30 de mar. de 2014

te iluminar

na expressão do teu rosto
um breve desgosto no ar
não lhe tenho tão perto
quiçá me é certo sonhar
só me atrevo um pouco
adormeço o louco em mim
e descanso a mente
pra acordar contente, sorrir
se num gesto da gente
faz brotar a semente no chão
de repente, quem sabe
encontro a chave dessa paixão
que insinua
se divaga
se apressa
na canção
fica nua
se esconde
se revela
ao coração
pela rua escura
sou uma lanterna
sou fogo, luz de vela
sou o luar
a te iluminar


passado

e da esquina olhava
igual passarinho
se desprendia
se atava
da flor o espinho
quando o sonho se acaba
melhor é voltar pra casa
que a vida nos ensina
sentimento raso
toques não serão os mesmos
sonhos viram pesadelos
deixa pra lá tua sina
a tristeza de lado
saudade eu não a tenho
deixa pra lá o empenho
o presente me fascina
e o resto é passado



26 de mar. de 2014

nesse porto

nessa teia que se chama mundo
vou encontrar algum amor que se desgarre
o coração que se segure, se amarre
enveredar o sentimento à deriva
que o meu barco um dia chega nesse porto



23 de mar. de 2014

a morte

a morte
é o instante
necessário
ao homem
pra eternizar
a vida
noutro plano
feito cicatriz
que se reabre
toda
força motriz
de um ato
consumado

teu homem

somatizo problemas fugazes
em busca de sonho
desatino, emendo, entendo
olhares incertos
lado a lado, de frente, a sorte
é quem me ilumina
eu sou teu
e você
não é minha
um pedaço
do todo
uma parte
vem desata, me amarra
me cospe
depois vem e lambe
me descarta
seu jogo
maltrata
me mata
de fome
essa falta
contida
na mente
esse gesto
contido
na pele
hoje sou teu brinquedo
amanhã eu serei o teu homem

novo homem

a dor 
de ser 
tão só
me faz 
viver
além 

o outro
quem será
o que fará
com o sol

o dia vai
parar
vai acabar
o amor

a noite 
se calar
não 
acordar
o sol

a lua
vai brilhar
de prata
reluzir

o homem
vai deixar
de ser
pra existir

então
reconstruir
um novo
homem 
vai chegar

que sabe
se entregar
prazer
melhor
não há

de lama

um pedaço de pão
não me sacia
a vontade do beijo
me contrai
do pescoço ao queixo
o sabor do desejo
de se dar sem medida
reabrir a ferida
e se fechar
o olhar sem destino
razão em desatino
me contrai
a expressão de menino
a canção invadindo
me contrai
desatai essa trama
que desamarra o laço
meu inteiro é pedaço
chão de barro, de lama





empatia

demore um pouco, deixe-me sair
é pesadelo mas posso até sonhar
eu fico triste ao ver a solidão
sem exagero, medindo a confusão
eu fico remoendo o jeito de sentir
larguei de mão

não tenho tempo pra ser teu inimigo
nem o intento de lhe fazer sofrer
eu quero a empatia que nasce sem saber
e que finge que não tem problema
pra não chorar

a lua vem

vamos suportar a fome
desarticular a opinião
vamos segurar o homem
para libertar o coração
a fé
veio brincar de esperar
o pão
resolveu saciar
o dia, que a noite não vem
o sol que amanhã vai nascer
ou não
é deus
querendo mostrar
o que já não tem explicação
e reunir
um lado ao outro, sentir
desejo ao meu desgosto
que a vida é feita de pura ilusão
ou mais
uma pitada de saudade
é o que basta pra solidão
é guerra
é guerra de paz
guerreiro, é guerra
é guerra de paz
para acalentar o sol
eis que de noite a lua vem

a fé

- E o que é a fé?
Perguntou, persuasivo, o professor.
- ah, é acreditar naquilo que não existe!
Respondeu, persuasivo, o aluno.

