num tempo onde as tragédias são celebradas
alguns tantos te querem triste, derrotado
levante,
sorria para o espelho, para a vida
o teu sorriso será o teu protesto....
num tempo onde as tragédias são celebradas
alguns tantos te querem triste, derrotado
levante,
sorria para o espelho, para a vida
o teu sorriso será o teu protesto....
Parti. Dos olhares comuns
julgando o meu corte de cabelo. Parti.
Não imaginava que o
envolvimento com as drogas fosse um envolvimento com pessoas. Polícia e poder
de polícia por todos os lados e, num dos lados, eu. Escondido.
Só dava pra levar aquilo a
sério na brincadeira.
Eles eram um caderno brochura,
eu um espiral. Dobrei a página lentamente e quando dei por mim, corria por uns
duzentos metros distante daquela cena.
- tem horas?
- oito e meia – respondeu-me
sem muita pressa um senhor negro de chapéu. Eu (risos) quase correndo.
Todos me olhavam. Eu não os
via; a moça da padaria, os carros que iam e vinham; o garoto da bicicleta e,
mais abrupto, o seu comparsa na garupa de bermuda verde e sem camisa; quero um
cigarro, e na pressa de atravessar a rua em direção ao bar do lado, acabo,
distraído, seguindo reto. Culpa, Medo, Raiva; esforço para mudar, colocar o
passado no seu lugar; imperfeição; mostrar ao outro um novo controle – uma
novidade diferente.
Assim como as pessoas, nem eu
queria despedida ou abraços. Não os via. Tampouco os ouvia. Culpa, Medo,
Raiva... já não sentia. Só me olhavam julgando o nada de mais ou de menos do
suor escorrendo pelo meu corpo.
Por um, dois quilômetros, “culpa
medo raiva” aparecia próximo ao letreiro da casa de materiais de construção.
Hum, tô chegando próximo ao posto de gasolina.
- desculpa, tem jeito aí num
copo d’água?
- tem um bebedouro logo ali do
lado do banheiro dos clientes.
- obrigado!
- nada!
Ah, como é bom dizer obrigado!
ela era uma garota tão bonita! Até pareceu a única pessoa que não reparou nada
demais em mim. Eu, porém, mirei em seus olhos sem querer ser desagradável. Como
foi boa aquela água... gelada, esfriou a mente inquieta, temerosa.
Ganhei fôlego. Já eram dez da
noite. Comigo, “culpa medo raiva” ressurgia no horizonte. A essa altura poucos
olhares partiam-me em sete ou nove pedaços.
pá pá pá pá pá! pá pá pá pá
pá!; e, de repente, uma luz se acendeu na garagem. Era ela. Ficou olhando, me
analisando dos pés ao meu corte de cabelo. Não me abraçou e nada me disse. Só
me olhou. Eu, eu... não a vi.
“ah,
como é bom dizer obrigado!”
num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...