Maria com sorte escapou da morte ao dar vida ao seu primeiro
Como não sabia direito da vida, da luz, do derradeiro
Por ser tão miúda, tão frágil, confusa, entregou-se por inteiro
O corpo carente, eis que de repente assumiu-se ao passageiro
Nasceu como um broto, uma flecha, engodo, o pequeno companheiro
Bonecos e troços, família, remorso, produziu-se então, ao meio
A ingenuidade e sua fraca vontade não bastaram-se e alheio
Às desconfianças, às fortes lembranças de seu pai, tão desordeiro
De quem é a culpa, se a própria conduta da família tinha um cheiro
De fracas mudanças, de podres cobranças de um amor não verdadeiro
Sua mãe foi ausente, o pai mais demente que o engano do estrangeiro
E hoje se sabe que bem na verdade, uma dor surge no peito
E o amor vira mito, utópico rito nos lares brasileiros.
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