28 de jan. de 2014

a razão

e o que fazer quando o controle foge pela porta da sala
a força do braço não alcança a chave
a mão se fecha
o peito se expande
se comprime
e o compasso do respiro começa a iludir
o pensamento deixa a face sem feição
e fica meio à parte, dividido o coração
não sabe da verdade, da mentira, a razão

pausa

pausa
causa
movimento
dor
criatura
desventura
momento
de crer
embaraço
despedaço
pavimento
chão
reavendo
reacendo
pensamento
céu
indagando
enganando
sentimento
ser

ao vento

diga ao vento que me leve
longe feito pensamento
breve em meu sossego
feito uma saudade
que hei de sentir...

elegante é
pelo seu sabor
tem seu modo de sentir
feito de canção
a me seduzir
antes da razão
seu jeito de traduzir
meus apelos vãos
vou além do mar
próximo do sol
reatar o laço,o anel
refazer o nó

dom

num tom de pele
cinza ou amarelo
se sobrepõe uma cicatriz
que até o coração mudou de cor
olhares vãos
desejos vis
não sabe ao certo a quem se entregar
nem mesmo poderá medir
o dom de alguém que um dia ousou amar

respiro

talvez eu fique um pouco menos
que o meu controle é passageiro

e o homem luta o tempo inteiro
não sabe ao certo o que sente
inventa um jeito de alegrar-se
uma maneira de ser triste
que a maior graça é o respiro
que me garante o pensamento
pois o momento não é eterno
parece pouco mas é tudo
e te conduz rumo aos limites
pra despedaçar qualquer barreira
lembra de um tempo, faz o feito

que a vida é
uma fantasia organizada
uma partida, uma chegada

uma canção

tinha só de ser uma ilusão
só de ser o meu amor
meu prazer
a cabeça e o coração
o botão nunca ser flor
um punhal a se esconder
dentro a carne da paixão
o teu mal causa-me dor
teu sorriso, meu sofrer
teu real, minha ilusão

tinha só de ser uma canção
pra fazer eu me lembrar

corpo místico

o homem poluiu a cabeça do súdito
e lhe desceu amargo dentro da garganta
a chave pro futuro ficou na memória
a porta da esperança abriu hoje mais cedo
que o mar de azul logo ficou vermelho
o dia acinzentou pra ofuscar o brilho
a sombra apareceu no meu deserto árido
o sino não tocou para acordar o sonho
meu pensamento nu se escondeu no quarto
fugiu pela janela atravessando a nuvem
voou por onde voam as ondas sem matéria
e distinguiu a dor do medo na cabeça
do céu via na cama o seu corpo místico

a felicidade

a felicidade me contou com distinção
que um dia a terra vai mudar
o sorriso vai ser o que tinge a realidade
pra dosar um pouco a diversão
sem querer chorar vai desatar a liberdade
da cabeça adentra o coração
deixa o sol entrar pela janela do teu quarto
e a chuva possa te lavar de tua culpa
se misture ao homem e a mulher
deixe-lhes repletos de si mesmo
Percam-se e novamente se encontrem

sem bater

manifesta
o teu brilho
a tua beleza
que o amor há de entrar por essa porta sem bater

faça festa
no seu coração
e desate as suas amarras

que o amor não é pra qualquer um

sem pressão

teu amor tem causado um desatino
que exalta e humilha a condição
teu sabor tem um gosto libertino
é um mel que adoça o coração
deixa o corpo sem rédea, sem destino
o teu toque instiga o meu tesão
de um jeito incomum e genuíno
sem demora, sem pressa, sem pressão
"um dia a saudade vai embora
e por onde for leva o meu coração"

a razão

e o que fazer quado o controle foge pela porta da sala?
a força do braço não alcança a chave
a mão se fecha
o peito se expande
se comprime
e o compasso do respiro me ilude
o pensamento deixa a face sem feição
e fico meio à parte, dividido o coração
não sabe da verdade, da mentira, a razão

além

ah, eu não queria sofrer
hoje penso diferente
tem dia
em que a noite não chega
meu amor se foi na escuridão
minha paz deixou ele partir
e eu
fiquei
além
da dor
eu não
chorei
nem quis falar demais pra não saber
resignei os passos da ilusão
abasteci-me de outra razão
de ser
além
do mar
do sol
do céu
de mim
de quem ousou um dia afrontar
o coração nem mesmo se entregou
fingir correr não dá pra iludir
o chão
os pés
e mesmo assim eu fui me enganar
já que a felicidade é ilusão
sorrir
chorar
correr
andar
dizer
sentir

