27 de out. de 2014

seus planos

deus tem suas eras
assim como nós
ontem nada éramos
hoje nada somos
ele dá o tiro
mas quem mata
é o homem
devir infinito
dentro da cabeça
liberdade
é a sua trama
o eterno
ultrapassa a terra
projeto sem lei
danos sem castigo
haverá na culpa
algum valor
sentimento raso
tenta ter sentido
certamente deus
tem os seus planos



22 de out. de 2014

filho, por onde andas?

filho,
por onde andas?
todos os dias me lembro de ti
minha casa ainda é tua
que a vontade surja do respeito
no coração e na cabeça
tua comida e bebida sejam plenos
que não há culpa maior que o perdão
para si ou para o outro
pois o inimigo estará sempre a cerca
e a proteção a teu serviço
se o desejais,
que seja assim!

o desejo de sentir

o desejo de sentir
não se controla
teu modismo
só me traz
estranhamento
caia
hoje
sobre
nós
a mesma chuva

nas cabeças
e penetre
o pensamento

seco
cego
sem noção
sem compostura
é o meu
amor
sem teu
consentimento

tua pele
me encanta
e desencanta
teu sorriso
me traz calma
e tormento

felicidade

se felicidade
dependesse
dos outros
não existiria
solidão

beba-me

beba-me
aos poucos
em doses
absolutas

caráter

o
sangue
é
vermelho
seja
qual
for
a
tua
opinião
teus
olhos
não
julguem
a
cor
nem
a
métrica
do
verso
que
a
forma
não
define
o
caráter

aluada de amor

de mãos dadas
com a noite
foi o meu coração
no caminho do céu
de estrelas

os guiava a ilusão

um clarão se achegou
do nada
prata era sua cor
era a lua
minguando
mágoa
enciumada

aluada
de amor

21 de out. de 2014

nada

"nada a dar,
nada a perder"

orgulho

tenha orgulho
do teu gesto
faça
como se não fosse
mostrar

pele e osso

a poesia
é mais que
chão para os pés
asas para o voo
pena para o dó
rima
parafina
vela
água
sentimento
ela
condicionador
cabelo
pelo
poro
pele
pela
epiderme
carne
osso

inquietude

saio do lugar comum
abstraio-me
é que deus não habita
em conceitos
ideias
receitas
palavras
maleitas

levo-lhe no bolso
quando quero
reservo-me doá-lo
se venero
nada sei do quanto
posso ter

mora além do verso
da canção
da verdade
ou opinião
é graça
de contemplar
um coração
sem dono

é rastro
de infinito
em meio
ao sonho

que mesmo
sendo
íntegro
daquilo
que me constitui
homem
subsiste
a inquietude

além da voz

pra quê ouvidos
se o que vale
é o que diz meu coração?

seja
muito
mais

pense
além
do mar

que o horizonte
esconde o prêmio

ouça além da voz

sol vermelho

o sol tava vermelho
e seu entorno
laranjado
meu coração
ficou exposto
aos raios
de sua arte

ó sol vermelho
"meu sangue
ferve
por você"

tá um calor

tiram-lhe
a roupa
os sapatos
anéis
cabelo
maquiagem
a cor
o pelo
a pele
o cheiro
e mesmo
assim,
cadê o homem
que mora
no lado
de dentro?

aqui de fora
tá um calor
demais da conta
meu deus
tu és
na seca
e na chuva
meu coração
que é teimoso
e se machuca

tentando eu vou
retornar
a ti

tua mão unida à minha

tu
que desceste ao meu céu
paraíso de chão
na amargura do mel
de paz
sem dor

nada será possível
amor
eu te gostar

ventos deixaram de soprar
calor
paixão

a tua presença
causa a minha indecisão
pra minha ignorância
pouco sei
sobre o prazer
que me deixa a solidão
a falar com as paredes
e a porta entreaberta
é meu coração sem prumo

o vermelho
corre frouxo
em tua pele
em meus olhos
minha timidez
à vista
terra longe
dos teus mares
deixa eu te querer
quem sabe
sou viés
você a linha
percorrendo
pelo corpo
tua mão
unida
à minha

