
que
nos
conduz
volta e meia
ao fim

e nos cobrimos
de nova
era
e
nos
damos conta
do nosso 
cheiro
mortal



respostas

a
natureza
tem
todas as respostas

e o coração
de deus
é do tamanho
de um sonho

binário

um acidente
amar
sem
ser
amado

quem vai
remediar
em
mim
a culpa

que me atire
uma
pedra
qualquer
puta

é a sabedoria
dos otários

feito
um crime
que
ninguém
é
culpado

não
carece
aí 
uma
disputa

numa queda
de braço
falta
luta

você 
tão 
decimal
eu
tão
binário



pequeno oceano

meu
amor
é uma ilha
maior
que
o
azul
desse
pequeno
oceano

atrás do amor

traio
a solidão
com um poema
que me fale
de amor
ou qualquer pena
faço a festa
e um cigarro
entra
em
cena

uma música
desperta
o
coração

que a saudade passa longe
sou
bem mais
que eu sozinho

tem uns tantos
aqui dentro
atrás de um amor



no coração de deus

seja
o
que
no coração de deus
desfere
a
alma

dá sentido ao corpo
e
satisfaz
o
espírito

plenamente
meu
amor
encandece
de
juízo

que sou
eu sozinho
e a sombra
que me acompanha
desde
que
nasci

não me lembro
muito
bem desse
tempo

escolhi
ser o sonho

todo dia

todo
dia
quando
sinto
a
luz
do
sol
nem
parece
que
a
morte
vai
chegar

chega
a noite
vou
dormir
pra acordar

se
acordo
é
um
sinal
do existir

mas se não
o
que
me
resta
é
sonhar

deixar cair

do amor
não se indaga
se
espera
e o que se acomete
no corpo
será
razão do espírito?
e o meu coração
cheio
de
nada
terá por você
algum
amor
?
o que vem do alto
cai no chão
e não tem jeito
vai
quebrar
se
romper

assim que se faz
a transformação

é deixar
cair

bala perdida

sou
uma bala perdida
a pedir perdão
por te matar

e nada me fará
parar de cantar
ou maldizer
o meu
desengano

quero ser feliz
igual
um santo

que sorri
mesmo na loucura
de sofrer

a dor
de sentir
o desespero

o calor
do abraço

a satisfação do gesto

a vontade
e
gana

desprezo
e
digestão
de
cada
ação
ou
pensamento
que
te
leve
a respirar
a
sentir

do tamanho dos meus sonhos

te amo
que passou do ponto

cada passo
leva um ano
tenho um coração
do tamanho
dos meus sonhos

tenho mesmo que acreditar
pra não desistir

ah,
já pensou que
neste exato momento
você
pode
estar
triste
igual a mim

é um sonho mesmo
que eu não posso assumir
outra ideia
que me detenha

sou teu meu amor,
até o tempo
que te preencha
a alma

um pedaço de todo mundo

quem sou
eu
um
pedaço
de
todo
mundo

sou um trecho de saudade
a evolução
do coração

a bebida
inebriante

a droga
que acalma

o sexo
que incomoda

a razão
sem intuito

o jovem
desmotivado

ansiedade
que não passa

admiração
que se esconde

música
que embala o sono

rastro
de solidão

absurdo
de
vontade

mescla
de
esperança
com
medo
da
morte

sou assim
teu

de qualquer um que me aceite
como prêmio

puro prazer
e puro engano

deixa de sentir
em doses incertas

hora de tomar
o remédio

noite clara
a imensidão

mais um cigarro
a distinguir
minha fala

confundir
meu tesão
beber
toda água

me
deixar
seco de desejo
cheio
de mim mesmo
explosão
de
sentimento
a
se
calar
fechar o coração
e
abrir
a
cabeça

