28 de nov. de 2013

sentado

sentado 
com o queixo sob a mão
calado 
assombrando a solidão
acorda
a vizinhança com o silêncio
discorda
com seus olhos de consenso
enfrenta
suavidade de arco e flecha
adentra
pelas beiras, pelas brechas
enfeita
a saudade, a intenção
aceita
a verdade, a ilusão










curva do rio

minha cabeça foi feita de barro
o coração é um calço de pedra
haverá posto para o teu amor?
me enveredo pela rua estreita
me descaminho pelo beco frio
reescrevendo torto tuas letras
é o pecado ofuscando o brilho
remediando o que lhe é vazio
coração mudo e a cabeça feita
só mesmo deus é o que endireita
o curso incerto da curva do rio


devoção

varre a tua mágoa
junto com as folhas
que cobrem teu chão
chuva que me instiga
lavai os meus olhos
vento que me eleva
levai as mazelas
do meu coração
que venha a festa
seja um novo canto
ao amor me resta
minha devoção









27 de nov. de 2013

rumo a vida

queira se entregar
antes que a razão
dê uma rasteira
ou que a verdade
chegue austera
aventureira
despedace
cada pedra 
em falso
desintegre
à medida
do sapato
desperdice
o meu jeito
me reerga
rumo à vida


decole

corra
decorra
bote
rebote
suma
consuma
note
denote
pique
repique
ponte
desponte
negue
renegue
soe
ressoe
sole
isole
ceda
receba
prima
imprima
porte
reporte
cole
decole

e nem sequer ficou

partiu
chegou
então
rompeu
depois
não vi
não sei
rogou
sofreu
pediu
passou
e nem
sequer
ficou

entendimento

Era entre todas a mais bela
Também a mais desconcertante
Dentro - em nada se revela
Fora - sua luz tão radiante

Seu brilho longe, me ofuscava
E consumia
E quanto mais me aproximava
Me atrevia 
Feito saudade que não tenho
Igual vontade, mero empenho
Me entregava
E o coração de deus de longe
Observava
Qual é a intenção primeira
Se a verdade é derradeira
O que me cabe?

Fechar o livro às metades
Os riscos são fragilidades
De um tempo
Leitura amarga e indigesta
O dedo aponta para a testa
Em pensamento

O corpo nu esconde o gesto
Boca se cala em manifesto
Um lamento
Que o silêncio tem seu preço
Pra decidir o que mereço
Entendimento










26 de nov. de 2013

a paz haverá de chegar

no coração, a paz
tão logo haverá de chegar

a terra, o vento, o chão
o meu destino atroz
a dor
se estabelece em vão
o tempo, a chama, a razão
a natureza fugaz
a flor
se desabrocha o botão

o pranto afirma o meu não
a alegria o meu gás 
favor
nunca me deixe na mão
metade, inteiro, fração
que a gente fica de pé
calor
que remedia o verão

no coração, a paz
tão logo haverá de chegar





no espelho

vida, sobrevida, sai
dos meus poros, minha pele
se amanhã nascer o sol
salto o muro, a intempérie 
pra entender vou disfarçar
enganar o meu sorriso
persuadir e decifrar
quando tudo está perdido
no silêncio me mostrar
esconder-me no alento
e pouco a pouco respirar
outros ares, outros ventos
enquanto a noite me lembrar
vou me repartir no tempo
e frente a frente enfrentar
no espelho o pensamento



 

ainda certo

Meu corpo se move à lei do espírito
Pra se enquadrar justo na ideia
Guia moral de sentimentos
Violam a condição do homem
Embora vil ainda místico
Mesmo em vão, o dia nasce
Direcionando o sentido
Palavra à mão, folha ao lápis
Está cravada na memória
As noites frias do deserto
Que dão sentido à história
Errado estava ainda certo

mesma sorte

Lhe ter ao todo, por completo
não se entregue às metades
seu coração parte-se ao meio
doa somente uma das partes