do ser

"e voltando me disse
que o amor não existe
no ter
e querendo, resiste
o amor não desiste
do ser"

ultraje

a tua métrica não cabe em meu sistema
e nem o verso fica alheio aos teus ditames
vou libertar a mente desse pensamento
pois a saudade virou arrependimento
e o sentimento não recorre ao teu exame
bora sarar de vez a dor desses edemas
doença e cura são as cores do meu traje
o céu azul não é o mesmo acinzentado
o que mudou não foi a cor de tua conduta
nem o empenho colorido de tua luta
não há palavras, é melhor ficar calado
que remeter a voz à farsa e ao ultraje

18 de jan. de 2014

céu

pausa
causa
movimento
dor
criatura
desventura
momento
de crer
embaraço
despedaço
pavimento
chão
indagando
enganando
sentimento
ser
reavendo
reacendo
pensamento
céu

o presente é passado

é palavra inaudita
ilusão permanente
sensação desmedida
medo polivalente
é discreto, sensível
sincero e amoroso
também imprevisível
o sabor, o seu gosto
é verdade, mentira
tudo bem misturado
que a cabeça revira
o caminho desvia
o presente é passado


escolha compulsória de ser

somatiza
e divide com os filhos cada loucura
alimenta-os
e abstrai o que lhe prende
solta-se no imaginário do dia-a-dia
pra driblar o fim que se inicia
no respiro da alma
na feitura do laço
ação do gesto que vive
reinventa o amor
antes que se lhe acabe a vontade
quando a solidão finge nascer
alia-se à escolha compulsória de ser
e o que vem depois
não é nem a metade do sentimento
que o homem sequer decidiu sentir
o coração é só um meio
para desequilibrar a razão
quando essa já não sabe o rumo
a direção

15 de jan. de 2014

noite de luar

derradeira manhã 
a meus pés
tuas mãos
quem me quer
eu não quis
outra vez
solidão

faça chover minha sorte
sara a ferida, o corte
deixa o ar entrar 
nos acalentar

o amor se evadiu
foi se ver
na canção
sem querer
ele quis
iludir
a razão

felicidade eu quero
e ansioso espero
noite de luar
nos iluminar








neste altar

partir, andar, pular, saltar, correr
sorrir, chorar, cantar, gritar, dizer
o mundo descobrir com o amor sutil
olhar pro mar e contemplar do céu o anil 

sentir, amar, se alegrar, sofrer
pedir, rezar, orar e agradecer
que a vida não me deu o que eu tanto quis
será mesmo importante ao homem ser feliz?

abrir, fechar, deixar, pegar, prender
ouvir, falar, tocar, cheirar e ver
se o que tenho não me leva a algum lugar
o coração eu lhe ofereço neste altar






14 de jan. de 2014

bem maior

no embaraço dos cabelos
ficam as mãos desordenadas
nem mesmo a culpa será útil
deixa de mão teus disparates
maneira frágil de presença
queira por bem o que mereças
ou um coração pelas metades
não há um bem maior que ser
o que se quer melhor
fazer o que te vem, o que convém
ao teu suor
deixar pra lá a dor depois amar,
amar, amor

arte da palavra

arte da palavra
coração do gesto
lentamente ouço
fatalmente vejo
imaginação, um desregrado de paixão
livre, presa, solta, triste, alegre, solidão

de vento

cabeça de vidro
alma de fumaça
e o músculo do coração
é uma pedra de sabão

o peito é de asfalto
os pés de rua
mãos são de mato
os sonhos de lua

e o amor é de vento

outra face

melhor deixar vazio
feito silêncio a murmurar em pensamento
simbologia que me traga algum sentido
para melhor vivenciar a liberdade
e não tem jeito, quando o dor finge ser breve
o coração não sabe a quem considerar
busco de fora uma maneira de tratar-me
enquanto dentro, no interior, tramo a sorte
e medianeira a mãe escuta o meu apelo
o pai refaz os mesmos passos de outrora
quero que hoje se estabeleça o sempre
e que amanhã o nada tenha outra face

ditos de janeiro

"a vida é o maior segredo revelado
e o menor viés do tecido"

