Uma leve dor surgindo, velada em segredo dentro da garganta. É como uma sede que só respeita
aos comandos cerebrais. Pena que minha cabeça ultimamente não dê conta de tantas
coisas. Saudosismo a parte, sabe-se que o fruto é conseqüência do processo.
Instrumentalizá-lo é o que se tem feito com quaisquer sistemas matemáticos. A
sociedade me vem à pele como um óvni. Medo assim não sentia faz tempo.
Paralelo,
estava a vontade de dormir. A cabeça aflorara-se em considerações constantes,
porém absurdas. Não distinguir o corpo do espírito quando a dor lhes compete,
acaba se tornando tarefa árdua frente às limitações daquele cérebro outrora citado.
Durmo
ou assumo as loucuras.
Gritar
e deixar fluir o sangue oprimido no pescoço ou tornar-me cego e substituir uma vontade
de permanência numa dispersão desmedida de desejos? Eis o dilema cotidiano.
Disseram-me
que viver aliado ao mistério seria o melhor. De fato, esse sim fascina, pois na
vaga lembrança se escondem as fantasias. Desde sempre aprendi a crer. Fé é um
empreendimento que vai se amortizando pelo peso do sofrimento que, não mais
como um mistério, vai se manifestando simples como fenômeno.
As histórias vão tomando formas. O sono vai se
justificando à medida que as lembranças vão se apagando. Ver o mundo é ver-se a
si mesmo.
Uma sequência
de tiros vagueia o imaginário. Sons abruptos absorvem o corpo daquele jovem na
rua. Da janela vejo só o silêncio e uma sombra. A morte, à sua maneira
clássica, traz de volta as lembranças. Não há vestígios do algoz. O que teria
motivado aquela alma no instante em que a minha vagava pelo quarto escuro? Sons
de socorro paralisam a madrugada. Instintivamente, meu coração não soube medir
a importância do outro.
Minhas
loucuras se mesclam aos meus princípios. Nesse instante se chocam. O elo
perde-se no cenário que envolve as almas.
A quem
devo o amor primeiro? Dispensarei no rio da sociedade minha glória ou derrota?
Em
doses todos choram. E resistem em assumir o sentimento.
Em sortes
todos arriscam. E admitem não vencer sempre.
Em partes todos amam. E estabelecem vínculos.
Em mares
todos sonham. E atravessam horizontes.
De Frente pro crime
João Bosco
Nenhum comentário:
Postar um comentário