25 de fev. de 2015

extinto

de volta
ao mundo
e o que eu
sinto
você
não
consegue acessar

a tua
pele
só quer
minha
pele
os teus
dedos
leve
me tocar

esse
abraço
não encontra
colo
dentro só
discordo do amor

é que o vento
passou
sem destino
sentimento
extinto
em nós
dois


viés

minha
mão
no teu viés
a percorrer teus espaços
preenchendo os teus becos sem saída
dando de mim
o que anda te faltando

deixa eu ficar aí
entre tuas medidas desiguais
nos teus palcos
tuas ascensões
e teus desmandos

feito mistério
divino
deixa eu conhecer teu pensamento
e lá ficar
quero abrir os braços
e esperar
pelo encontro
venha juntar
felicidades
e aflições

vou apanhar as folhas no chão do teu quintal
e fazer desse outono
a razão mais sublime do respiro

deixa,
mas se não quiser
nem
deus
vai
impedir
o
sentimento

que um dia
minha casa
fica pronta

espelho

menosprezo
abandono
que era justa
a causa
tênue
do incesto

o seu amor era de lobo
a despertar
na noite escura
do luar
amarelado
nos festejos
da lamúria
e da tristeza

eis que então
quando bateu as doze horas
me vinha a noiva ao meu encontro
a despedir-se
que seu amor
tinha partido
e a deixado
que seu luar
não era à noite
mas de dia

e feito um sonho com o tamanho de um planeta
seu coração partiu-se em três estrelas guias
e cada uma apontava para frente

que eu não sabia em que caminho
percorrer
ou eu passava
ou o meu fim era
morrer
então deixei cair a máscara do engodo
e decidi do jeito que jamais faria

eu fui por onde o meu coração queria
e confundi cada desejo do meu corpo

e fui naquela que apontava
para teu colo
teu umbigo

porque de lá
eu via a vida
como um espelho

porque de lá
eu via a vida
como um espelho

belos rios

nos mais belos rios
a água
secou

nos mais tenros campos
os lírios
morreram

no meu coração
teu pedido
chegou

mas na minha mão
escorreu
pelos dedos

amei

se é de graça
não posso negar que amei...

desejo de mar

um desejo de mar
é o que faz sofrer
ilusão
debaixo d'água
alegria de mãe
satisfaz a madrugada
a manhã
é a flor
é a chegada do sol
que ilumina
e me aquece
se esconde
me envelhece
a nudez
vou deixar
a vida dizer
o que sobre
a morte
quiser
deus é submundo
de mim
lá onde reside
a vez
antes da palavra
mora a vontade
de paz
num juízo
reto
coração
não sabe o que
quer

lá vai meu amor
foi me decifrar
foi me defender
foi me desatar

desapego

o desapego
desaponta
o desamor

ideia

dá ideia
que o coração
tá brocado
de vontade
de você

marca aqui
no meu coração
e vê se não esparra
a nossa fita
que o bagulho
pode até ser louco
mas o que importa
é que não vai dar nada
se a gente se amar

lembrança

morreu não
tá na lembrança
é que a saudade
cuida
bem
do meu querer
e a presença
faz
de
ti
melhor
e
encanta

o corpo
reina
intolerante
ao seu porvir
a cara
cobre
em vão
a máscara
e os assassinos
de amor
andam às soltas
o sonho
brando
a faca cega
o brilho fosco
que ameniza o dia a dia
razão de espera
felicidade
um dia chega

a solidão

a solidão
nasci com ela
que o meu dia
quer em vão
cobrar da noite
mais um dia
e foi deus quem
mandou
eu te dizer
que o amanhã
pertence a ele
e que não abre
mão
desse mistério

em nome

e matam
em nome de uma ideia
que costumam
chamar de deus

a fé

a fé no outro
que mata a tua fome
sublima
e direciona
a fé no mistério

a cor do respeito

e qual a cor do respeito
um preto
amiúde
branco

quero ter
pra depois
aprender a ser
e amar

é da cor
da felicidade
escondida
no olhar do escravo
estampada na roupa do rei
envolvida nas mãos do algoz

é respeito,
quero te dar uma cor que
nos represente
mas a verdade é que você
e eu nos amamos
raso
e profundamente

depende do ganho
da farsa
do prêmio

tens a prerrogativa
do amor
mas longe
o imaginário
do homem

mares

e foi a vez dos mares


depois
que os rios
secaram

razão da luta

razão
da luta
é o valor que se dá
ao mínimo respiro
da fumaça que esconde
tua face
meu destino

e sou teu
à medida que me és
perco o riso
perde a graça
o veneno

que me desce
pra subir de novo
diferente
outro vento

que o dia
nada quer saber
da noite
nem a treva
se atreve à luz

sacrifício

sacrifica
o teu vazio
e reparte a solidão sem dono
com as tuas divindades

a morte
travestiu
a madrugada
de silêncio
e dor

que o perdão
sequer lembrou de socorrer-me

já não preciso querer
nem mais a tua atenção
o agora acabou
e as paixões
também se foram