23 de mar. de 2015

encontrem-se as mãos

eu
vou
ser teu
o tempo
que te pareça
total

inteiro
às metades
incomum
num corpo cético
alma de rei

desesperadamente
a solidão
devolve para os últimos
a vez

sou
teu
de um jeito
ou outro
o
gosto
do
teu
gosto

e tenho a fé
em crer no teu perdão
desato-me
do laço 
união

que me feria
outrora
s'embora
que demora
o amor chegar

premonição
que nada
caminhos
são
estradas
eu vou
enquanto outros
vão voltar


nas luzes
do universo
na letra
do meu verso

a mesma natureza vão seguir

não dá pra ser
tão simples
ser triste
por
ser
triste

acabe tudo
volte

sorrir

a cinza

foi
chama
a
reinar

as pedras
fazem o fogo
aparecer

amargue-se
de açúcar
se culpe
por ter
culpa

mas não se engane
ou traia
o coração

e novamente
encontrem-se
as mãos

22 de mar. de 2015

verdade tua

saibam
que
o instante
um dia
acaba

não dá
mais
para ficar se enganando

abra espaço
que essa noite
só tinha
uma estrela
mirando a lua

sou o teu abismo
aos poucos 
se abrir
a flor

antes
o espinho
protegendo
o botão

não meça caminhos
siga a 
intuição

verdade
tua
teu
coração


desigual

não adianta
somos
muito
mais
do
que
pensamos


a luta
entre
o
gozo
e
a
dor
é
desigual

saudades

somos
uma legião de vontades
querendo fazer alguma coisa

e
hoje
o
meu respiro
tem saudades
do teu cheiro


momento único

a vida
deixa
de ser
um 
peso
quando

clareza
no pensar
e leveza
no sentir

entender
a
morte
é
decifrar
o
sofrimento
e o
sentido
do
sorriso

é respeitar o próprio desejo
e encontrar
a paz
perdida nos sonhos

amor 
motriz
da vida
autor
desse instante
momento
único

tem que ceder

tem que ceder 
tem que ceder
tem que ceder ê ê ê ê ê
tem que ceder

para amar
para sofrer
se levantar
e agradecer

pra ser melhor
pra entender
e o pior ó ó ó ó ó
para vencer

abdicar
obedecer
reivindicar
e conceder

empobrecer
pra se enricar
uns vão comer ê ê ê ê ê
outros chorar

para se dar
se merecer
se encontrar
se conhecer

o mal e o bem
para pensar
acreditar á á á á á
ir mais além



lavagem cerebral

nem
 uma
lavagem
cerebral
faz
esquecer
de
tudo
aquilo
que
tornou
você
o
que
você
é

(...)

impossível
 esquecer
 que
 te 
amo

a fé

a fé
não é um privilégio
de
uma
instituição

não
é chancela
nem
carimbo

a fé
é a nossa
intuição
se
expandindo 
dissipando-se
em busca de sentido

na semente
ou
no fruto

sobriedade
ou
no surto

no silêncio
no barulho

humildade
ou
orgulho

vai saber onde
se
mete

criminoso
ou
mocinho

és
da água
ou
do vinho

vai saber
o que se passa

na cabeça
desse crente
tem o céu
o mar
a gente

tudo pode
acontecer

no prato

o
que
vem
de
fora

tempera
o
meu 
gosto

a primeira
a libertar-se
foi a consciência
via
o
que nem um cego
consegue enxergar
na sua
 imaginação
ilimitada

sabe
de
mim
exatamente

que
de
mim
ficou no prato



a intenção da saudade

alma
em forma de corpo
luto
em forma de vela

sensação
de perda
é a intenção da saudade

vou comprar
um maço de alegria
e temperar
você

que amanhã
é um novo dia
para os vivos
e
para os mortos


rainha mãe

a nossa
rainha
mãe
do
que
redime

que deus
é
pai

seu
filho
é
um
homem

sou teu
ó minha
criadora
matriz

seu manto
azul
é o feto
alimentado
de
amor

cordão
na
mesma
cor
do
sol

viés
a me guiar
é o vento
a soprar
aqui

calor
colo
colar
de luz

assume
a nossa dor

desata
o coração
conduz
e
ata
os pés
do traidor




reflexão

somos
ingênuos
ao
nos
permitirmos
pensar

medo
em descobrir
prazer
ou a maldade

surto
em se ver
a sós
consigo
no
espelho
que enfim
se quebrou

agora só tem você pra decidir
que a vida já lhe deu
muito argumento
(...)

