28 de fev. de 2013

A trilha do meu coração


As verdades se enganam
Desde que o homem é homem é assim
Meu sonho tupiniquim, rememoro
As mágoas do meu coração sem fim
Envereda, se enamora
Nada é mal se o bem for ruim
As tristes passagens de versos cantam
As velhas memórias de uma noite longa 
O dia já se acabou
A lua, enfim chegou
Desmerecerei o teu perdão?
Não cabe o meu sofrer
Não soma-se ao meu cantar
A mágoa lhe devo recompensar
Então diga-me o que fazer
Não posso me entregar por tanto
Que não tem tamanho essa solidão
Lhe deixo só o meu canto
Lamento lhe dizer, portanto
Vou seguir a trilha do meu coração






26 de fev. de 2013

Verso sem memória

Vê se apaga a tua chama de outro jeito
Agir assim, não há razão
Eu não carrego um cinzeiro no meu peito
Não se maltrata um coração

Haverá fogo, onde há fumaça
Descarto e vou direto ao lixo
Cubro os olhos à minha mágoa
E novamente eu me arrisco

Vê se desiste de enganar-me dessa forma
Eu não controlo a emoção
O coração é feito um verso sem memória
Se entrega cego à ilusão

Tuas promessas, eu desconfio
Confunde ao toque acertar
Lembranças fogem ao desafio
Esqueço-me pra relembrar


Vê se apaga a tua chama de outro jeito
Agir assim, não há razão
Eu não carrego um cinzeiro no meu peito
Não se maltrata um coração


Anjo

Até amanhã - me disse meu anjo protetor
Eu ressenti em busca da paz
Ao pai, à mulher, ao filho, virá a luz de lá
Enquanto aqui raso é caminhar
Dispensa a mágoa, o frio está para chegar
Teu peito ao meu vamos celebrar
Costura a mente e sutura depressa a cicatriz
Me deixa ao menos navegar
Nos mares, feito altares de pele em pelo nu
Encontram-se vítima e algoz
No céu da manhã o anjo virá me consolar
Cabeça diz, coração desfaz

Comprimidos

Comprimidos
Me comprimem
Deixam medos
Sem vontades
Os desejos
Sem maldades
Minha faca
Fica cega
Meus olhares
Afiados
A ideia
Maltratada
O meu gosto
Indisposto
Metanoia
Em meu corpo



Desesperando

"Minha loucura
É minha lucidez
Tenho a fartura
À míngua o amor
Vou reparando
A arte de viver
E me entregando
Vou insistindo
Desesperando
Vou resistindo"




Chamado

Vou abrir um chamado ao coração
Protocolar a minha indecisão
Não tem como somar e dividir
Multiplico minha subtração
O que falta daqui, está sobrando aí
Sofre mesmo é quem se entrega mais
Não desdenhe de minha atenção
Às feridas, me tenha compaixão
O mal vai desabar
Levando a intenção
Mágoa e rejeição
Não dá para entender a emoção
O sentimento vai
Encurtar a paixão
Desaceleração
Por ti bater mais fraco o coração

25 de fev. de 2013

Se verse

Se aparte
Vale mais um bom amigo
Desempate
Quando parecer perdido
Disparate
De um coração tranquilo
Desencaixe
Se te aperta, te comprime
Liberdade
É que a boca se exprime
Desconverse
Para não cometer crime
Se espante
Desconfie da verdade
Se levante
Vença o medo com coragem
E se verse

Confronto

Alia ao teu peito os meus tormentos
Que resto aqui sozinho em devaneios
As mãos desencontrando-se nos seios
Lembravam-me, confusos pensamentos

Demore-se um pouco em teu passado
Quando fumávamos nossas mazelas
Deixa de mão, perdoe-me as querelas
Não há sequer cristão que leve o fardo

Jornadas eram as nossas esperanças
Luares foram cúmplices de encontros
Na espera o homem torna-se criança

No jogo arrisco-me ao perder pontos
Vieste em sonho erguendo tua lança
Os corações feriram-se em confronto

