6 de mar. de 2012

Sinais

As sementes foram jogadas
O véu negro revestia a pálida face
A canção triste devolvia ao homem seus pecados
E o vento frio alvejava o peito descoberto

As crianças não mais se embalam nas velhas modinhas de ninar
E nem o gosto ambíguo do ósculo convencera minha alma tão fraca de ânsias
Hoje a pele que escondo no escuro, me transmite mais do que poderia dizer

Mais um santo que pede por ti
Mais uma fonte que jorra de águas tão limpas
O meu espírito já não está contrito
E na nuca uma bala atravessa certeira
E designa uma alma confusa

Não comungar mais das mesmas opiniões
Não comerei mais do pão sem fermento
Será que a fome é a causa do óbito
Daqueles que se alimentam do trigo?

Um funeral se estabelece em torno a mesa
As carpideiras já estão - lenços a postos!
Minha fração de fé é logo questionada
Pois o sermão tempera a vida do ouvinte

A cruz incendiara-se gloriosa
Pra definir o que ultraje eu confiava
E na maldade de um tiro ao céu ingrato
Foi como lança que desperdiçara o sangue

O uivo solitário entoa um canto
De sabores, lições e outras manias
O sol raia à pele dos bons e malvados
Qual seria o crime do roubo na falta?

Na esperança do sinal que se aproxima
E que as bocas se encontrem para o beijo
A plenitude nos terá um gosto santo?
Ou, de tão doce na garganta fica amargo!

Virá completo, esplendoroso, sem sequelas
Enquanto o fogo dispersara-se na treva
De lá ressurgirá numa veste transparente
Como um herói a cada síngulo desejo

Espero calmo o milagre oportuno
Que seja ele o sinal tão esperado
Pois tanto amor não caberia em si próprio
Transbordaria avidamente em meu socorro








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