17 de abr. de 2012

Colóquio

E novamente estava ele embriagadamente notável. Nunca vi noutro alcoolista tamanha gratidão. Meus olhos pareciam assemelhar-se aos seus. Como de costume em nossos breves encontros, sugeri uma nova virtude e um novo defeito, afim de sua apreciação.
- Coragem e preguiça! - Sem menores excitações, fui direto. E com tamanha pujança e inviolável destreza, me disse sem menores entraves:
- Se ter a coragem me traz uma virtude e na preguiça percebo um vício, assumo o risco que me opõe à premissa. Como pode a coragem ser predominantemente uma virtude quando o tempo inteiro fujo ao que me é naturalmente peculiar? A coragem passo-a-passo vai tornando-se invasiva ao passo que a preguiça me remete à esperança, maior das virtudes. Naturalmente opostas no conceito porém, indiscutivelmente idênticas na forma.

Caía sofrente a mãe do demente, implacável
Que entre poesias agia de forma arbitrária
O sol foi tão quente que a alma da gente dormia
A mente imponente à cruz, inocente, morria
Não dorme, só mediante a droga fiel e contida
Chorando o demente da sorte cruel recorria
Sua mãe insurgente não teme o leito esquecido
E toda mistura contesta a pureza da origem
Se o natural se envolve com a divindade
Confunde o doente na fé eloquente e contrita
Respira na água, no ventre do quarto escuro
Se dosa e administra seus próprios limites


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