7 de mar. de 2012

A Cura

Preciso de alimento. Preciso urgentemente de vitaminas. Meu corpo não entende a resposta do gesto.
Vou clamando ao Pai que me favoreça com seus poderes. Assim acontece nos templos. Quero remissão de cada um de meus pecados. Quero a minha parte na herança. Quero igualdade na partilha. Somos irmãos. E o sentimento de isonomia deve superar-se à trama do suspense.

Em meus versos sou tão claro como a noite enluarada.
Veja minha pele. Meus olhos. Minha boca. Meus pelos. Minhas mãos.
Estão carentes de compaixão.
Olha a casa. Os móveis. O carro. O teto. O chão.
Estão clamando cuidado.

O meu trabalho. Minha cela. Meu esconderijo.
Lá ecoa uma voz suplicando justiça.
Minha ideia corresponde ao fato inteiramente.
Meu esforço restitui a paga, antes mesmo do pedido.
O salário não sustenta o meu corpo que sucumbe.
E a esmola gratuita supera qualquer embargo.

Acabo de acender outro cigarro.
E já não vejo a espera promissora.
Os pés encharcam-se da lama que se esconde.
Em meio a vultos da história de uma alma.

E os médiuns se reunirão enfim.
Para o contato com espíritos libertos.
A chave tranca a porta enquanto o cordeiro.
É imolado à impiedade de seu dono.

Exagerada estava a lua em suas curvas.
E sem vergonhas, sem pudores ou excessos,
De lá o brilho ofuscara a pele escura.
E o ocaso da razão rendeu-se à crença.

Todos os dias quando sinto que sou frágil,
Elevo aos céus a minha angústia e os meus sonhos.
De esperança em esperança à terra desce,
O amor fiel que infringe a lei e se corrompe.










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