4 de ago. de 2012

Dom

Glórias!
À supremacia do dom
Que superou a graça!

Onde andará a culpa esta manhã?

A maçã foi traída 
E no nominalismo da ideia
Imprimiu-se ao fruto personalidade 
E vulnerabilidade ao homem

Caio. 
Não sei como levantar-me quando a graça resolve ir.
Me sobra o dom

E na elegia da poesia
Vou expressando o perdão
A vontade, a escolha

Vou procurando chão quando a dor se esquece de partir
Vou encontrando sentido na palavra

Na maior parte do tempo
Vou administrando a loucura cotidiana
Que nem à noite descansa

E como prerrogativa, me sobra o dom
Que perambula pela testa suada
Pela incoerência dos versos
Pela inconsistência do espírito
Energia do desejo

A liberdade humana se encontra no espírito
Não na condição de pureza
E sim, no tempero da mácula
Escondido no dom 

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