As mentiras eram do tamanho do
nosso amor. Nossos corpos, nossas bocas, uns cigarros, uns edemas, um frontal
entre as fronhas ... levitavam da nossa cama.
Dias sem comer. Sem fome.
E quem me comanda?
- O sol!
Hoje ele não veio. Quem veio,
veio me buscar. Enganou-me com seus erros, dopou-me de caprichos, sugou-me para
o devaneio de amar. Roubou-me de ti, ó sol!
E lá na minha zona de conforto
admito que morri. RESSUSCITA-ME!!!
...
Ele trazia as chaves que
abriam as portas do sanatório. Não me abriam. Saí pelo portão da frente como se
estivesse fugindo saltando o muro baixo lá nos fundos da casa. Ele não trazia
nas mãos poder algum que me libertasse do ópio de um sorriso incerto. Fui como
se lá ainda estivesse. O presente tornara-se um outrora na esperança cruel de
um amanhã.
Eu andava preso nas anotações
de meu caderno de bolso que me acompanhou, incômodo, durante todo o trecho de
respiração que eu passei naquele lugar até nascer o presente do presente. Hoje!
Pobre homem de sangue. Suga,
podre, o meu leite e disciplina o desejo mais vil da minha mente. No tropeçar
de sua língua lhe encontro e me desato de seus encantos. Desencantos.
Retirei do bolso todas as
minhas vontades.
Tenho medo e raiva. Num oásis,
só um deserto; uma ilha; Paisagens de ar, areia e sol.
“ele
trazia as chaves que abriam as portas do sanatório. Não me abriam”
“tudo
passa, vendo você passando com os demais”
Passagem
(Marcio
Lima)
de tanto comer
de tanto fumar
de tanto você – em mim
penso: vai chover
vou me afogar
em tua lagoa – à margem
e eu, tô só de passagem
e eu, tô só de passagem
tentando fugir
um muro escalar
antes de romper – a claridade
vou me esconder
dormir e acordar
depois percorrer – pela cidade
e
eu, tô só de passagem
e eu, tô só de passagem
a dor
de ser
um só
me faz olhar
o sol, a lua
vencer
doar
doer
o coração
juntar – cada pedaço
e
eu, tô só de passagem
e eu, tô só de passagem
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