Um pingo de mel
Adoça meu desgosto
Minhas avarias achegaram-se bem perto
E não sei, se desatino ou me esvaio
Se me permito ao encontro
Ou mesmo, deixo-me guiar pelo sonho
Ora alegre, ora medonho
Arrisco em lamber-lhe a pele
Emerjo do esgoto
Quer sábio ou louco
Pra descobrir o que de fato me aflige
Nem sei de cor o meu desígnio
Em quantas vias se ramifica meu caminho
Ou quantas partes de mim compõem o todo
Divido a minha parcela de afeto
Com quem queira
Desvirginado está o gesto
De quem só viu o próprio umbigo
E agitado está o feto
Da mulher abandonada
Minha demência, te dedico
Economia de versos
Isonomia de palavras
Me doo até onde eu possa ver
E no escuro eu me perco
Mereço a sorte do roedor
Quando no esgoto, me escondo
De lá, ouço os passos na calçada
Vejo o céu que descende
Até as profundezas da cabeça
Que se rebate no asfalto morno
Pra não culpar o inocente
E na minha indigência
Vou entendendo o rato
Pra compreender o homem
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