que
não
existe
amor
sem
reflexão

o louco

vou concertar
o louco

deixando-o
ainda
menos
diferente
e
mais
parecido
com
você

experimente-se

como
manter o que
o tempo levou
faz tempo

ele muda
a gente
também

era amor
agora só
ficou a poesia

é isso mesmo
que a vida
é a arte
mais incerta
que
tem

vou superar
o próprio
instinto

e vou ter
que
me
destrancar
abrir
o músculo
tocar
o
sangue
quente

poder
ver
cada pedaço
de tecido

observar
com
cura
os caminhos
de
cada
veia
e
artéria

sentir
com
verdade
a
intenção
primeira

desafie-se
rompa
as vaidades
mais
vis

e assuma
teus
próprios
desejos

experimente-se

21 de mar. de 2015

limiar

no limiar
da saudade
mora
deus
e
na soleira
dos meus ais
a
solidão

ingênuos

somos
ingênuos
ao
nos
permitirmos
pensar


medo
em descobrir
prazer
ou a maldade

surto
em se ver
a sós
consigo
no
espelho
que enfim
se quebrou

agora só tem você pra decidir
que a vida já lhe deu
muito argumento

que
não
existe
amor
sem
reflexão

o louco

vou concertar
o louco

deixando-o
ainda
menos
diferente
e
mais
parecido
com
você

sonhar

todo
dia
quando
sinto
a
luz
do
sol
nem
parece
que
a
morte
vai
chegar

chega
a noite
vou
dormir
pra acordar

se
acordo
é
um
sinal
do existir

mas se não
o
que
me
resta
é
sonhar


passarinho

derradeira
primavera
nunca
mais
vou
ver
a
flor

fecham-se
todas
janelas
o dia
perdeu
a
cor

e agora eu quero
é virar
um passarinho
daqueles que
atravessam o mundo
vencendo a dor

minha cabeça
não sabe
o que é carinho
vamos voar
até
encontrar
o amor

sou
apenas
passarinho

pelo
mar
sobre-
voou

procurando
coisas
e
surpresas
retirando
para
por


vira arte

cada
impressão
do meu
pensamento
é
só 
um
trecho
da 
realidade

estou
aqui
a
todo
momento
a
minha
casa
é
a
minha
cidade

iiii
iiii
iiii

iiii
iiii
iiii

vamos
sair
de
cima
do
tempo
dar
a volta
por 
cima
da verdade

amar
não
vale
a pena
se ciumento
o
coração
ficar
pelas
metades

o mar
e
a
pedra
brigam
o argumento
o
que se move
ganha
do
parado

rompe
o
peito
e
muito mais
adentro

que
não
tinha
forma
vira
arte

iiii
iiii
iiii

iiii
iiii
iiii







argumento

essa mania
de não me calar
me causa
um mal estar
no argumento
que se distrai
no fato
reconstrói
a opinião
perdida
na verdade
da ideia
contingente
onde tudo
posso
alcanço
a média
do debate
me reprovo
pra saber
desafio
e cometo
a justiça
de pensar
em detrimento
da fraqueza
de sentir

roto

companheiro
e
comparsa

que
me equivoquei
o
que eu
sou
quando o perigo
ronda
roto
por
aqui

liquidificador

acreditar
é
um
ato
racional
puramente
humano
que independe
do caráter
índole
necessidade
crença
descrença
a bondade
ou a maldade