clarão

o que de sal tem na pele
de doce tem no querer
o que se ouviu dizer
palavra que se desfere
o meu futuro é você
o meu futuro é você

faz de novo o gosto se gostar
temperar o tom
se revelar

dentro da cabeça
escapa de vez em quando
qualquer desejo
luto e me distraio
de manhã

tenho nada pra oferecer
sei não
o meu sentimento de prazer
e dor
é o que demonstra quem eu sou
se escondendo sob o edredom

os teus olhos me distraem
a direção
falo mais do que antes ouvi
nessa mesa branca o sonho
é azul
que fica vermelho sem saber

noite vira sonho
noite vira dia
e meu corpo espera o amanhã
sol virá
não sei
teu amor virá
não sei
nos despir à meia luz
e comer do pão
apressados feito o clarão
teu amor é meu
não sei
e mal sei de mim
juntos vamos acordar o fim

reticências

mares distantes
água
sou peixe
a nadar
por tuas reticências...

clamo

Deus mostra a sua face
Mais que merecimento ou sorte
É porque clamo

triste assim

meu coração
por que está
triste assim

me diz o quê
fará de ti
mais feliz

sorrir até
o medo lhe
resistir

faz de você
pedaço
do existir

pecado é
amar e não
te sentir

vento breve

E de repente o vento breve
abriu a porta do passado
e devagar a mente leve
e levemente
toda a verdade aparecia
lentamente
feito raiz que vai entrando
mais na terra
igual inverno esperando
a primavera
botão nascer
em flor
se abrir
se encantar
despetalar
deixar exposto
os espinhos
que outrora
a protegiam
do desgosto
que o amor
é fantasia
da cabeça
o que levar
se o que
tenho
é incerteza
que a vida
é louca
é luz de vela
é chama acesa

paixão

quem está apaixonado
não consegue guardar segredo

se expõe
não se preocupa com o medo

seu coração é destemido
é flor da pele
é de desejo

livre arbítrio

seria o livre arbítrio
a razão da racionalidade
o endereço da certeza
a medida da verdade

não há poema
verso qualquer
que determine
homem, mulher
o que sintam
desmereçam
enobreçam
o destino
que é infiel
e seduz
a lembrança
a vontade
é a cruz
que te deixa refém
da esperança

ser feliz ou nada
ou roubar o tempo
é subir a escada
e descer por dentro

mais forte

iludindo a vida
distraindo a morte
curando a ferida
lhe abrindo um corte
fraqueza na ida
ao voltar mais forte


preto

e todo mundo anda muito preto por aí
vou me pintar de preto e me achar
escurecer e a máscara brilhar

vou merecer o que você me dar
vou te esperar até você dormir
e me banhar de preto
me embrulhar de preto
no sonho, de prazer te seduzir

vou me tratar de preto
me desenhar de preto
e vamos nessa luta de viver
que a vaidade é melhor que a dor


9 de mar. de 2014

vença as dores

sou o navegador
de teu aquário
de vidro
fechado
à exposição
por onde
se foi
o imaginário
entender
a tua
condição

e a meditar
em teus caminhos
deparei com flores
e espinhos
calmarias
e redemoinhos
desataste o nó
de tuas dores
e amarraste
longe os sabores
que a água
jamais
será vinho
ou o milagre
humano
for divino
levante
da queda
vença
as dores

o próprio gosto

reveja a tua prática
desmonte o teu sistema
que você só produz
o que te cabe
nem lembra que o outro
tem seu preço
um ser estático
em seu sossego
acha que o amor
tem a ver com o medo
quando a razão
trai seu próprio direito
de ser um homem
e não ser nada
existo antes de chegar
a madrugada
lá sou eu mesmo
sem compromisso
com a paz
com a verdade
mera incerteza
grande coragem
é se sentir
sem existir
antes do outro
é não mentir
pra defender
o próprio gosto

mudança

O ser-no-mundo parece que perdeu o seu lugar por aqui...

