29 de dez. de 2011

Desencontro

Meus filhos nunca mais chorarão a morte, pois a eles dei meus olhos estancados pela introspecção.
Não posso mais sair culpando o outro pelas minhas criações, fruto de minhas insurreições.
Antes de amar, sempre tenho que pedir passagem...
Não quero mais sentir desse jeito. Gostar assim tem me deixado vulnerável.
Os jardins param de florescer.
O pasto não dá mais alimento.
O pomar não frutifica já faz tempo.
Meus gritos tem alcançado só os ouvidos de minha mãe.
De vez em quando tento olhar para os lados. Só vejo tristeza mesclada com alegrias.
Cumpra-se em mim as promessas de um antigo sedutor...
Faça-se em mim, segundo as vontades de um sábio amigo.
Mova-se minha corrente sanguínea!!!
Abra-se o céu e de lá saia o resgate, pois o chão se abriu faz muito tempo.
Estou caindo copiosamente como fazem minhas lágrimas todas as manhãs.

Enquanto durmo, meus amigos também o fazem.
Enquanto espero, meus deuses roubam a cena.
Sou fruto ou semente?
Sou roupa ou nudez?
Sou caule ou folhas?
Sou muro ou lamentações?

E a busca continua.
Assim como uma mãe que ansiosamente espera o retorno do filho, estão os órfãos que nunca em vida verão seus verdadeiros pais.
O elo perdido deve estar na desmedida confusão de meus deuses.
O que me resta?
Desafiar meus sentimentos?
Deitar-me e esperar que os sonhos me cheguem à mente, ou correr da fera que insiste em acorrentar meu calcanhar?
Adeus a quem fica no sono das próprias inquietudes.
Me encontrar?
Talvez num sonho. Te desejo noites tranquilas.

2 comentários:

  1. Me encontro muito nesse texto, reflete o momento que estou vivendo!

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  2. Durante muitas manhãs acordei com as mesmas frustrações que na noite me dispusera nunca mais tê-las. Agora entendo quando dizem "nada melhor que uma noite tranquila"(...) Que nossos sonhos nos levem ao encontro, à solidariedade, e o amor possa como a lua, orbitar nossa existência.

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