a esperança
despediu-se

descansou

chocojobiniando

te quero por perto
a cerca
do gesto
pra mim não é certo
teu jeito
tão triste
vem cá ao meu lado
tem colo
tem colo
serei teu somente
o tempo
que custar
o tempo
que custar

o sol amarelo
se esconde
nas nuvens
nos olhos
tão belos
um brilho
vazio
não sofra
calado
te afago
te afago
até o sorriso
nos lábios teus
brotar
nos lábios teus
brotar

vende-se afeto

vende-se afeto
cobra-se retidão
dobre-se
o certo
cubra-se
na amplidão
do
verso
motriz
da alma da canção
quer fale
do amor
eu falo é de você
e de mim
nós dois
somos só um
nessa atmosfera de prazer
e de dor
é que sorriu a flor na primavera
depois de lá ela se foi
nem tudo é um bastão
arma, escudo é guerra
esse meu texto
é pra apagar essa visão

que o amor
é passageiro
pois tem o tempo
de uma vida

um pouco mais

resisto
enquanto o a dor teima em ficar
o sorriso, permanecer
que o vaso é de barro
e se quebra
o andor é de madeira
e se verga
a cruz, um tom de cinza
o amor, é amarelo
vermelho, a vontade de sangue
e água
que tinge a esperança

posso até pensar livremente
sobre a natureza
e sobre os homens
mas só a morte cala o corpo
e liberta a alma do mistério

viver tem prazo de validade
e você pode até ficar um pouco mais
e você pode até ficar um pouco mais

nus

e
quando ficamos nus

o que era segredo
tava ainda guardado
no coração

mais você

ou se vai
ou se fica

e ninguém quer ficar
tenho mais amor
que medo
e vontade de ser teu
teu amante
teu brinquedo
teus desejos
me são meus

que os rios
podem até secar
e o dia
amanhã não ter

só mais ser
derradeiro
só mais ser
mais você

máscara

a cara pede
uma máscara
para se expor
se expor
e tento em vão
te amar
te amar
a regra
diz que o respeito
tem que se impor
se impor
senão a dor
chega sem avisar

vulgar

sou
um amor vagabundo
um revés
do aborto indesejado
uma leva de prisioneiros
dentro da minha cabeça
imortal
ventania de saudade
me cobre
me encanta a memória
ódio
e
amor
no mesmo prato
veneno
com sabor de prazer
que mata
aos poucos
o sentimento
vulgar

dói

dói
mas passa

o teu amor
esteve aqui

lesão

o lado esquerdo
dói em silêncio
e a lesão exposta
não se cicatriza
é um amor que
se lastima
por alguém
no endereço
mora a minha
solidão
a chama só apaga
se for acender
a chuva se recolhe
quando deus mandar

um passo firme
esconde a luz
o dia inteiro
o meu dinheiro
é uma lâmina
a ferir
nessa manhã
a cinza tinge
o obscuro
que a noite
inteira
foi o teu
corpo
a seduzir

o lado esquerdo
sorri calado
são os caminhos
que levam a ti
é uma dor
que não castiga
mais ninguém
era saudade
agora fica
a ilusão
a vida acaba
adianta

se defender
a noite dorme
para o dia
então brilhar

o louco

demais
ou pouco

deixai
o louco

em ti

menos de ti
e mais
um tanto

que te
sentir
me causa
espanto

sendo
quem
és
vejo
quem
sou

nunca mais

piedade
só tem
se tem
a culpa

a maldade
em ti
não tem
desculpa

deixas claro
o escuro
em teu viés

fazes raro
do amor
o seu revés

que não
sobra
em mim
algum
valor

quando
juras
perjuras
o amor

e o que fica
é pouco
pra dizer

que o tempo
me custa
perceber

mas a hora
até que enfim
chegou

nunca mais
vais deixar
em mim
a dor

de se dar
sem medir
a precisão

nunca mais
vais ferir
meu coração

grito

vamos morar na escuridão
dos nossos sentimentos
mais vis
que a clarividência de certos
prazeres
não causa
menor espanto
ora
a dissimulação
do respiro
não significa vida
em teu corpo
trai-te
e carregas na cerviz
o peso dos teus costumes
e tradicões
feito um duradouro buraco
aberto dentro da tua cabeça

um pouco só de afeto
já basta para resgatar
as nossas possibilidades

fuja do abraço
que causa dor
cobra troco
deixa solto
mais que preso
tem sabor de desespero
disfarçado de saudade

um tumor
não se controla aqui dentro
da testa
e a cegueira vai aos poucos
imortalizando
as escolhas
despedindo-se da luz
desencontrando-se
no epicentro
da voz rouca
rompendo as paredes
do músculo
rumo ao tic-tac do relógio
sensação infinita
de silêncio
um grito
que rompe