E o seu reencontro é quase uma epifania

Quando a racionalidade deveria

Ter ido buscar um outro jeito

Outra mania

Eu vou repetindo o que aprendi

Antes de você

Pra me defender

Eu já me precisava...

"Onde reina a repetição,
não poderá haver mudança!"

às metades

é um nó
na garganta
pedindo socorro
é promessa
esperança
de subir o morro
lá o sol
é pequeno
grande, a vontade
descabido e cheio
de felicidade
ela ama
e desama
tudo ao mesmo tempo
seu amor
é de sonho
de ares, de vento
que acalma a alma
acorda por dentro
a vontade que vive
de riso e lamento
ela sente e insiste
do bem à maldade
ela estoca afetos
se entrega às metades

queira-me

queira-me
sem amor
faça-me
sem perdão
deixe-me
sem querer demais
colha-me
sem a mão
deixe-me
sem a dor
valha-me
sem ação
dobre-me
sem querer a paz
sinta-me
sem razão

queira-me

queira-me
sem amor
faça-me
sem perdão
deixe-me
sem querer demais
colha-me
sem a mão
deixe-me
sem a dor
valha-me
sem ação
dobre-me
sem querer a paz
sinta-me
sem razão

faz falta

faz falta
sentir o teu gosto
em meu dissabor

acordo
pois o mal foi lascivo
ao bem do amor

demora
que o tempo foi santo
ao se profanar

sentido
não me tem por vencido
a gana de amar

1 de mar. de 2014

foi você que ensinou

dobre
se
leve
se
jogue
se
liberte
se
que eu tô vendendo o dia
pra comprar a noite
trocando a morte
por um bocado de vida
cessando o açoite
em troca de sorriso

banalizando a sorte
educando o corpo
situando o corte
estancando o sangue
alimentando o frio
acalentando o sono

rompe
se
drogue
se
arme
se
compre
se
empreste
se
quando aprendi a andar
foi você que ensinou

está

hoje eu desisto de tudo
pra me desencontrar
entre os desejos dos homens
tem verdades que afloraram n'água
deixe que o tempo acorde o destino
não vou me ver chorar
enquanto a força da vida
vier me retocar
não solidão eu não quero teus olhos
tua cilada é ruim
vou combater a tensão
que prendem meus pés no chão
aliás,
essa clareza do mundo
afoga a minha coragem
quando eu arrisco em amar-te
nesse jogo eu me embaraço
tô tão cansado de ser o que faço
n'arte, desisto de amar
é uma força que não sai de mim
ao teu lado,
pode ser,
está

vi passar

desça
de
cima
de
mim

que o ocaso
já vai chegar

antes
arestas
são galhos
da noite
que não tem pressa

e passageiro
o momento
é eterno

migalhas
vão nos saciar

quando o orgasmo
se alongou no instante
foi que eu te vi passar...

indícios

deixa eu te tocar
feito uma canção
embalando um tom
a deslizar
em teus ouvidos
descendo à malícia
do tamanho
dos teus vícios
quero te sentir
feito intuição
derramar ao ponto
que me custe
os sacrifícios
ou desapareço
e apago meus indícios

Indigência

Um pingo de mel
Adoça meu desgosto
Minhas avarias achegaram-se bem perto
E não sei, se desatino ou me esvaio
Se me permito ao encontro
Ou mesmo, deixo-me guiar pelo sonho
Ora alegre, ora medonho

Arrisco em lamber-lhe a pele

Emerjo do esgoto
Quer sábio ou louco
Pra descobrir o que de fato me aflige
Nem sei de cor o meu desígnio
Em quantas vias se ramifica meu caminho
Ou quantas partes de mim compõem o todo

Divido a minha parcela de afeto
Com quem queira
Desvirginado está o gesto
De quem só viu o próprio umbigo
E agitado está o feto
Da mulher abandonada