maria e joão

vida
de amor
e abandono
é maria
que deixou
o seu lar
que
se entregava
ao seu castigo
liberdade
agora ela foi
conquistar

amava
joão
sonhos
faziam
todo
dia
nada
a noite
não podiam
se amar

de medo
sorte
nesse duelo
corpo
e mente
o prazer
arruma
um jeito
de estar

mas ela
ela
foi se entregar
buscar a sorte
morte
e vida
se arriscam
no ar

uma vontade solta no ar

não é em vão
o meu querer
deixa de lado
esse jeito
venha
o teu corpo
ao meu
abraçar

se errou
foi demais
nada de menos
existir
o ser que
não
sabe nada
de amar

os pingos
molham
chuva que esfria
essa quentura
é tua pele que na minha
encosta

a vida
mostra
que o telhado
é de brinquedo
é fantasia
uma vontade
solta
no ar

laço de vidro

quando
penso
saio
do
esconderijo
delato
segredos
finjo
choro
e de repente
rio
coração de cera
cabeça um perigo
caminhos de pedra
que o pé fica liso
na carne da pera
os dentes no cio
a fita é de seda
o laço é de vidro

facilmente

"quem muito se engana,
facilmente mente"

fica a poesia

fica a poesia,
que já vou pra casa
viver
o
viver

será o meu olhar
quando eu não te ver
minha solidão
saudades vai ter
de mim

tua alegria
vai
ficar aqui

lembra
do amor

o que se foi
aqui está!

a pele do tomate

a pele
do meu tomate
se envaideceu
deixou
a boca amarga
se derreter
a faca rompe
o fruto
o parte
em quatro
em seis
vermelho
acorda
o coração
depois
fica a semente
descarto
o despertar
divido
a força
e a comunhão

duas partes

dividiram
a mente
em duas partes
deuses
e demônios
na disputa
reivindicam
além
da metade
ideia
vontade
e conduta
onde
mora
a tal liberdade
nem sempre
um caminho
é o mais seguro
outras
vias
possibilidades
trarão
na colheita
os seus frutos

tua verdade

tua verdade
não compra o meu silêncio
tenho tantas outras verdades
aqui dentro
que não dá pra ficar calado

três em um

três em um
entre vários
modelos

é quando a vontade divina
se humaniza
onde o impossível
tem uma medida exata
do tamanho
da cabeça
dos que creem

imagem
e
semelhança
uma moral
entre
tantas

seja ambíguo
ou intransigente
é uma ideia
criativa
do desespero

minha luta
tua opinião não me compra
resta a vaidade
função do ego
atrás de verdades infinitas
de desejos proibidos

não tem maçã?
coma outra fruta
que te baste
mas jamais
reclame
do que não podes sentir
pois discernimento
não convive com a opressão
nem a liberdade
com a ignorância

pois então,
deixe-me com minhas guias
e tua cruz,
seja o teu pingente

vontade própria

o meu amor
não pede autorização
chega
antes
do sabor de tua boca
mata
fere
a razão
se põe em prática
se divide
pra inteirar o sentimento
é a voz maior
dentro do silêncio
que coração não tem boca
tem desejo
e misteriosamente
se acende
faz fumaça
preso
se solta
pois não dá pra segurar
o meu amor
tem vontade própria

palavração

silencio
para chamar tua atenção
é que por perto mora deus
longe da cama
nada demais em ser o que
só se queria
palavração
é o que se faz nesse instante
acenda a chama
e corra o risco
que poderás queimar-te
antes da explosão
é o mundo mágico
de tramas sem sentido
senão o mal que levas dentro...
na exatidão de tua escolha
saibas que a vida é só essa
notras verás a tua festa
dentro do fogo que te assusta
levai contigo a tua cama
que deus se inclua em teus planos
e a saudade...
não sou eu quem peço
chega
e se deita
nada demais em ser o que
só se queria
palavração
é o que se faz nesse instante

só a poesia

só a poesia
atravessa muros
abre mares
vai à lua
toca em deus
e do teclado
corre o mundo
a cabeça
e o coração

vontade

o pensamento
cria
o caos

aceita
o limite
cruza
o horizonte

felicidade
não se compra
se encontra
contigo

o alto mar
ouviu falar
da terra
pelas ondas...

