23 de jan. de 2012

A CASA

Meu coração tá de mudança
Para uma casa singular
E da janela vejo a lua
Solta no ar
Ninguém vai passear do lado
Só se tiver a permissão
A confiança humilhada
Fica no chão
O pavimento é bem gelado
E as paredes estão à espreita
De um vacilo inesperado
Ninguém aceita
E no telhado está escondido
Minha visão fica velando
Possa diante do inimigo
Me defender
Lá nessa casa eu vou morar
No quarto escuro consumar
Enquanto vou me distraindo
Pra não chorar
Ninguém quer ser o fiador
Umas mazelas fazem fila
Já entreguei a casa antiga
Ao seu senhor
O aluguel está em dia
Não há quem venha reclamar
Deixo as paredes bem pintadas
Só fica a dor
Essa eu não quero aliada
Ao meu desejo ou preferência
Eis uma nova tentativa
Poder amar
Aumenta a popularidade
Daquele que vem governando
E há quem não ache banal
Ter próprio o teto
Algumas vezes eu me pego
Sonhando em me prontificar
Anfitrião das alegrias
E te poupar
Os meus vizinhos insinuam
A minha droga e a conduta
Quero uma casa que não haja
Remorso ou culpa
Politicamente correto
Eu vou fazendo minha parte
E não me intimida mais
Ser pouco esperto
A minha sala está fadada
Absorver o bem alheio
Mas vou deixando já bem claro
O meu espelho
Lá no quintal tem uma varanda
Que leva ao canteiro do meio
Algumas plantas me são raras
Outras têm cheiro
Lá na garagem tem espaço
Suficiente pra entender
Vou escolhendo quem me cabe
E rompo o laço
Não vou passar o endereço
Isso já é um embaraço
A quem deseja meu desejo
Eu fecho os braços
Não que eu me tenha confundido
A minha vida é uma casa
Reconstruída em meio a cinzas
Os seus pedaços

2 comentários:

protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...