é um liquidificador
cujo o motor
é o pensamento

da água ao vinho

se quiser
venha
me
amar
que
eu
estou
à toa

e não sei
de nada
não

tua mão
na minha
boca
a
me
calar

os meus
ouvidos
teus
lamentos
suportar

me entregar
nem
seja
aos poucos

que a pele
é o que
atrai
o
corpo

não
a nudez
de uma dádiva
qualquer

nem a espera
pelo
amor
sem condição

ou os caminhos
que não
levam
a algum
lugar

tenho
o
prazer
de
me
expressar
ao
teu
dispor

mesmo
que o chão
não
seja
o
mesmo
pra
pisar

me dê
a mão
vamos
partir

desativar
nosso
sistema
cultural
deixar
de
cena
e
assumir
o animal
que
embora
pensa
é
desatino
feito
o
milagre
da água
ao
vinho





o direito de sonhar

o direito
de
sonhar
é deixar
o pensamento
ir
por

que não tem
ninguém
para me segurar

nem ao menos
um amor
vai
me
impedir

de pensar
refletir
de chorar
de sorrir


o querer de deus

quando a ofensa
supera a desculpa
um sentimento
vil
dentro do peito
floresce
pelos campos
por aí

a desatar meus símbolos

te amo
mas não quero te sentir
de que me vale
a fé
sem liberdade

o bem e o mal
são só
pontos
de
vista

de onde
você parte

da dor
ou da ferida
?

me come com palavras

me
vomita

o acaso
do
ocaso

a mão
do
leviano

no chão
eu
passo
o
pano

passo 
o
pano

que o querer de deus
está
em
tuas
mãos









16 de mar. de 2015

chuva

resignado
coração
que
desaprendeu
o que é
amar

euforia
se foi
com o vento

numa chuva
que caiu
por toda a noite
e se acabou
na manhãzinha

ecoa
dentro do corpo
emoções
que ninguém
mais
escuta

euforia
se foi 
com o vento

me deixou
sozinho
com os meus
sabores

com as minhas
verdades


sua música

a lama escorre
pelos dedos
mas deixa
as mãos
sujas

não
esqueço
tão rápido
a dor

não me suporto mais

a liberdade
mantém
preso
o meu pensamento
em você

é o amor que não
cabe
aqui
dentro
de
mim

sou só uma ilusão
coberta
de carne
imersa
na ideia
de
poder

só que o querer
me suplanta
é a
razão
do
respiro

feito uma canção
que não entendo
a letra
e
me conduz
sua música



ganhar ou perder

e quando
o fim
não se acaba
é a fé

me acabo
sozinho
pra te
confundir

que fico
murmurando
a você
minha dor
desejando
amar
sem
amor
resistindo
a mim mesmo
para te merecer

é tudo uma perda
de tempo
o mundo
muitas
voltas já deu

não vale
a pena
sofrer
por
sofrer

lá dentro
ainda mora
a criança
resiste
à verdade
ao sofrer
se ilude
se arrisca
no jogo
pra
ganhar
não
perder

melhor ou triste

o mal
é quando
humanos
nem mais
nem menos
humanos
se tornam

feito a indiferença
tênue
da mãe que dá
a própria vida
por um filho

que nem precisa
ser humano
pra isso

esse é o amor
maior
que me diminui
quando sou desonesto
com os sentimentos
alheios

é que também sou
com os meus

e
vivo a confusão
dos meus desejos
que não sabem obedecer

o céu é logo ali
no forro branco
que me protege do telhado
da faca amolada
que me tange
a ser eu mesmo

não que eu queira
é que nem sei ao certo o que quero

vou descansar
amigos
dormir um pouquinho

que é pra sonhar contigo
ó meu amor

e nem o tempo vai
me deixar melhor
ou triste

doce azul

doce
azul
que me compete
a situação

quero
teu amor
senhor da guerra
deus
me

o que só me sustenta
falta
um bocado de tristeza
a canção despede-se
da lua
vai reinar
amiga noutros campos
desdenhar
da vida
que se esvai
no vazio
cru
do pó
tão frágil

noutra visão

vou
afugentar o não
restituir
o pão
a paz
você

não
permita
a dor chegar
sem nada pra
contar
falar
dizer

e
se o riso
vier
na justa
condição
do
coração

sim
sentido
vai fazer
o dia
vai nascer
noutra
visão

primeira hora

minha pele
em teu suor
americano
sou o teu
meio
paralisado
entre o desejo
e a vontade