23 de fev. de 2013

Soneto colorido

Acalma que a vida é só por um fio
Arrisco a sina feito flecha no peito
Coloris o céu de deus no meu feito
E soltas estão as amarras do navio 

Preto e branco e preto se convergem
Inimigos choram em meu banquete
Têm palavras mil, têm mil enfeites
Poderes de deus ao demo emergem

Acariciais o corpo em chamas
Querência de ais em minha pele
Desde a tenra idade o sol inflama

Seja o que quiseres ou o que fere
Desabotoai a dor de tua trama
Findo o breu da luz que me é breve

Goela abaixo

Goela abaixo
A discriminação
Goela abaixo
A globalização
Goela abaixo
Um minuto de prazer
Goela abaixo
Uns demônios para crer
Goela abaixo
A insatisfação
Goela abaixo
Deus e a religião
Goela abaixo
Meu fumo acender
Goela abaixo
Um muro defender
Goela abaixo
A tua amizade
Goela abaixo
A minha vaidade
Goela abaixo
A chuva no deserto
Goela abaixo
A letra do meu verso

22 de fev. de 2013

Meu samba

Brasil,
Meu barril de tempero
Habito em teu seio
Escorro entre teus dedos
Feito arte inacabada

De tuas cores me cubro
E me escondo
O teu pano eu sujo
De verde amarelado
E um anil esbranquiçado

Corre brasil em meu sangue
Para que te amar, anseio
Te aceitar, sucumbo
Ignorar, te entendo
É que o menor esforço
Vira favor
Corre em minhas veias
Teu curso incerto
Tuas glórias esquecidas
Permeiam meu samba
Me encanto
Com o desencontro
Descaso ou espanto
Que a tua natureza
Me ensina

Sombras de amor por aí

O dia, a nuvem levou
Cada glória
Cada dor
Será que o sol se escondeu
Ou o céu lhe roubou?

Sombras de amor por aí
Embaçam a minha visão
Amor pra dar eu não tenho
Eu não tenho, não

Parece que o sol fugiu
Se envolveu na extensão
E obscuro é o prazer
Ao se dar sem razão

Será que o sol se escondeu
Ou o céu lhe roubou?
Levou consigo a saudade
E o vazio, deixou

21 de fev. de 2013

À quem recorrer?

Acreditar
É lançar mão
É só se lançar
Na escuridão

E na solidão
À quem 
Recorrer?
Deus ou o demo
À quem
Recorrer?

Quando anoitecer
Eu vou te buscar
Vou te merecer
Teu olhar

Vou te iludir
Vou te maltratar
Te desconstruir
E recomeçar


O sonho dormiu
Você acordou
Acabou o refil
Acabou a paz

Não está embaixo
Nem em cima está
Onde andará
O coração?

Percalço

Uma prata no bolso
Um chumaço de fumo
Um pedaço de gosto
Um descaminho

Uma fenda de rua
Uma faca amolada
Um futuro em falso
Um juízo

Uma falta de vida
Uma morte ou duas
Um desejo latente
Um descampado

Geme o coração roto
Sentimento presente
Doses de aguardente
Um desgosto

Deixa a beira sem eira
Deixa o forte mais fraco
Fico só ao teu lado
Um descaminho

Nós desatam a pele
E amarram o jeito
Deixam leve o gesto
Uma lança

A bondade é divina
A maldade é humana
Homens fazem-se deuses
Um percalço




20 de fev. de 2013

Desapego

Faça de conta que sente saudade
Que não dá mais pra sofrer
Talvez não tenha ficado tão claro
Faltou eu me arrepender
Que graça tem quando viro pro lado
E eu não vejo você
Faça de conta que sente saudade
Que já não posso conter
Meu corpo espera sozinho, calado
Quem lhe possa irromper
Tentei de tudo e me cala o passado
O que me fará viver
Viver de novo
Qual é o preço
Do teu desgosto
Do teu desprezo
Só vejo o rosto
Do teu desejo
Sinto teu gosto
Sinto teu cheiro
O tempo está mudando de lugar
Fico sem jeito
Pessoas ao redor do meu azar
Do desapego

