17 de jun. de 2012

Doce insólito

Quando a força agoniza
Respostas - ledo engano
Recorro ao sobre-humano
Tento a sorte que ameniza

Levanta-te qual sol
Brilhe, qual lua
Ande, quer fraco
Chore, quer triste

E o meu pensamento desbrava
A amargura de algum materialismo
Que preso, ao corpo
À natureza da razão
Se cansou das respostas

Vou matando meus leões
Que juraram um dia, matar-me
Peço ao pai em oração
Fração de sua divindade
Pra que eu não sucumba
Aos meus próprios tormentos

Crio deuses
Só pra não ficar confundido
Ou alheio às próprias crenças

Crio mitos
De mim mesmo
E deixo claro que subsisto

Na fecundidade de meus versos
Nascem filhos do meu mundo
Da graça natural
De minhas luxúrias
De cada pedaço de pão
Deixado à mesa

E os sinais me são vazios
As visões não me dizem nada

O corpo quer um jeito diferente
De prazer
Que o complete
Como o emaranhado de meus versos
Dão sentido à minha demência

Visto a roupa ainda suja
Do meu próprio sangue

Martirizo minha falta
Meu desejo
Meu engano
Pra fazer feliz quem não conheço
Dou além do que tenho

Quero abraçar-me
Mas, não posso
Dizer a mim mesmo
Te amo
E não remediar o remorso
Que me acompanha
Desde o dia
Que por sorte ou ironia
Ao mundo apareci

Hoje
No meu mundo
Caio nas armadilhas
Que criei

Disfarço
Invento outra estória

Quero a sonoridade
Conquistar a liberdade
Junto aos meus ouvidos

A boca
precisa de um tempo ainda maior
Para desferir contra o corpo
As verdades da alma

A alma
Só quer sossegar-se
Ainda que o outro
Lhe seja amargo
Ou doce,
Insólito

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