2 de mar. de 2012

A voz do homem morto

Palavras brotam enquanto o homem morto ainda fala
Pertença e merecimento se confundem enquanto o trigo fala mal do joio
Decantam-se
Deleitam-se

Espasmos matinais resolvem dar trégua
E o homem chora a perda

O homem se despede do homem
E não entende o quanto a fala foi generosa

Os fatos sequer dizem por si mesmo
E a faca amolada resolve cometer mais um crime

Dia ou noite, o corpo estremece ao vento frio
E palavras de paz se intimidam pela guerra
O poder e seu abuso resolvem deixar o amor de lado
Bastando somente, olhares indecisos que não mais fitam os filhos como antes

O que é o corpo quando o céu resolve descer à terra
E confundir os espíritos que ainda buscam a paz medíocre
E o pai não mais reconhece seu rebento?

A fala modesta desvirtua o foco
E a festa não produz a alegria de outrora

Meus heróis morreram de fome
Suas glórias sanguinárias perfumavam o delírio dos mais fracos
Hoje, não há como aliar-se
Não é possível construir o que foi dizimado
A cruz cravada no peito alivia a dor na alma
Se então o sofrimento me conduzirá ao paraíso
Eu vou aceitando as derrotas quais chão que se abrem à minha frente

A voz do homem morto ainda corrompe a vida que perece

Nenhum comentário:

Postar um comentário

protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...