Qual é o preço
Do teu desgosto
Do teu desprezo
Só vejo o rosto
Do teu desejo
Sinto teu gosto
Sinto teu cheiro

Irônica

A pedra há de rolar
O muro vai se romper
A fé me custa lutar
No afã de perceber
Eu desabei
Numa mesa de bar

No ímpeto
Midiático
Do impacto
Icônico
Da máscara
Bucólica
Endêmica
Irônica











19 de fev. de 2013

Incerteza

Feito claridade, a noite
Na escuridão do dia
Ficou essa melodia
Seca está minha fonte

Vou entregar-me inteiro pelas metades
Meio desejo
Meio arte

Dividir em dois uma das partes
É deixar um descampado na cabeça 
Quase chego.
Bato a porta mas, não entro
Te abraçando, não alcanço
Me aproximo e já me canso
Incerteza,
Quando afirmo que te amo
Te abraçando, não alcanço
E já me canso
Incerteza.

Fita lilás

Falta uma medida de amor
Sombras de um vulto qualquer
Sou refém da minha tv
E se nada temos a dar,
O que tem pra comer?
Quantos de nós levo comigo,
Quando a sós me encontro?
Outro de outros no mesmo prato
Feito a droga escassa
Feito o peito em dor
Cabeça feita em fita lilás
Que me envolve em torno a pele 
Que de um viés expele
A impureza de um sonho

Enquanto o pano branco 
Não deixa rastro da culpa,
Vou maculando a esperança
Já sem medo da indiferença


18 de fev. de 2013

À Lua

"Deixa,
Que o tempo presente da flor vai chegar
O perfume inebria o sabor do luar
Essa noite chegou sem querer
A luz escureceu meu viver
Minha guia, vou lhe retirar
Que a noite chegou neste altar
Reverência à lua que acende o prazer
Que anima a fagulha que existe no ser"

16 de fev. de 2013

À mesa

Ela sabe muito pouco
Ainda jura que me ama
Tenho mãos que deixam marcas
Tenho pés que enganam passos
E nos lábios tenho amores
Na cabeça, desalentos

Te empresto a saudade
Escondida no passado
Um presente, os meus olhos
Veja à frente, seja forte
Eu te entrego o meu caminho
Se abstenha da tristeza
Uma dose de carinho
Não se põe o amor à mesa

Feito criança

Na teia de mar que nos separa
Unimo-nos numa voz que não se cala
Quero dormir em paz
Quero mandalas 
Ter aos pés o mundo
Na cabeça, a arte
Nas mãos, o baluarte do gesto
Que de mim empresto
Feito câmbio 
Feito escambo
Dou-te o que de mim é único
Verdades que me são raras
Ditames da mais pura palavra
Que do sol, há mares à vista
A terra me é o céu
Flutuo em tuas esperanças
Te quero feito criança
Que arrisca um sorriso
Que não sabe dos perigos
Que se lança...




Mazelas da testa

Isqueiro e algum cigarro
Papéis e aquela caneta
A chama é o que inspira
Rumo ao muro, às frestas
Que no coração, finda

O que me nutre?
É o indeterminado
Chama que acende o cigarro

E o que me resta?
Tem um cinzeiro calado
É lá onde eu apago
As mazelas da testa

15 de fev. de 2013

Ferida

Quem entre nós
Vai provar que foi inútil
E renegar o amor?
Dias se vão
E o silêncio acorda o sonho
Noites em solidão
Agora o preço pago ficou alto
E o coração sozinho está inseguro
Não tenho a mesma gana de outrora
Quando bastava o teu sorriso
Para me animar
Restou um clima indivisivo
Não posso ser só um amigo
Sem o quê me afagar
Uma amizade indiferente
Que só afasta mais a gente
Menos, tento esquecer e, 
Só me lembro mais
Em quanto tempo vou perder a minha paz
Te quero perto
Mas não me sobra alternativa
Longe se foi, deixando exposta a ferida

