22 de fev. de 2016

crivo

tudo por um crivo
que até maniqueu se reservara
vamos manter o humor,
o sorriso
e resistir ao próprio centro da fala
pois o tempo é o maldito escravo
que perdeu as horas desde que partiu

é,
o múltiplo
virou dois
o agora
só depois que eu morrer
que não adianta mais ir embora
o melhor mesmo é esperar

empada

eu sou massa de empada crocante
que no sul se lambe o canto da boca
o recheio não tem nada de leve
tem sabor trans de gordura de afeto
que a luta segue em frente, de lado
sem saber qual é das partes que vence
perde até a compostura do gesto
que amar não vale o tempo que se perde
sobriedade é loucura na veia
o poente deixa rastros na noite
livres, mas bem amarrada a corrente
que nem sempre o sol brilha pra todos

preto

é do preto que eu gosto
é no preto que eu me encosto
nas noites serenas

é do momento eterno e raro
quando isso tudo vai pro ralo
vaidades pequenas

e vem a morte feito um raio
a me acender
vai me levar até a estrela

e disso tudo o que vai sobrar
o teu perdão
o meu penar
a tua glória
e mansidão

o mar e o céu de terra
o mal e a caridade

teu gosto

quero
cuspir
o
teu
gosto

fugir
do
teu
corpo

meu bem

deixa
eu
cortar
esse
laço

abrir
o
abraço

me desvencilhar
de você

eu
que
não
valho
um
do
maço

me
dou
em
pedaços
de
mim


por
favor
me esqueça

não

quem
mereça
a dor

não
sou
eu
mais
teu
escravo
ou
senhor
motivado
ao
prazer

sinta
o amor
com
cuidado
ele

é
amado
talvez

regente

o balanço das mãos do regente
a saudade no porto atracada
um desejo subserviente
nos move, nos prende, nos para

seu amor noutra vida
o sabor de tua boca
o descaso, a partilha
o silêncio da briga
e no jogo do velho e
do novo
me entrego de novo
manada e matilha

quem te ama não sabe a verdade
quem se entrega demais nada exige
vem amor
me carrega no colo
o sul do teu polo
em meu norte
se abriga

tanto faz se não temos direito
tanto faz se nos falta a razão
quando chegam o amor e o amado
nos cobrem, nos enchem de satisfação
desafiam o passado, o presente,
futuro é na mente a imaginação

protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...