Eu já não tenho a mesma sorte
me antecipo, me desgasto
a esperança chega forte
ansiedade chega primeiro
matando o medo da morte
um desafio, um desespero





mares de ti

Os profetas se foram
Levando meus desejos
E sem rumo, eu pergunto: 
Qual a missão?
À quem estenderei a mão?
Meu vazio está cheio
Aos pedaços, inteiro, 
Vou me entregar

Não ao discernimento
Não ao confinamento
O azul do céu, não é azul
Norte demais pra pouco sul
Não à sobriedade
Não ao contentamento
Acertando eu tento
Vou desistir

Mares demais
Mares de ti










dolo

Vá,
E levai as nossas mazelas
Quando voltares,
Traga consigo uma nova esperança

Razões não medem a minha emoção
É tempo de olhar para o irmão
E não desistir de quem não respeita
Nem destruir os planos da infância
Pois, quem de máscaras se enfeita
Esconde o dolo entre a face e a lembrança

Junho

Me retorço, me divido, me ajunto
Me retoco, me domino, me assumo
Alço as portas, devo pena, entorpeço
Me apresento, me endosso, empobreço
Deixo marcas, firo almas, insinuo
Ergo passos, subo muros, usufruo



mais de mim

insanidade em forma de sossego
protocolada à beira do avesso
imensidão de versos sem maldade
predestinando o descontentamento
e havia mais de mim do que de outro

que da falta, insucesso ou desatino...

desamor

o que te faz feliz
se mesmo de perto
distante me perco
em teus braços
errado ou certo
chegou, me despeço
um beijo,
um tchau
com gosto de adeus
sentimentos meus
te aguardo e te peço
que fique se queres
mas, já não me feres
com teu desamor


mal em mim

para acender a fé restou-me um pavio/ vou reaver o que roubaste-me aqui dentro/ o que conduz a tua vida é um desvio /a assinatura vil do teu comportamento // meus sentimentos andam todos por um fio/ mentir não causa-lhe qualquer constrangimento/ toda fraqueza precisa de um desafio/ sua cabeça não sabe o que é lamento// em seu destino o bem é seu adversário/  quem assim nasce fatalmente assim morre/ não há resposta para o seu imaginário/ destruição por onde o seu rio corre// pra maltratar tem um requinte no seu jeito/ faz qualquer coisa, seu prazer é ao contrário/ e se alegra quando deixa o mal feito/ mentir pra ele é seu pão e seu salário// feito doença falta-lhe a empatia/ não tem valor que aterrize em sua cabeça/ vou me afastar enquanto a noite vira dia/ para que o seu mal em mim desapareça/

virá...

virá...

do céu - o descanso, o alento
do mar - a saudade, o horizonte
da terra - o pão, o lamento
do homem - a saudade, a fome
do chão - o capricho, a vaidade
do som - o desejo, a esperança
da noite - a ilusão, a verdade
do dia - a razão, a lembrança

postura

Ela muito sorria
Mas a poucos agradava
Tinha toda liberdade
E fingia ser feliz
Falava o que não via
Os caminhos, desandava
Seu problema, na verdade
é entre o queixo e o nariz
Se lhe aflige a realidade
Recorre frouxo à fantasia
Se lhe assusta a claridade
Logo anoitece o seu dia
Vive da sombra que engana
Do brilho frio, quer a fama
Aquece a todos e é tão fria

E quem terá algum direito
De lhe cobrar outra postura?


beleza

e devagarinho o sol fugiu
entre as nuvens se escondeu
às sombras ficou o céu anil
tão logo o dia anoiteceu
agora quem comanda é a lua
senhora iluminada de estrelas
encanta meus passos pela rua
divaga com pressa sua beleza

no tempo

saudade não é falta
nem desejo, ilusão
enquanto houver  a chama
a vontade maltrata
eleva, te joga no chão
nada que desabe
ou que o mundo se acabe
ou quem sabe
a letra se esconda 
na canção
ou o tempo 
no tempo


via

Ouça baixinho esses versos
Que eu dediquei aos teus ouvidos:

Eu te ofereço o universo
O atalho rumo ao meu caminho
Os corações que são diversos
Seguem na direção do rio