Sonho roubado

Um vinho tinto amarga meu sorriso
Selvagem instinto adoça o meu corpo
Tua verdade não mata a minha fome
A chama invade e deixa a mente inquieta
O verde fica cinza e desaponta a calma
Pureza deixa a mácula na alma
E um gosto atormenta a saudade
E disfarçando espero tua metade
Ser mais que um pra ser inteiro
Menos de mim, me tenha agora
Me entrego antes que chegue a aurora
Mas só uma parte de muitas partes
Uma dose cavalar de meus sabores
Vou entregar ao teu olhar feito arte
Colha-me às pressas tuas flores
E invadindo o teu sonho, vou roubar-te 



14 de fev. de 2013

Salvação

Me alcance
Teu sorriso
Disfarce
Se preciso
Indague
A tristeza
Compare
A beleza
De quem restou a sós
Quem desatou os nós?
Bondade
Natureza
Verdade
Incerteza
Nos corpos
A saudade
À sombra
Da maldade
E quem de nós nunca sentiu na pele
O golpe que da língua se desfere?
Templários
Imprudentes
Forenses
Mercenários
Nobreza
Indulgente
Igreja
Ingerente
A mão direita ao peito, mea culpa!
O homem se endireita, se apruma
Os passos
Infelizes
Esquecem
Os caminhos
Atrás
Da salvação
Remir-se
Em retidão
Além da consciência tem o ato
Um coração de pedra em pedaços 

Odoyá

Quando te vi
A lua logo se enciumou
A areia do mar 
Foi sem medo contar
À filha de Olokun
Os desmandos da paixão
Que eu guardei em meu olhar
Não há, não há
Segredos que escondam a verdade
Não há, não há
Beleza maior que a liberdade
E vou achar
Procuro em meu ser
Na gira de Iemanjá
A poesia que agrade 
À Odoyá

13 de fev. de 2013

Poder da arte

Meu coração decide
A cabeça confunde
Um sentimento que se traduz 

Meu cristo, meu redentor

Quem à ele se prostrou 
Na claridade sem luz 

Espelhos 

Refletem a dor e o prazer 
Joelhos 
Dobrem-se ante o poder 
Da arte 
De merecer ou não ser 
Às vezes 
Não vale a pena amar 

À parte 
Estou sempre a reclamar 
Quantos pedaços de mim 
Preciso para viver? 
Quem virá me visitar 
Quando partilho de mim,
A arte?

Paixão

Comer o que não plantei
Falar do que eu não sei
Amar.

Um sonho sem noite
Cicatriz sem açoite
Viver.

Intempérie com calma
Um juízo sem alma
A dor.

Me atraco sem porto
Tenho o muito no pouco
Aflição.

Zera e se multiplica
Sem vontade se arrisca
A paixão.


11 de fev. de 2013

Devaneando

Um pedaço já é o bastante
Não tenho muito tempo ainda
Deixa fluir o que excita
Vitalizar a força do crente
Duvide antes de acanhar-se
Desista e peça outra chance
Brinque levando a mãe a sério
Sorria, iluda-se, enfrente
Tem mais fonemas que palavras
Tem mais antenas que tv
Um obelisco em meio às chamas
No centro da praça um pedestal
Depois da chuva, a tempestade
Antes do sol, muito calor
Tua presença foi sentida
O teu silêncio me empolgou
Um espaço antes de dar enter
Um traço, tudo separou
A dor invade-me a cabeça
O pensamento não parou
Vou desligar o meu sentido
E apagar a vela fria
Adocicar o que se sente
Amar a doce melodia
Sentir mais que correr decente
Chorar antes da dor chegar
Te avisar quando pertinho
Tua boca na minha tocar

10 de fev. de 2013

Outros domingos

"Guarda no coração a tua mágoa
 E resguarde-se da pena vindoura"

"E quem nunca se viu traído pela verdade?"