a novidade
se repete
nos sonhos

falta só o amor
que a vontade
é grande

euforia

quero sair
eu vou fugir
da minha toca

o coração
merece mais
pertencimento

meu é o pai
tua é a mãe
que te defende

minha oração
chega sem dó
na tua casa

sinto
que é preciso
amar sem
muita euforia
amar sem
muita euforia

existência

entre
vidas
e
mortes
fica
a
saudade
reivindicando
do
tempo
a
aparição
de
deus
no
meio
do
caos
da
existência

multicores

o rosa é do feminino
o azul do homem,
do menino
o amarelo sem perfil
o branco deu a luz ao feto
o colorido tem um nexo
enquanto o preto aqui pariu
azul piscina é para poucos
lilás é indefinição
e quando tudo
fica roxo
pinto a cara
tinjo o corpo
se acinzenta
o coração
qual é a cor do teu desejo
um tom de bege
ou anil
e pelas veias o vermelho
quando me olho
pelo espelho
sou ouro
prata
um meio termo
sou verde
a cara do brasil

cinza

a morte
faz da cinza
um tesouro
que a vida
não ousou
conhecer

abra a mente
enquanto resta
algum sentido
acenda a chama
não seja injusto
respeito
é instinto animal
que seja claro
também perfeito
me diz
quem tenta
pra errar?

sentir-será

eu não pertenço a você
tuas mãos não me usam mais
o tempo escondeu na cama
o nosso prazer

o vento varreu a chama
que se apagou

à quem devo entregar o meu coração?

dentro de mim
tem mais de mil
não basta ouvir
sentir - será

decifrar a melodia dessa canção

se encontrar
o ser
desistir
de chorar
tentar
e não sofrer
escolher
o melhor

chorou e amou

negra é a face
do homem que se dissipou nas nuvens
alma, tormenta de rio
corpo, alegria do mar
onde deus e o demo se unem
para armazenar um tom de vida,
de morte, de som

ei-lo aqui vizinho
a espezinhar a convicção do opressor
tanta maldade e escravidão
nas costas daquele que riu
chorou e amou

15 de out. de 2014

quadrado ou redondo

não dá pra ser 
eu mesmo
se ao fim 
o mal
se expele
atinge
sem cuidado
e o coração
se fere
e vira 
medo

e logo
logo
a maçã
é doce
a boca
seduzida
abre-se
ao toque
vermelho
do batom
de tua
boca

secou
o rio
que
outrora
era
do peixe
a sua casa
e agora
irmã
o que será
de nossos
seios
amamentando
esperanças
de seca?

feito
o amor
que ora
vai 

volta
de teimosa
que é a saudade

finge
só tentar,
quer liberdade

voar
nem que seja
pelos sonhos

num mesmo
quadrado
ou redondo

onde peles 
antes
se encontravam


8 de out. de 2014

antebraços

é a morte
imitando a vida
demiurgo do sonho

vou-me embora
curar as feridas
que o amor 
tá sem dono

mãe, 
tua vez, solidão
não me diga porém
que o amor
tem razão

teu respiro é meu
teu desejo é meu
teu encanto é meu
outra vez, solidão

a cabeça abrir
a cachaça beber
o sorriso chorar
a saudade esconder
o deserto surtir
a maldade parar
o coração romper
o afeto apagar

é terra, é céu
é luz, escuridão
na areia branca,
amor
nas verdes águas
do mar

não tem o que temer
se deus de lá descer
o homem irá subir
a morte vai nascer
se o pobre melhorar
o rico vai sofrer

uau...
que mistura vulgar
sentido norte
ou sul
vem cá meu leste
brincar 
com o seu 
velho oeste

entranhas
sutis
vis
culturas
inúteis
anéis 

acabrunhou
meu bem querer
que o sol vai explodir
de emoção
com seu ciúme
tórrido prazer
de pés
e mãos
de braços 
e antebraços

protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...