18 de fev. de 2012

ELA - Coração de Mãe

O coração insistira novamente em bater. O som ecoa do peito com uma melodia pouco marcante. Lembra aquelas canções que se aprende na infância. Isso traz à tona o peso de longos anos. Precisamente quinze. Justo a metade de minhas festas.

- Menina, acorda! 

O grito apoderara-se da garganta, mas, não fora suficiente. O silêncio permanecera. Fica difícil exteriorizar quando a fala se cala ao peito. Quando acordei, senti uma dor entre os seios. 

- O que aconteceu? Onde estou?

E as paredes brancas daquela sala pareciam-me dizer algo.

- Como se sente? 

Uma voz fria de uma mulher bem vestida, jalecos e pele numa alva sintonia. 

- Dor. Uma dor em meu peito. O que me aconteceu?

- Deus te deu uma nova chance. Teu coração decidiu parar por duas vezes! Mas uma cirurgia de emergência calara a sorte escura e tenebrosa. Bem vinda à vida!

Lembrei nesse instante da música quase chorada por minha mãe. Daqueles quinze anos que se passaram. As paredes brancas não hesitaram em me dar respostas. Lembrei da noite mais longa que levara minha mãe para além dessas paredes. Remorso ou culpa, aflição ou desespero. Só o que sinto é o desejo oculto que vela a perda. Acordei aqui. Mas, meu coração já bate para além de minhas vontades. Quase tive medo. Quase pude retribuir o amor sincero que, em quinze anos, não lhe fora suficiente. A presença e a saudade se aliaram à minha recente-má-saúde. 


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