me consome
a tua falta

me consuma
na primeira hora

para o fim

o
homem
teme
a
verdade
e
se
esconde

o
medo
da
morte
criou
uma
parafernália
de
caminhos
e
estruturas

de
ses
tru
tu
re
-
se

e

seja
leve

pois
caminhamos
breve
para
o
fim

insistência

o ser
resiste
na insistência
do respiro
existe

somos mais
que nós
mesmos

que nos é
tolida
a melhor parte
e mostrada
a menos
tediosa

é que o mar
invadiu a praia
o teu amor
a imensidão

rompeu o horizonte
da ideia
rumo
às incertezas
do coração

se ele for

não se questione
se ele for

outrora
foi bem vindo
sem querer

aos poucos
se abrindo
por ceder

até o coração
ao seu dispor
só queria
você

o sonho
não combina
com a dor

não fosse
a malícia
e o rancor

aos poucos
tudo
desapareceu

levaste-
me
o
amor

igual o nada

que motivos
me dão
a saudade
se
derrotados
encontramos
a morte

a dor
é um prazer
compulsivo
da alma
num corpo
incerto
lascivo
que
vem
a
solidão
e
me
leva até você

não adianta
dormir
para esquecer

nem
beber
vai aliviar
a dor

tampouco
sofrer
vai te salvar
de algum
amor

tudo
no
final
é igual
o
nada

um homem que pensa

não
tem
como esconder
o prazer
do
corpo
querendo
confundi-lo
com o medo
ou o
amor

cada coisa no lugar
que se escolher
que nada
é irremediável
para um homem
que pensa

chão aberto

relaciono
poder
com
imaginário
e me
perco
em
milhares
de
perguntas
reacendo
a
fagulha
da
saudade
iludo
a solidão
da noite
escura

de manhã
o trabalho

em cena
o parto
que

sabe
querer
o fim
do dia

mas eu
não abro
mão
do que
me
prende
e mantenho
fechado
o
chão
aberto

choro

choro
pra demonstrar
minha fraqueza
e
indeterminar
o
teu
juízo

sob medida

e
vou produzindo amor
e
consumindo
desespero

a boca
sentencia
o riso
e
tuas mãos
não se achegam
mais
em meu
regaço

não desisto
de você
enquanto
o sol
aquece
o dia

me depõem
as palavras
e sentimentos
que
afasto-me
de mim
enquanto
é tempo

desisto
de sentir
por uns momentos
e reintegro
a missão
do meu respiro

te quero
aqui
te quero
bem

saiba se dar
com precisão
sob medida

demasiado humano

patrocino
a dor alheia
causo
a lágrima
vindoura
cuspo
no
dom
que a
terra
me deu


sou
aliás
o que
te
fere
não
o que
acalenta

que venha a cura
de minhas mãos
sedentas de sangue
que o perdão
só se cria
depois da vingança

e não há
como esconder
o juízo
do outro

pois o que vem
vai

está a caminho
de mim
ou de qualquer
um

eis a descendência
do pecado
que deus
criou
dentro
da tua
cabeça

ó deus
demasiado
humano

o que move o coração

tenho
que
me
redimir
pra
te
merecer
e
reconhecer
em
mim
o
que
talvez
nem
sou

já que
eu não posso ser um anjo
quem

de deixar
de ser eu mesmo
senão o que vos fala em desespero
?

o sentimento
cria
a relação

o desapego
transforma
a natureza
do entendimento

o engajamento
reproduz
a progressão
do gesto

e tem como
se deixar
levar

que o medo
esconde
o homem
nas sombras

lá o sexo
é nocivo
e benfazejo

a doença
é a busca
da ilusão

a verdade
é a incerteza
do limite

a vaidade
é o que
move
o coração

cansaço divino

vivo
o cansaço
divino
enquanto
dissimulamo
a cegueira
inútil
de amar
a tristeza
certa
de existir
um acaso
improvável
respirar
humanizado
pela
crença
nos sistemas
desenterrado
do cemitério
da certeza
acalentado
pelo abandono
da consciência
enviesado
na urgência
do sentimento
desobrigado
mas
carente
por
você