Não vou julgar teu desacato
Ato isolado em noite fria
E quem será mesmo culpado
Pela escolha dessa via?



barro seco

abra o teu peito
com as mãos
em frente o espelho
e verás a consistência
de teu sangue
a pulsar entre as veias
do teu chão
feito de asfalto
e de areia do deserto
é chão batido
barro seco do sertão

feitura do laço

A sua pele encandecida insinua
A expressão fugaz de um vento equidistante
Sua vaidade tem um gosto de perfume
Que sua sorte ao entardecer lhe é amena
Já não precisa envelhecer pra ser criança
Nem se ocultar da luz que emana da vontade
Precisa é de um bocado a mais de esperança
A fé que apressa a lentidão da ambiguidade
Longo colar chega aos joelhos penitente
E várias voltas no pescoço lhe exalta
Os seus cabelos estão presos qual semente
Pra destacar o seu olhar, a sua falta
Muitos anseios se misturam lentamente
Que a cidade lhe escapa do espaço
Tem na coragem um desafio para a mente
Nem se limita o nó à feitura do laço






o sonho do mar

o sonho do mar
é vontade de deus
a loucura é humana
o céu é o limite
que na noite se assanha
se engana, se assusta
do tamanho da manha
espessura do gesto
do ganho, da hora
da festa, da lombra

e no mar da palavra
o silêncio é tripulante
no navio das sombras
nas ondas do desconhecido
descabido sentimento
que assola o meu medo
e deslumbra a boa terra

à deriva cada emoção
que se prende
se solta
em busca de senso
de norte
de vento
cruel escarnecido
escancarado
azul que fica verde
e na noite escurece



24 de nov. de 2013

aprenda

Não se curve à incerteza
Nem recorra à opinião
Sem entendimento
Não pode haver amor
Busque na concórdia
Encaminhamento
Enxugue o lamento
Aprenda com a dor







23 de nov. de 2013

o teu calor

de banda, de bica
o elo é algo incomum
um sexto sentido
invade o umbigo
pra fazer brotar a flor
na veia, navio
corre o melhor de mim
na ceia, no cio
deixa ser com o amor

com medo, com frio
de graça, de brio natural
afago, delírio
invado, divido
o meu jeito maestral
com trago, com trigo
levedado com humor
o pão do oprimido
em tuas mãos, o teu calor

entendimento

Eu quero luz
Desembaraço
Um novo tom
Um jeito raro
Amor sincero
Pele e desejo
Corpo e alma
Lábio e beijo
Entendimento

desenredo

E chegou ao fim.
Vários no maço e nenhum cigarro é igual ao outro. 
Não tenho compostura à mesa.
Desatou-se o nó como um encanto.
Deixa a canção temperar o meu sabor.
Era demais o que a voz ousou dizer.
Apague a luz e acenda a ilusão.
Se escondendo da solidão, o desvario.
Amargo tom de cinza sob o céu.
Compasso decorado com o tempo.
Bastou o mal enquanto o sol queimava.

22 de nov. de 2013

vira dia

o que dentro da cabeça
não encaixo
nem que desmereça a sorte
o devaneio
meu caminho de agora
deixa baixo
que a maçã novamente
vira anseio

lua míngua na noite
a buscar um sentido
um desejo
desanima o humano
por debaixo do pano
o seu guia
desespero ou calma
que a boca não cabe
no teu beijo
complacente engodo
de graça que a noite
vira dia

20 de nov. de 2013

em cima

vento que me chega/leve-leva-e-traz algum poema//não se sabe onde/talvez o amor lhe arriscaria//deixa o absurdo/deixa ficar mudo o teu silêncio//para de lamento/paira a luz na sombra do descaso//resta um jeito cênico/parafrasear qualquer verdade//é antes do último/momentâneo fica o midiático//cola os pés na areia/homem que é homem não rebola/deixa de ser cômico/joga essa mágoa toda fora//seja você mesmo/ser feliz depois e antes de agora//leitura concisa/coesão demais estraga a rima//solte-me na brisa//que o buraco é embaixo e não em cima//

quase nada

nos meus sonhos
dobro a tua esquina
descanso em teu traço
finjo um desacato
desnudo tuas curvas
desato o teu silêncio
olho para o alto
plano de teu céu
fujo para o monte
rompo teu limite
horizonte 
cheio de si mesmo
logo tudo acaba
invento um muro
pulo em teus becos
tuas praças
fica o colorido
cor de acimentado
lá tudo se cabe
se exprime
um sentido surge
na cabeça surge 
um lamento
tem pra todo mundo
sobra quase nada






