5 de jan. de 2012

Ideia

Os três lados da ideia. Um ama. Outro duvida. Outro reclama.
Meus desejos se despedaçam nesse momento.
Recai em minha cabeça o peso do corpo.

Reclamo. Ninguém pode me escutar.

Viro e reviro o cobertor. Não consigo dormir.
Duvido. E não há mortal que me traga uma palavra sequer.

Levanto. Ando até o banheiro.
Amo, Pois diante da imagem no espelho, eis que o fiasco de luz resolve acender-se.

A porta se abrira convidando-me.

Como desenhar a conversa entre essas três entidades que habitam a cabeça?
Como desempenhar direito meu papel?
Ando meio confuso. A ideia não se conforma nunca.

Quando amo vejo tudo mais nítido. As cores mais raras me são tão comuns.
Olhos e lágrimas concorrem em sintonia.

Quando duvido, espero. Não saio dispensando sabores se ainda me falta muito o paladar.
Não desperdiço insanidades.

Ao reclamar, concordo. Admito que não consigo levar minhas asserções sozinho.
 Resolvo compartilhar a quem quer que seja, minhas insatisfações.

E assim vou entendendo. Vou admirando minhas capacidades. 
Vou reconhecendo e delegando às várias regiões da mente.

Me confundo o tempo inteiro e vou reclinando a cabeça entre os abrigos da alma.
Entender as conjugações da mente é dar a devida parte a quem cabe.

Hoje consegui dormir. A paz é santa enquanto o mundo está em guerra. 
O Deus é bom quando as mágoas conspiram contra mim.

Imaginação, desejo e satisfação são forças que esperam o vento intencional. Entreguei minhas armas. 
Agora, não posso suportar muito tempo o peso da covardia.

Vou fingindo entre os mortos ser um deles. Estar vivo seria a melhor terapia. 

A briga constante entre as entidades que permeiam meu mundo não me torna diferente. Me conduz. 
Me guia rumo a claridade verso o breu inconstante das sensações.




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