19 de mai. de 2012

Do outro


Aos dedos intranquilos, cigarro
Às marcas na pele, disfarce
Ao estômago doente, o amargo
Ao véu imprudente, a face

Quando não sei ao certo, me calo
E na dúvida cruel, me escondo
Para ser entendido, me escondo
E não ser confundido, me calo

Os heróis de outrora, se foram
As manias e gostos também
Como então refazer tudo novo
Se chorando não mais me comovo
E as palavras não mais me contêm?

Abro a mão e só acho o vazio
Fecho os olhos com medo do outro
No trabalho, fatídico engodo
Não entendem quando sou tão claro
Para eu ser mais tranquilo, distraio
E engano um bocado de gente
Que só tem uma arma, o juízo
Que não me alimenta na noite
E nem me acalenta no pranto

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