18 de nov. de 2013

a semente

parece com a gente
igual a um cenário
aventura
onde se desatam os nós
e o mundo se abre
se mostra
se prostra
diante do céu um desafio
e na terra a agonia
de estar
não somos tão invencíveis
como na infância
mas andamos blindados
de confiança
porque somos diferentes
e jogamos a semente
que é o que nos leva adiante
crescemos e damos frutos
de nós mesmos
plantamos alegria
e colhemos saudade
tristeza, solidão
felicidade, sonho
maldade, aflição
verdade, liberdade
esperança, eternidade
amizade, atenção
concórdia, equilíbrio
ansiedade, delírio
mentira, ilusão

a graça

à poesia, o grito
ao desespero, o canto
desornamento, o rito
atormentado, o espanto
esquecimento, o nada
conhecimento, a fala
ao desapego, o pleno
ao desatento, o treino
ao inesperado, a graça

A viver

Coração se abriu como não se houvesse amanhã
E na margem do rio o amor pela mata fugiu
Onde moram os bichos, as aves, foi se esconder
Lhe medir nessa hora, melhor deixar para  trás
Que na beira pra ele é melhor, pois não sabe nadar
Chega perto da água mas é só para se lavar
Não arrisca com tudo mesmo quando sofre o penar
Olha só coração,
A razão tem momentos de plena lucidez
Na verdade o tempo serviu
Para vermos depois
E depois,
Não, não há
É de Deus
É do mar
Não são meus
A amar
A cantar
A viver



16 de nov. de 2013

há de brilhar

agora a cor eu sei de cor
teleguiando o sistema
reaprender a ser um só
sarando a dor desses edemas

não vais tocar mais em meu corpo
em vão, se cala em desatino
o barco espera por um porto
para atracar o seu destino
e o seu medo
a solidão é sua angústia.
e o silêncio
é quem sara cada ferida
contemplação
o adeus amarga o desejo
embora o fim traga algum medo
o horizonte há de brilhar



15 de nov. de 2013

Sexta

Abraça-me com teu canto esta noite
Que a vida suplanta o desespero
O tempo perfaz qualquer açoite
Unguento com um bálsamo de cheiro

Na sexta branca da paixão preta
Na vida nova do homem velho
Coração de pedra, é terracota
Missão do tempo, ação do vento

E afastar essa maldade da minha frente
Acorrentada lá ficar em sua mente
Sem sentimentos como pode haver a culpa
Arrepender-se, não existe em sua conduta

o rio

amanheceu em meu sabor
um gosto pleno de razão
que me desbrava devagar
acalentando minha dor
e no caminho do meu não
correm suas águas para o mar

que dure o tempo que custar
que o rio não é infinito,
é passageiro...



12 de nov. de 2013

De volta à falácias

"não vou culpar a divindade
pela frieza de meus atos"

"sabe como ninguém esconder-se da verdade"

"à sua imagem e semelhança
rasgou o véu e entrou na dança"

"toda artimanha é arte tinhosa 
e humilhar é a sua preferida"

"o bem que te quero, ó lado meu, é indumentário do meu jogo" 

"em seu silêncio se esconde o sorriso sombrio"

"arrepender-se é verbo reflexivo demais para o seu gosto"

"faz o mal em nome de sua divindade"

"o bem é o inimigo número um da mentira"

"consideração lhe é igual a gelo enxugando água"

"se custa-lhe o respeito, o que direi sobre o amor?"