Minha demência, te dedico
Economia de versos
Isonomia de palavras

Me doo até onde eu possa ver
E no escuro eu me perco

Mereço a sorte do roedor
Quando no esgoto, me escondo

De lá, ouço os passos na calçada
Vejo o céu que descende
Até as profundezas da cabeça
Que se rebate no asfalto morno
Pra não culpar o inocente

E na minha indigência
Vou entendendo o rato
Para compreender o homem

só ilusão

tinha só de ser uma ilusão
só de ser o meu amor
meu prazer
cabeça sem coração
o botão nunca ser flor
um punhal a se esconder
dentro a carne da paixão
o teu mal causa-me dor
teu sorriso, meu sofrer
teu real, minha ilusão

tinha só de ser uma canção
pra fazer eu me lembrar

fala

um gosto raro
de aflição
é o que deixa
tensionado o calcanhar
a tua falta
é solidão
uma saudade
lesionando o pulsar
de tudo vou levar
para o chão de barro
e apagar o que de homem
tem no homem
um dissabor paira no ar
um despreparo
não há sossego que acalme
a minha culpa
não é preciso
nem necessário
e vou buscar uma verdade
que me caiba
vou defender-me
do adversário
a consciência
mero efeito
ou descaso
o que me resta
nem mesmo falta

assim o fosse

e se diz homem
pra se libertar
de sua censura
pra se destacar
entre os planos
máscara que impõe
certos limites
liberdade mora em frente
da sua casa
vê da sua janela
seus iguais que não comungam
de um mesmo pão
o seu semelhante é o espelho
nada lhe impõe a dor
nem mesmo o medo tem razão
e se diz homem
como se assim o fosse sempre

bolha

bolha
que eu criei
ao meu redor
és luz
és mãe
és deus
um mal menor
a me proteger
dos meus desmandos
dos meus pensamentos
desumanos
uma sombra
que eu mesmo fiz
e o que vês
é nada
além de mim

bolha

bolha
que eu criei
ao meu redor
és luz
és mãe
és deus
um mal menor
a me proteger
dos meus desmandos
dos meus pensamentos
desumanos
uma sombra
que eu mesmo fiz
e o que vês
é nada
além de mim

humanidade

o que o coração não entende
a tua razão vai e decifra
e onde mora o juízo?
dentro de um peito qualquer
lá bem escondido
tem uma boca pequena
esse tal de juízo
o que a mãe manda ter
o pai tem que encontrar
deixa o dia inverter
e a noite o santo descer
feito fumaça subir
o que o fogo queimar
cinzas no mar, aspergir
do que o juízo cobrar
do que a verdade mentir
vale o tempo da mãe
e um bocado do pai
que pra ter humanidade
vale saber esperar

felicidade

a gente é
o que mata
e come
o que surge
e some
em busca de humanidade
a gente é
o que assalta
e vende
o que maltrata
e sente
defendendo a verdade
a gente é
a voz
e o silêncio
a métrica
do tempo
inteiro ou na metade
a gente é
o que a mão
esculpe
o coração
me desculpe
quero a felicidade

a poesia

dar o que não tenho
não devo
não posso

de tudo
o que sobra
vazio
o nada

e o vento sopra
à revelia
e leva
o que não
tem dono

fica a poesia
que sobra
que prosa
que canta
que pensa
que fala

teclado

me tenha breve
que nem de leve
fico calado

lá fora a neve
cá dentro a febre
sou desregrado

vê se releve
e se revele
o necessário

o olhar descreve
e as mãos de greve
com o teclado

ter

ter
o que não é seu
não é mesmo
ter
é evasivo
o seu prazer
talvez o tempo
vai resolver
senão a culpa
nem vai nascer

cor de sangue

qual a cor
do meu sentimento
cru
somente
uma vontade refletida
dentro da cabeça
que medita
sem controle
e recuada
no coração
num tom marrom
amarelado
é cor de sonho
e pesadelo
um tom de cinza
e vermelho
é cor de sangue