acaso pelo ocaso

dessa vez
cada palavra
ousou
mentir
gerou
desgraça
na deselegância
de um insulto

você
foi embora
e levou
toda e qualquer
pena

sentimento
inverteu-se
feito
onda

que a lua
mira
a
terra
girando feito um pião
e a dor
não é exclusiva
de humanos

sou
teu andor
tua
esperança

mas só dá pra carregar
o que me traz
utilidade

é o prazer
de amar
que nos leva
a fazer
algum laço

total
e intrínseco

e relativizo
o eterno
em
mim

pra não bancar
o cético
ou
o
crente

a dúvida
cria
a vontade

a razão
instrumentaliza
a dor

a esperança

no sentimento

a adesão
da fé
só pode
ser um gesto
livre

senão
é comer
a grama
pelo grama

e decidir
o acaso
pelo
ocaso

algum lugar

não
me
leve a mal

o sentimento
que é cru
e se esvazia
pra repor
de sonho
a solidão

a sabedoria
ganha um tom
acinzentado

a morte
cria
em mim
uns gestos híbridos
que me
prendem
até
que
chegue
a
ruptura

o
meu amor
é irracional
na estrutura
porque
sou
um
projeto
divino
de
homem

agora vou correr
até te alcançar

eu vou me destruir
para me recompor

tem não
um jeito rude
de achar

que a fé
é quem me move

a fé
é o que me leva
a algum lugar

teu gosto

quero
cuspir
o
teu
gosto

fugir
do
teu
corpo

meu bem

deixa
eu
cortar
o teu
laço

abrir
o
abraço

me satisfazer
de você

eu
que
não
valho
um
do
maço

me
dou
em
pedaços
de
mim


por
favor
me esqueça

não

quem
mereça
a dor

não
sou
eu
mais
teu
escravo
senhor
motivado
ao
prazer

sinta
o amor
com
cuidado
que
ele

é
amado
talvez

vingança

não

perdão
sem
vingança

nem

chacina
sem
a dor

mesmo que o mal
eu não mereça
pertenço
ao mesmo
círculo
de ar

cabeça cheia
ombros
cansados

toda
saudade
vem
de
alguma memória

é o pensamento
que me faz chorar

e não a dor

é esse instante
que me faz sorrir
não
amanhã

objeto de prazer

que
seja agora
mas se não der
pode ficar pra depois

é que eu fico
te olhando
e não me canso
de te ver

repetitivo
objeto
de
prazer

nas minhas mãos
o teu poder

a solidão
tem a cor da noite

que o sentimento a gente cria
e o preço
a gente paga

o fim da noite
é a luz do dia

é que eu fico
te olhando
e não me canso
de te ver

repetitivo
objeto
de
prazer

o ser

o
ser
não
existe

a dor
não
coopera

o sonho
é
incompleto

a morte
engana
a vida

ilusão

somos

uma
ilha
vivendo
noutra

um
barco
no mar
dos sonhos
de alguém

a esperança
que
nos
vem
da fé

uma ilusão
que
às vezes
traz
felicidade

iguais

deus
é a minha paixão
sem fim

tem a natureza
da amplidão

sua ideia
mora
no
meu
pensamento
seu
desejo
no meu
coração

matam-me
por ele

ama
o cativo

destrói
na batalha
acorrenta
esmaga
seus
adversários

leva a
paz em uma de suas mãos
na outra
o abandono

que a cabeça
se inquieta
e se endireita

quem é livre
sabe
a força
da sua própria cor

ora
escravos
éramos
iguais

certeza do vento

recriar
um novo homem
livre
do medo
e do sentimento
amargo
de um abandono
incomum

que o faz ir
lá fora
pra enxergar
aqui dentro

e a vaidade
vai tomar seu lugar
bem a direita
de deus

a solidão
vai me
deixar
sozinho
e vou poder
ir
por onde
eu quero

invento
asas
pra voar
na certeza
que o vento
me dá

só causa dor

sinto-me
teu
e
estou preso
na armadilha
de um sentimento
ilhado

toda ação
toda palavra
se esvaziam
sem você
aqui

não posso
ser um só
sem teu
abraço
uma ponta
só do laço
que
desamarrou

eu quero
ter de novo
o mesmo
espaço
e fumar
do mesmo
maço
as mazelas
desse
nosso
amor