"Quem tanto foge da mãe morre de medo"

"A pena não humilha, desconsidera"

"ao soberbo, a luxúria"

"a bolha é de chiclete, cola em quem se mete"

"não perdoa, por isso não se arrepende"

"não se ama, por isso se esconde"

"não se olha, por isso se mostra"

Marcio Lima

11 de nov. de 2013

a cada um

Tem uma medida a dar a cada um
Suntuosos são seus pensamentos
Deixa a própria sorte o acaso
Para despistar o seu propósito
Somatize antigos poemas
E verás a face escondida
De alguém tão frio e delinquente
Amarrado aos pés da sua alma
Sua culpa é quase inexistente
Os seus planos mudam com frieza
Engana até a própria droga
Não conhece o arrependimento
O poder subiu-lhe à cabeça
Tira da sua frente quem o afronta
Tem uma doçura tão carente
Sua escolha, até hoje não sabe
Preste atenção, é que ele mente
Abraça mordendo-lhe as costas
Torce para o aborrecimento
Finge que sorri, mas ele chora


vertigem azul

Nas garras da vertigem azul
Reviu todo o seu tema
A sua apatia incomum
Traiu o seu sistema
Não sabe o tom
Nem sabe do mar
Só quer um desregrado
De cima se viu
Debaixo ficou
Colhendo as migalhas
A chuva caiu
O sol despontou
Fugiu da claridade
Amores se vão
Mentiras na mão
Pintam a realidade
A tua juventude serviu
Para atrair a imagem
Um jugo infiel
Um toque de chão
Planos de sabotagem
Cuidados sem fim
Terminam sem dó
E finalizam o ciclo





10 de nov. de 2013

ao chão

onde há tanto prazer
dizer que ama
e faz sofrer
meu deus, o que é que há
na mesma cama
um mesmo lar
ideia sem razão
só machucou um coração
furtou o meu perdão
e me afastou pra solidão
traiu o meu penar
se entregou à outro altar
tramou a confusão
tentou roubar a remissão
e sem querer ou não
trouxe de volta o homem ao chão



de amores

nossos olhos veem o que querem ver/ alusão de desatino em meio a flor/ meu destino não condiz com o dever/ traduzindo o teu medo com o amor/ realidade e ilusão travam combate/ universo paralelo de valores/ investindo todo mal que se rebate/ na cabeça os seus servos são senhores/ em seus pactos, fui só uma das presas/ permiti a mim o que não precisava/ em seus planos escondiam-se surpresas/ e jurei amor quando não lhe amava/ a mentira invadiu o meu sossego/ a verdade era velada em seus sabores/ no entanto me escondi em meu desterro/ de palavras, de enfeites, de amores/ dure todo o tempo que mereça ter/ a verdade, á tona, um dia vai chegar/ quanta gente a lembrar para esquecer/ quantos sonhos, pesadelos vão ficar/ a moral não tem sentido sem ação/ o teu não acha lugar em teu amém/ não adianta machucar um coração/ nem tornar a liberdade o seu refém/ tenho pena, sentimento incolor/ tenha calma e se olhe no espelho/ teu sorriso indiferente causa dor/ reconheça, que se dobre o joelho/ noutra vida ou que seja em outro plano/ o teu carma não te vencerá sozinho/ a medida do respeito é um ganho/ o consolo da verdade é o caminho/    




a tua grama

é indecifrável
o teu giz, o teu papel, a tua grama
um branco acinzentado
infeliz, é infiel, a tua fama
me deixa encabulado

deixa quieto, o teu mal foi o meu drama
dentro da tua cabeça
não entregue a tua vida para a lama
vê se esquece, me esqueça

que a manta esconde o riso na garganta
e o mar fica pequeno
o meu mantra traz a paz na voz que canta
repetido no poema

é indecifrável
o teu giz, o teu papel, a tua grama
um branco acinzentado
infeliz, é infiel, a tua fama
me deixa encabulado

Meu sal

Ela perdeu,
Ingenuidade, o ímã da geladeira
Uma saudade, uma faca sobre a mesa
Um grito no cio
Regaço no cio