aqui dentro

que me ames
seria meu desejo
maior
embora
o amor se cale
e o rios
se resvalem

a dor

é o ponto
de partida
quando
não há
saída

te ter

o sol
devagarinho
por
entre as nuvens
se escondeu

sem ti
fico eu mesmo
e sobra
aqui dentro
você

embaixo

na ausência
do amor
vem a saudade
que do nada
que tenho
o pouco
vale
proteção
das alturas
tempestade
ilusão de mentira
é de verdade
valentia
é princípio
de coragem
o desejo
lá de cima
embaixo
cabe

em teus braços

é o medo do fim
que refaz um começo
dentro
dessa cabeça
reclamando de tudo
antes que se mereça
explicação
sabe mesmo de nada
o coração
experimenta
a sorte
desencarna
a loucura
desocupa
o presente
desencanta
o futuro

fere
pra defender
a posição

não se curva
ao passado

impregna
de luz
a escuridão

deixa o solto
amarrado

que não falta
é receita
ser feliz

que me enfeito
de laços

esse medo
se acabará
enfim

me
levando
em teus braços

a luta

liberta
o pensamento
que a luta
já começou

e o primeiro
adversário
é mesmo
você

é a verdade
escondida
aí dentro
que se refugia
na sombra
embora o sol
teima
brilhar

longe...

em teu
corpo
eu
sou
um verso
nu
longe...

desenganos
vão me
perseguir
sempre

como onda
do mar
que me invade
depois me leva

vem a saudade
volta a solidão

que é possível
te amar
e não
te sentir

me esconder
na fumaça
do meu
próprio
trago

na certeza
que
não me
leva
à verdade
mas
me leva
até você

última poesia

acorda
que esta
pode
ser
a tua
última
poesia

um
verso
um
amor

perseguição

o medo
da morte
e o de te amar
me
perseguem

aos poucos

padeço
entre
loucuras
e insanidades

sou eu

que me sinto
um solitário
que não
se
contenta
de amor somente

muito mais
de nós
nos cobra
a liberdade

e com essa
a gente
aprende
a lidar

aos poucos

em paz

a
minha
maior
guerra
foi
deixar
você
em
paz

vou

vou
fica
a
poesia

e que asas
te levem
ao mistério

ao encontro
perdido
em si mesmo

à epopeia
de sonhos
fantasmas

ao desfiladeiro
das palavras
não ditas

ao silêncio
que grita
aí dentro

fica
a poesia

vou

solitários

somos
uma multidão
de solitários

na busca
do outro
em
nós mesmos

ganhar ou perder

e quando
o fim
não se acaba
é a fé

me acabo
sozinho
pra te
confundir

que fico
murmurando
a você
minha dor
desejando
amar
sem
amor
resistindo
a mim mesmo
para te merecer

é tudo uma perca
de tempo
o mundo
muitas
voltas já deu

não vale
a pena
sofrer
por
sofrer

lá dentro
ainda mora
a criança
resiste
à verdade
ao sofrer
se ilude
se arrisca
no jogo
pra
ganhar
ou
perder

ilha

em
meu mar
tem
uma ilha
que se
chama
solidão

a diferença

construir
mo
nos
sempre
com
vontade
existindo
no ser
a diferença
era o
o humano
em frente
à natureza
eram
outros
de nós
e a liberdade

adeus

o adeus
chegou tarde

que me
fiz
surdo

em teus lábios
a dor
eu li
amor

o tchau
em tua mão
era
um
abraço

14 de fev. de 2015

terror

amor
desfaz
a norma

ecoa
no meu ser

os meus deuses
se aliaram
aos teus demônios
somos
mais
que um

e
quem vai precisar
do oxigênio
pra viver?

me fala um pouco mais
sobre o que te dá prazer
(...)

terror
é viver nessa agonia
melhor
seria o céu
feito de mar
e a terra
fosse 
ar somente
do céu
as bênçãos
de iemanjá
e iansã
guia do crente




a paz

a paz
do cristo

em que

o meu sorriso
modifica

e o seu amor
é mesmo
maior
que o meu

e quem sou eu

senão 
vontade alheia

que
vou morrer
nessa armadilha

me arrepender
é o comando
a profanar
o meu sagrado



6 de fev. de 2015

o que fazer

o universo
nesse instante
somos nós

e os da terra
são feitos
de barro

vou amar
reviver
revogar
a tua mágoa

e se dar
se encontrar

pra no momento
menos oportuno
se perder
se desmanchar
até porque
o amor
não tem
um dono
que lhe
ordene
o
que
fazer

a poesia

a poesia
é de mim
o que tá
lá fora
em você

começa e termina

e cada um ficou
com a parte
do outro que
lhe coube
numa noite
e metade da manhã
de lírica
do suor
em pele 
é desejo 
de ouro
é o que
revela
um sexo
limpo
ou
sujo
cor de escuridão
de 
infâmias 
palavras
de vento quente
no ouvido
de sabor
diferente
do gosto
do outro
na boca
são peles
que se encontram
se retêm
e se soltam
querem mais
do toque
tempero
de vida
e de morte
que começa
e termina




protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...