é pouco
e afinal
tudo se acaba
o teu gosto
vem
e
amarga
a doçura
que

causa
dor

deus em forma de arte

se era amor
ou poesia
me perdi
na feitura
do verso

e toda a fantasia
de viver
encontrou-se
consigo
no abismo
da palavra

e o poder
se redimiu

humilde
foi pedir a deus
autorização
para mandar
que não teve
coração que resistisse

se era amor
ou poesia
só sei
de uma coisa:

era deus
em forma
de arte

vários de mim

não sou eu
é um dos vários
desafiando
um dos tantos
de mim

anjos solitários
e demônios unidos
na incerteza
de amar
ou ser
amado

numa música
interna
sinto
lá fora
a beleza
e a dissimulação
de espíritos
tortos
incertos
igual o
meu
amor

e nos
fazemos
mais
incompletos
ainda

quando
na verdade
nos buscamos
o tempo inteiro
no alheio
para nos acharmos
mais perfeitos
e
menos arrogantes
com a própria história

e a fome
desestrutura
o corpo
para dizer
que eu não preciso
mais
de você
nem da solidão

aqui dentro
não há liberdade
pra todo mundo
se um de mim
te escolhe
um outro
te rejeita

objeto

anjos prisioneiros
da sorte
lhes imposta

traíram a confiança
da ideia
venderam-se
aos demônios
entregando-lhes
suas asas

a música
cedeu
ao abandono

o choque
abalou as estruturas
de
deus

que o homem
tornou-se
alvo
das intempéries
do espaço
e
do
tempo

agora refém
do próprio
medo
de
amar

e não adianta
suplantar
o sonho
sem medir
a consequência
da escolha

nada
é maior
que um sorriso
por menor que
pareça

e a doença
tem que seguir seu curso
rumo ao absurdo
da cura
que não liberta da morte
o sujeito
mas
o seu objeto

quando você vem aqui

toda paixão
e toda mágoa
dizem mais
do que ousa
a minha
razão

que me falta
ação
falta
a
palavra
quando
você
vem
aqui

são águas
que vêm
e não querem
mais
voltar

teus olhos

novamente
um cigarro
carros rompem o silêncio
da noite

teus olhos emendam meus sonhos
e dentro de mim
não vejo nada

sob ti

debruçados
homem
sobre
homem


na dor
repartida

de
lábios
engajados
na tênue
esperança
do beijo

o cérebro
não obedece
a intenção
do toque

mutilo
a vaidade
pra ganhar mais tempo
sob
ti

4 de mar. de 2015

orixás

durma
na
paz
de oxalá

que os bons
ventos
de yá yá
te 
acompanhe

seja
forte
e
vencedor

que nas
escolhas
xangô
traga
a
justiça

toda
doença
e
dor
cura
meu
pai
atotô
me 
faça
humilde


guerras
o sangue
é
a
cor
ogum
fará
vencer


tenha nas
mãos
o
amor
da minha
mãe
oxum



respostas

talvez
eu volte
pra
encontrar
todas
as
respostas

quem
inventou

nunca
não
sabe
o
que
é
amar


ser feliz

tá tudo errado

sentimento
tá trocado


opinião
virou
verdade


teu poder
meu alimento
a
tua droga
meu sustento

é que
urgentemente
o amor
quer
ser
amado

os seu heróis
ficaram
todos
no 
passado

eu quero
tudo
e
tudo
novo

vou decidir
o que me causa
alegria

fatalidade
é
não viver
a fantasia
eu
quero
mais
é
ser
feliz




pirata

mercenário
sou o caçador
de um tesouro
em tuas praias
hoje
à deriva
nesse mar de felicidade

que não 
me
causa
nenhum espanto
que
a minha alegria
te faça triste

a minha
cruz
teu
desespero

o meu amor
não
está
aqui

neste momento

a solidão
é a mãe do
pensamento

tenho saudade
do que me dá
algum prazer
sentir

senão 
vou me despir
da fantasia de pirata
e em assalto
minha
nudez









protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...