ame

ame
se te cabe
que se acabe
a solidão

seja
solidário
a si mesmo
antes de amar

a teia

e numa teia de gente
o laço é super-humano
me advém de repente
num botão
o que ficava escondido
aos olhos, boca, ouvido
hoje o presente não sabe
a direção
democracia se invente
não sabe o rumo latente
a moda dita o vigente
a intuição
o pai não entende o filho
a mãe perdeu o seu brilho
a mansidão
é que não tenho amigos
a teia inventa um convívio
um coração

alguma fórmula

tiraram o poder
do estado
e entregaram-no
ao indivíduo
multidão
de solitários
segurança
e liberdade
se abraçam
mas,
se desconhecem

um ao outro
sou eu mesmo
só me dou
se o desejo
me resulta

é presente
sem passado
é ausente
o legado
é sem culpa

e a tal felicidade
me virá de alguma fórmula?

descalabro

somos uma multidão de solitários
nos livrando de amarras
segurando a liberdade
sem saber ao certo o uso
da consciência
múltipla

a verdade se equivoca
o meu ser que é pragmático
come, dorme, morre,
depois mata
sem saber se foi um crime
chora, ri, ata e desata
suas mãos são dois punhais
um atinge o coração
o outro, a cabeça inata
cria o seu próprio círculo
de pó e de fumaça
dialética de opostos
sintetiza a análise precipitada
e cria uma verdade
xinga, cospe, lambe,
ama a beça
e no mesmo tom, odeia
quando pinta um clima
ameniza o seu midiático
se refaz mesmo sozinho

essa vida é um descalabro
felicidade de bolso
o outro que fique ali de lado
tenho dó de quem me ama

ilusão à toa

ilusão à toa
em busca de quê
antes nasceu vontade
desejo, cobiça
alimentação

a palavra cobre
a minha nudez
já passou da hora
do homem moderno
achar sua vez

e não adianta
abrir a boca
se o coração
não quer ser feliz

sentimento chega
vai embora
sem fazer
a transformação

loucos são aqueles
que ignoram
outra forma
de se estranhar

ilusão à toa
hoje e amanhã
meu passado
enterro
lá no cemitério
da insensatez

quero o mundo agora
quero ser alguém
e me falta
imagem
verdade
mentira
me representar

dou o que não tenho
depois vou cobrar
antes ser o dia
que a noite
não cessa
até eu dormir

dentro está a ordem
pelo meu olhar
crio a cada instante
um deus ou magia
pra me enfeitiçar

esse canto é parte
dessa construção
já que o futuro
não tem no presente
sua direção

teus homens

Antes ainda
o homem conseguia
criar mundos
desse mundo
Agora
nem mesmo o mundo
é capaz
de criar
homens
desse homem

que é você!

Se recrie
pra fazer dos teus homens
um mundo melhor

verdade primeira

E voraz,
Num relampejo do alto
Numa fração de desejo
Abra-se a terra e surja
Um outro mundo do barro
Uma saudade que teima
Felicidade que queima
Um pensamento que vibre
Uma garganta que grite
Uma verdade primeira

nó do coração

e pra acabar esse castigo
vou lhe dar a justa decisão:
solte-se do engano,
do perigo
não resista à força
do teu chão

vou com minha mão
em teu viés
da nuca
descendo
até os pés

só pra atiçar tua vontade
que se esconde dentro da razão
seja escravo da tal liberdade
ou desate o nó do coração

pérolas

nessa cantiga de amigo
os olhos concisos
se viam tão sós
do coração ao umbigo
se abrem sorrisos
e nós

vou desandar meu destino
minar o egoísmo
colher noutro chão

quero descer até o ponto
em que ele decida 
a própria razão

manto alastrado de culto
verdade é um vulto
fiel do sermão

eis a escada
o muro
a pedra
o furo
da imaginação

antes da inconsciência
existe a presença
do corpo 
do pó

ao buscar outra natureza
o homem se engana
finge se encontrar

pérolas
eu jogo 
aos loucos
aos fracos
aos rotos
corações


protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...