I
O que o tempo precisa
A morte eterniza num instante
Os amores se vão e se perdem
Se encontram, se acham
Se despedem
II
Me perdi pela fumaça dos sonhos
Me engasguei com a fantasia
E me encontrei
E me encontrei
III
Sem dono, parti
E deixei ao meio meu fim
Pra recomeçar de mim
Ou por outra via qualquer
Quem me queira
Mal me queira
E às falácias, me entrego
Acontece que de tanto pedir e implorar, eu desisto
IV
Quem delega ao tempo os seus atos
Cria deuses de vento e fumaça
Fica vazio, o seu coração disfarça
Que é feliz
E, quem sabe um dia
Possa trocar a droga por alegria
Ou outra forma qualquer de engano
Onde dê pra se esconder
V
Por debaixo dos panos
Se acende uma tristeza
Quando à mesa,
O melhor prato sirvo sem reserva
Essa seja minha sina
É que o mundo me engana o tempo inteiro
Já se dar com tal empenho me desespera
Não há verdade que me acuda
Nem coragem que se valha
Ao meu empenho
Não há doce quando o amargo chega à boca
VI
Me ajuda a deixar de me entregar pelas metades
VII
Inquieto me deito
E durmo um sono ausente
Pareço acordar
Mas, ainda estou dormindo.
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