"cortina de espelho
janela de vidro"

"a terra e seus horizontes
deixam incertas certezas"

"mente quieta é mente morta"

"suba até onde teus pés te levem"

"a doença e a cura não são determinantes"

"a vontade em deus é o desejo no homem"

"abraços vivem sem solidão"

"a tua opinião é a tua certeza"

corrente

ter consciência é não ter medo
pensei que o amor lhe venceria
era disfarce, era segredo
quem acaso sorriu
também chorou
e não tem mais nem menos
quando a faca à mão desfere
pra defender algum bocado
de compaixão pela matéria
cortinas a postos
janelas abertas
vou respirar o mundo inteiro
até eu parecer pequeno
da estatura de minhas verdades
disponho de medidas incertas
que arbitrariamente me consomem
igual a sentimento que não cessa
a corrente que não quebra
mas não prende


8 de jan. de 2014

sombra da solidão

novamente um engano
ser feliz eu bem queria
te amar foi o meu plano
em teus braços eu me via

jeito de me enfeitiçar
me tratar e destratar
onda que pro mar levou
longe o meu coração
deixa eu te conquistar
junto a ti quero estar
ao meu lado só restou
a sombra da solidão







7 de jan. de 2014

amarelo

amarelo
para que se esconder do ar
de mim
da flor

eu não quero
assistir ao outro e descobrir
em mim
a dor

deixa perto
coração pedir de par em par
ao mar
o fim

não deu certo
o amor depois se evadiu
do som
ruim

gira aberto
a flor se abriu dentro da luz
do sol
de mim

palavras

afago
ternura
carícia
desejo
vontade
atenção
orgulho
maldade
malícia
vazio
tristeza
solidão
bonito
vistoso
delícia
mentira
verdade
ilusão
desgosto
desgaste
preguiça
amparo
auxílio
proteção








arrebol

e no relógio 
passam das três
quebro o silêncio
falo de vez
não vou deixá-lo
em seu viés
sob seus olhos
se esconde a luz
mar e seu porto
ponta de chão
chama de vida
fogo, clarão
não vou perdê-lo
pro arrebol
de manhã cedo
antes do sol




abrigo

verdade de cera
certeza de vidro
que feito poeira
encobrem o perigo
já o tempo não volta
se estende, se esgota
não serve de abrigo





6 de jan. de 2014

queira-me antes

quantos seremos
pela manhã
não vou perdê-lo
pra me perder
deixa o dia
anoitecer
e o desejo
feito perdão
e a cobiça
presa na mão
quero o futuro
longe de mim
a fantasia
me preencher
ventos de areia
no meu sabor
noites do norte
pro meu amor
queira-me antes
da escuridão
queira-me antes
do coração
queira o passado
se recolher
faça-me um só
faça-me um
abra a terra
fecha o céu
respire o ar
que vem de lá
a noite escura
da solidão
o dia claro
finge querer
tantos infernos
na condição
vida que é mais
menos depois
queira-me antes
da sensação
queira-me antes
do coração




2 de jan. de 2014

de redenção

o amor enfim, vai chegar
vou estar lá
o outro é sua razão
de existir
o coração se arrependeu
se libertou
a árvore refloresceu
ao teu penar
a vida nova em função
de praticar
o sonho novo, a canção
pra desvendar
se envolveu, o coração
se arrendou
anoiteceu, desesperou
se conheceu
simples no gesto, a ilusão
se desprendeu
deixa o vazio se encher
de emoção
sobra o que falta pra lhe dar
de redenção

affair

ao futuro, o poente
à certeza, a opinião
ao respiro, o presente
ao passado, a solidão

quem me deixa acima e abaixo da linha
vem e desequilibra a minha razão
o desejo é dele, a vontade é minha
liberdade ao toque, ao abuso a prisão

que não sou um bocado de amor na panela
mais ou menos não cabe no meu prato
vida passa é vitrine, moldura, janela
o argumento que se vinga do fato

o futuro só existe no presente
que o homem pensou quando criança
um respiro que chega de repente
rememora a saudade e a esperança

dia desses me vendo
por um sonho qualquer
um pedaço de vento
um afago, um affair







protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...