Eira sem beira,
Ainda insiste na maçã, na vinagreira
Duas semanas, a vontade derradeira
O seu suor frio
O seu calor frio

Com seu escudo,
Ainda acha quem lhe dê algum sustento
Mesmo calada, não divaga o pensamento
É do seu feitio
Mancha seu feitio

Graça de metro,
É indigesto esse tema recorrente
E numa pedra, água bate, fura a mente
É um desejo só
É um remendo só

É verdadeira,
Embora finja seu amor, deixa a maneira
Indiferente, indecorosa, medianeira
É pena e dó
É pena sem dó

É dó sem pena,
Não vou gastar mais uma letra de poema
Na tua casa eu já sei qual é a cena
Castelo de pó
Num jeito de pó

É de areia,
E muitas cartas escondidas nesse jogo
O sangue quente se esfria com o fogo
Acúcar cristal
Quebra o cristal

Pare com isso,
Pior seria se enganar inconsequente
Seja normal, seja fiel, seja demente
Esconda seu mal
Fuja do seu mal

Dentro do corpo,
E na certeza morte-vida, vivo-morto
Nesse destino reto me falta o torto
Adoça o mel, sal
Adoça o meu sal

9 de nov. de 2013

do mal um bem

batuque de sonhos saem da televisão
saúde, horizonte, de costas, de fronte
dentro do meu coração
te vejo, minguante
é a lua do devir
potente, vibrante
tua luz a decidir
de preto, de branco
um comando não serviu
enquanto os mandos
de amor se evadiu

na casa, no beco, esquina, atrás do matagal
entregas à arte o teu simbolismo
de não ser original
copias o mundo
que te atraia algum valor
doente, imundo
te alcançará a dor
de dente, barriga, de pulso, intriga
eu te dei o que valeu
ausente, massivo, descrente, pungente
pra fazer do mal um bem

tua vida

será verdade
ou omissão
ferida aberta
é abstrato
cordão de aço
laço de seda
cama desfeita
corpo fechado
encanto aceso
saudade vil
raso caminho
funda vereda
momento raro
mentira feita
céu obscuro
roça de flores
chão descabido
amor de carta
bandeira branca
falta perdão
sobra enfeite
no meu deleite
por ti a pena
e quem te engana
não será eu
serão teus planos
os teus enganos
será tua vida

num cais

para o desejo, vontade
durante o beijo, atenção
para o abraço, verdade
entre os dois, coração
que se esconde, na pele
finge de menos, quer mais
feito espada, que fere
nau que atraca, num cais








8 de nov. de 2013

começo do fim

disperse a alma de vento
deixe o porvir para trás
faça feliz teu momento
desova a mágoa no mar
da incerteza inaudita
das amizades afins
maturidade maldita
meio, começo do fim







o teu sim, o teu não

o que há nesse poema
um recorrente tema
verdade e ilusão

do alto daquele monte
revejo o horizonte
invado a canção

é tão pequena a cidade
sua luz, vaidade
sonhos, ilusão

tua maldade se enfeita
parece maleita
magia, missão

o engano é o seu guia
de noite, de dia
mente ao coração

sua verdade é perversa
disfarça, despreza
seu próprio irmão

e quem está a seu lado
de graça ou malgrado
preste-lhe atenção

sozinho um desencontro
desfaz cada ponto
em troca de um chão

pra impulsionar seu desejo
na mesa ou no dedo
se entrega à intenção

onde andará o sentido
o deus morto, o deus vivo
o teu sim, o teu não?




