Vamos estabelecer intimidade em nosso diálogo?
Vamos beber no mesmo rio as águas que trazem à tona nossas virtudes?
Tenho um pedaço de pão. Um copo de vinho tinto mais doce que os lábios outrora beijados.
Venha! Deite-se comigo ou cale-se novamente!
Não quero dominar meus sentidos somente. Dá-me dos teus também.
No coração de Deus está a causa hipotética criadora de todas as demais. Hoje criei uma. Meu coração resolveu chorar à revelia dos sentimentos alheios. Não liguei pra ninguém. Não dei atenção. Desconfiei até do inocente que, sorridente me estendia a mão.
Fiz questão de olhar para trás. E como poeira de sal diluia-se meu corpo sobre as sombras. Remete ao medo incomum, pois à balança que teima em julgar-me, lá estava eu sob o crivo dos malvados.
Hoje resolvi reivindicar ao mundo minha parte. Se de fato a culpa é o passaporte ou dote, trago um fardo repleto. Reclamo a você que me escuta.
Já pensou na tua parcela? Quem não se arrependera jamais dos próprios atos, não tem de fato nada a ver com minha dor. Agora, se o som bate estranho no teu peito, como se algo obscuro reinasse tão velado quanto o sono mais profundo, chegando a lembrar a morte, é porque então me deves.
Abrir a boca apontando o dedo para o alto não vai sucumbir o meu pranto. Se de vida me resta ainda um pouco, não vou dar ousadia ao louco que insiste em dispensar olhares de medo à minh'alma.
Acendi um cigarro. Essa conversa me deixou um pouco nervoso. As letras se aglutinaram nesse instante. Vinho doce do beijo escancarado. Acho que é a terceira vez que rompe silenciosamente a rolha da garrafa. Tá escuro. A festa da casa ao lado resolve se calar. Ficamos você e eu.
Me clamam os olhares
E somem na esquina
Os homens de bem
E as senhoras bem vestidas
Os filhos de tão pequenos
Não têm noção da maldade
Horizontes
Mares
Desertos e
Vales
Rincões
Frutos e
Céus
Já faz tempo que você não me procura.
Minha pele é o repelente infiel das loucuras dessa noite.
Pra te entender preciso de mais um copo de beijo doce.
Vou ter que ligar o ventilador. Outro cigarro. Queria que você estivesse aqui nesse tênue instante.
Retomemos o diálogo.
Passei a vida tentando medir o peso da cruz. Quando às vezes achava que a tinha deixado por um instante, me enganava. Ela sempre esteve ao lado. Do peito.
Encerrei o terceiro com cara de primeiro copo de vinho doce do teu beijo. Agora vou repousar o corpo. O espírito fica velando. Sempre.
Bons sonos te conduzam à verdade!
Joga
Bjork
emocionante!
ResponderExcluirMuito bom que tenha te levado a essa sensação!
ExcluirLindo!
ResponderExcluirMuito obrigado!
ExcluirIncrível!
ResponderExcluirMuito obrigado!
ExcluirMuito obrigado!
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