22 de dez. de 2014

anda faltando

cobra
o amor
do amado

chora
sua dor
calado

não se cansa
de tentar
ser
alguém
como
se nada
fosse...

vamos dar um ponto
e vírgula
em nossa relação
que me falta
tempo

beijo
breve
instinto 
oculto
nas mãos que te acariciam

talvez
tenha sido demais
o que eu te dei
agora
sei que era
o que me anda faltando


21 de dez. de 2014

voraz

voraz
o sol
arde
na pele do homem
cru
fiel
às suas ilusões
ama
e
desama
o mesmo amor
que desafia
a gravidade
do sonho
deixa
cair
pra
levantar
depois

em sua natureza
o poder
de um ganho
se vende
se troca
por verdade
se mostra
se esconde
barganha
a saudade
de um morto
finge não saber
de nada
pra amar
mais um pouco
quer além do ponto
a vida
e o que
era você
só podia
ser
eu

cadeias

e nas cadeias
correntes
amarraram
o tempo
que a natureza
tá morta
e barulhento
o silêncio
nada demais
em errar
se a remissão
anda
torta
o que era feio
tá belo
e a beleza
não conta
tua presença
emudece
a sensação
encolhida
a humanidade
viola
os meus desejos
tão frios
quero amar
tua história
e odiar
teus inventos
devoro os medos
de fora
você me come
por dentro

meio sem querer

a dor
chegou meio sem querer
coração deixou rastro
de certa intenção
que desatinou
o sonho
a pele
os pelos
entre os desfeitos
da vida que seca
um pote de água
num sol duvidoso
esquenta minh'alma
castiga meu corpo
que rezo aos pesares
a deus, minha sede
aos vícios, altares
da fome que queima
das flores que brotam
dentro da cabeça

mistério

mistério
foi te achar
dentro
de mim
que
agora
já não caibo
em mim
sozinho
tua culpa
é minha
remissão
teu
descaso
meu
desejo
tua pena
minha
mansidão
a tua fome
minha falta
tua vontade
minha tentação

mais nada

rio
depois
eu
choro
enquanto
espero
tua
presença
ou
falta
fujo
e mais
eu finjo
não
ser
o
mesmo
pra
ter
você
e mais
nada

insegura

me sinto insegura
que os olhos se
entreabrem
em sigilo
e tento
dominar
os desejos
e você lá fora
querendo entrar

não juro mais
que me desarma
o teu cheiro
a tua luz
teus olhos
têm
a dimensão
que me traduz
que o amor
não sabe ao certo
a sua vez

deixa pra lá
que o meu destino
é uma planta
sem raiz
já não suporto
nessa vida
ser atriz
na solidão
de uma cena muda
a te esperar

virá
e novamente
em minha cama
se deitar
eu conto as horas
desse drama
se acabar
e ter contigo
quando o sonho
me pedir

ao bater dos sinos

a cabeça
se abrirá
ao bater
dos sinos

ínguas
não falam
o amor
não é teimoso
nem justiceiro

vou cobrar
do coração
a minha vez
nossos corpos
são um só
nesse tempo
vagabundo
nessa terra
de incertezas
nesse céu
de urubus

deita
aqui
do lado
vamos
celebrar
a alegria

o conhecimento

descobri
contigo
que o conhecimento
já não tem
mais fim
seja a matemática
ou filosofia
me ponho
a caminho
a buscar a vida
que está em casa
no trabalho
ou na academia
sei que
o que tem lá fora
vou poder
olhar de perto
escolher por certo
o que me faça bem
ou feliz quem sabe
sair dos muros
da escola
e poder escolher
os próprios muros
é a oportunidade
de enfrentar o medo
e o sonho
o não
e o sim

ciclo

ciclo
ida
e
volta
se confundem
nos
laços
que
surgem
pela volta

tênue
gravidade
que
nos poros
da pele
decidem
os rumos
do medo
dor
tristeza
alegria
repulsa
tesão

que
riqueza
é da alma
cheia
de silêncio
e canção

permita
que o outro
te alcance
te encontre

e mesmo
sem pedir
verás
que o tempo
não é
teu
o espaço
é infinito
e tua escolhas
são
eternos
presentes

queira-me assim

queira-me
assim
o amor
que me queira
venha pra cá
aos pedaços
inteira
caiba
bem
dentro
de mim

tire o véu
do teu rosto
me assista
mesmo
que seja
daí

sentimento
feito onda
que vai
ora volta
mas
permanece
quando
quer
mesmo
sem que
o peça

descoberta

descobri
a pouco tempo
que o
eu
que morava
aqui dentro
agora
é teu
só teu
meu novo
desconhecido
tão
íntimo
que parece
até
que nos conhecíamos
antes
de
eu
ser
o que
você
um dia
achou
que
eu
nunca
fui

protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...