7 de nov. de 2013

por nada

me falta a bipolaridade
nesse universo tão frio
de sonho, de vício,
que eu criei
pra absolver tua energia
pra distinguir amor de medo
e resistir antes do dia
os olhos sentem mais 
que o coração 
que está doente
seu corpo ausente
de sangue
mentiras me aguardam
desde menino
em meio aos seus desatinos
insanos
aguarda-me a insônia
não me arrependo inutilmente
nem me arrisco se eu não consigo
te perder
e mesmo assim eu me distraio
do mesmo pó que vieste
me agrado, me sirvo
miragem
tramo o amor vendido
me dando por tão pouco, vencido
por nada



o meu respeito

"é que eu não estava em tuas mãos
mas em tua mente eu morava"

qual a cara da vaidade
qual é o sabor do desespero
quantos anos tem o tempo
quantas faces tem o medo?

deixo-lhe um pouco de comida
se sobrar te dou o meu respeito



Noiah

Noiah resolveu parar
Que o canto de um tom menor
Já não a faz chorar de dor
Até as águas de Iemanjá, azuis
Foram lhe alcançar

Ela...
Como se não fosse
Era...
Como se não fosse

Ela, Noiah,
A filha da solidão
Encontrou seu par
Se casou com o seu irmão, de fé

Igual
Um desespero 
Amar
Seu desatino
Refaz
Ares sem cheiro
A dor
Fugiu pro monte
Noiah
Deixou de lado
A condição certeira
Descobriu a tempo
Que seu amor primeiro
Mora na saudade








4 de nov. de 2013

caminhos

O que te representa hoje?
Em que mares trafegas?
Quem dirige os teus passos?
Quem tu amas ou detestas?

Dentro de mim há movimentos, caminhos, guias e sentimentos.
Cabe a mim, conhecê-los.

3 de nov. de 2013

Graças

A mão que abençoou
Ao meu corpo refez
A graça me alcançou
Mudou o meu viver
Do que adiantou
Se o dia raiou
e já amanheceu?
Um novo clarear
Coragem meu irmão
Que existe o perdão
E a verdade vencerá!

vai passar

vai,
vai passar
esse rio tem águas tão turvas correndo pro mar
a paisagem se esconde na curva, a saudade também
na encosta ficam os meus medos, juízos sem fim
no começo invisto em valores maiores que eu
pra depois me vender pelas flores, roubar teu perdão
sentimento de náusea eu crio, e lhe tenho aos meus pés
de presente lhe dou um afeto ou qualquer coisa assim
uns enganos que deus desconfia que exista amor
vai,
vai passar
no embate minha solidão se quebrou na parede
em teu pé está minha cabeça, quiçá a vaidade
mera calma, vontade tão rara de romper a luz
em teu seio navego no meio desse meio tom
é que não sei lidar com verdade e imaginação
eu primeiro te tomo, te nego, disfarço o porvir
com certeza, sutil na frieza da calma de impor
pra depois de sorrir e chorar, eu me deite no chão








cigarros

a claridade esconde o breu
das vaidades pequenas,
ausências, emendas,
maldades

e o medo de mentir 
não tem sentido
num todo da parte
que é só uma parte
do mundo

que eu criei pra te sentir
e paralela eu seja uma linha
ao lado, de frente, em cima,
do umbigo

tem muita curva nessa reta
feito uma flecha de riso,
escárnio, desvio,
saudade

de uma vida que não tive
de uma droga que me avise
em minha mente, deus existe
só quero um gosto ambíguo
de sonho, bebida,
de graça, vertigem,
cigarros

2 de nov. de 2013

meio do grito

teu mantra
meu manto
teu medo
meu canto
estrada de areia
caminho de pedra
vereda de açúcar
morada de saudade
saúde de menino
conceito de intempérie
zelo que venere
o tom da alma
na dança de palavras
no meio do grito 

sábio

chega de comando
para de engano
deixa o ar passar

entre nosso muro
tem um jeito escuro
de rememorar

nossas atitudes
trazem inquietude
ondas desse mar

que navego pouco
sóbrio, resto louco
sábio que não sabe amar

por onde foi andar meu coração

por onde foi 
andar meu coração

se mais tarde eu perco o juízo
é que cedo me dei por vencido
a saudade é a questão

na fumaça se ergue a cortina
e a pressa de amar não fascina
mais verdade que opinião

por onde foi
andar meu coração

quando acho, novamente perco
minha culpa não dá o direito
de cobrar ou ferir tua mão

sendo livre reprimo a verdade
o que será banal na vaidade
quando alto viajo em teu chão





protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...