21 de jan. de 2012

COMPONDO O BANQUETE Parte 2

E o medo não se conteve. Aliado ao mesmo estavam a moral e a hipocrisia. A moral não se satisfazia só em defender-se, queria sempre mais. Já a hipocrisia se beneficiava do mérito de manter-se velada, condicionada aos resultados que, negativos ou não, ao se fizerem conclusivos, os meios se transformam em verdadeiros caminhos. 

Aquele a quem devemos prestar homenagens por ser a fonte primária ou a face espelhada que emana de si mesmo a força da vida, tem por genuinidade, a supremacia do sentimento. Devemos nós, meras criaturas crentes, até que ponto, adorá-lo? O que está dentro do Templo carece de tantas coisas além de gratidão? Se grito é porque espero que alguém me escute. É da natureza divina reunir todas as coisas em torno de si? O lobe em que estão sendo defendidos esses interesses deve ser minimamente obscuro. 

O apego é uma forma humana de verificabilidade. Sentir é caminho onde experimentar é desnecessário. Acredito no homem que me trai, na natureza que reconstrói, no passado que incrimina, na relação que se dilacera, no ombro que chora, na arma apontada na cabeça e nos calos que atormentam o corpo. Venha através do diálogo estabelecer uma narrativa!

Quando posso, retribuo. Não temo quem me faz o bem. Respeito quem não gosta de mim. Do alto ouço a voz poderosa que me diz o que é certo fazer. Embaixo, sempre estão me aguardando os que comungam de necessidades tão ocultas.

Se não me identifico com o primeiro, estou fadado ao ocultismo de minhas carências. Há quem as chame pecado, pois o brilho pode não identificar deveras, uma joia real. Deus pra mim é como um pingente alocado abaixo das meninges. Minhas loucuras se encontram lá, travando uma batalha com sabor de contenda. 

Meus estigmas revelam  a fraqueza de meus pais. A mãe cuida da casa enquanto o pai vai em busca de alimento. Palavras não são suficientes. Quero colo, quero alma, quero afeto. A figura redentora me vem com a consciência. Pertencimento se difere de subserviência. Verdades de lado, ficam esperanças. O outro, de lado, resulta em desespero. As causas e os efeitos se confundem na alma perdida. Esclarecimentos me conduzem a mim mesmo. Certezas são como migalhas consumidas rapidamente. Preciso me alimentar todos os dias. Na água da vida vou acrescentando aos poucos o trigo da minha insanidade pra fazer o pão das escolhas. 

Quer um pedaço? 



2 comentários:

  1. Que bonito... Até me identifiquei um pouco com esse texto...

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  2. Que bom! Sinal que as questões abordadas não ficam isoladas só nas palavras.

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