7 de fev. de 2012

ÁGUAS

Águas que reparam meus medos e constroem minhas falas num mundo alheio aos meus sentimentos mais ocultos e que, de tão plenos, envolvem minhas respostas.
Que respostas?
Aquelas que eu tenho a te oferecer são as da alma. 
Na ordem e progresso de meu sítio, encontra-se a dor. Encontra-se o valor indeciso e impreciso. Encontra-se a mágoa. O real sentimento que acompanha o medo.
Medo da água que repara.
Repara o medo.

As pessoas me causam certo torpor. E meu porvir inspira respeito e desconfianças. Não espere de mim a fala perfeita. Expectativas, deixo claro, não surpreendem o homem sensato. Soam como descobertas e não como surpresas. Já a morte, alheia à nossa fala, tem objetivos claros de confundir o espírito. Quer calá-lo. Então, não se surpreenda com ela.

Estou à beira de meus limites.
Não gosto de quedas, gosto de desafios que me levem às nascentes.
Entre as pedras se abriu um caminho onde transita a pureza original que mata a minha sede.

O corpo do estranho prostrado, sem vida, já a muito não surpreende.
A fome do pobre não me comove.
A doença fatal no humilde parece consequência de seus próprios medos.
O teu pranto me repele.

Destarte, fica difícil encarar a claridade.
Já na noite, tento dormir na esperança que essa luz se apague ao peso do meu cansaço. 
Ela não se apaga...

Não durmo pois, a inquietude martela.
O espírito se cala. A mente não se encontra. Não calcula. Não entende.

Medo e culpa empobrecem a sorte. Luzes de meu universo. Não se apagam.

Lembra da água tranquila da nossa mocidade?
Lembra do corpo belo, cheio de sabores, encantos e mantos que emanavam pureza feito a água mais pura; feito o sol da manhã aguardado pelas plantas; feito mãos em momentos de ajuda; feito olhares quando a dor cegara a alma; feito filho que suga com força o leite fadado à si próprio; feito suor após um dia de luta (?).

Nesse texto prefiro não propor soluções. 
Só te convido a beber um pouco de água. 
Ainda que a sede não tenha chegado.






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