"Vou navegar
Pelos mares da canção
Realizar
A vontade do meu coração
Vou conquistar
A identidade nua da nação
Desafiar
A quem duvida de nossa missão
Que está na cor
Acizentada
De um céu azul
Do meu anil
Quero gritar
Soltar a mágoa
Na América do Sul
Do meu Brasil"

"Tanto assim seja
E já é tarde
Amém a quem amou
Mas, de verdade
Você aí
Olhe pro lado
Não desaponte
O teu irmão
Se prostre 
Toda autoridade
Respeito brote
Do coração"


De domingo

"Tanto defendeu uma verdade,
Que morreu acreditando em mentiras"

"Uma parte de mim condena
Outra, sente pena"

"Sonhos movem ilusões
O destino, utopias
Razão mexe com emoções
Deus e Demo são meus guias

Minha indeterminação
Não merece ser vendida
Comungar do mesmo pão
Com a vontade à revelia"

Acuado

Para de desobediência
A carne dependurada no osso
Autoridade que desconheço
Moralidade é o meu desgosto
Osso de pedra
Deixa de reza
Fé na medida
Alma desnaturalizada 
Calma e se reponha
Não há felicidade sem fim
Quando finais me deixam triste
E me calo pra não desalmar
Me entrego só um pouco
Resisto até sangrar
Prefiro a escolha
Que a determinação
Escolho a droga
Que um mero pedaço de pão
Me jogo sem medo
Que o poço é raso
A vida me ensinou a dizer não
E ficar acuado




As duas pontas do laço

Entre nós, um muro sem porta
Que a memória é a responsável
Pelo sangue coagulado
Que cada mistério revelado
Já não mais irriga meus órgãos
Que, vitais ou não,
Subsistem ao peso da escolha

Doar algo a alguém
É a maior obrigação do espírito
As ataduras se enrijecem
No momento da rotura
A liberdade desata o nó
Mas deixa presa a culpa 
Nas duas pontas do laço





9 de fev. de 2013

Imagem refletida

Família, amor, dinheiro
Desejo, pão, cobiça
Fração, metade, inteiro
Papel, jornal, revista
Divido-me ao meio
Pra não levantar pista
Relembro o teu cheiro
Cometo a injustiça
A dor, o choro alheio
Insistem na conquista
Resisto ao devaneio
Palavra inaudita
Conforto, calma, zelo
Esforço, raiva, sina
Um choro pelo espelho
Na imagem refletida




Carnaval de pedra

Meu coração é tão ruts
Minha cabeça é pop
E a tolerância é zero
Warhol, mas que horror
Qual o status do amor
Respeito, é tudo o que quero

Se a novidade é o céu
Meu horizonte é o mar
Tiraram o peso da cruz
Amargurando o mel
Sem dó, o outro minar
E lhe atingir com o obus

Que a sacanagem tá feita
O bem, o mal endireita
Meu carnaval tá de pedra
Tem algum pão pela mesa
Café e quatro cervejas
Venha e deixe de reza

Sacaram o álcool do vinho 
O passarinho, do ninho
O alvo do arqui-flecha
A mãe pedindo pro filho
Cuidado com o perigo
Que o coração nos reserva

É,
Que a sacanagem tá feita
O bem, o mal endireita
Meu carnaval tá de pedra
Tem algum pão pela mesa
Café e quatro cervejas
Venha e deixe de reza

8 de fev. de 2013

Culpa interna do sorriso

Quando a porta entreaberta
Deixa escapar o riso
Não se engane
Que a tristeza fica amena
E embaralha a minha rima
Desconcerta minha fala
Desmantela meus fonemas
Atente-se
E que a água turva não te leve
Para onde se escondem os sonhos

Quem devia chegar
Sequer saiu de casa
Onde andará a alma 
Que feito umbigo
Do feto desatou?

E meus laços 
Enveredaram pela cegueira do nó
E, cá entre os que me escutam,
Libertem-se da culpa interna do sorriso
Escancare a porta se te agrada
É que às vezes a verdade desce doce
Outras, desce amarga

A voz do teu coração

Eu quero um muro
Poder ultrapassá-lo
Te ver sorrindo
Estar ao teu lado
Quero um esconderijo pra sair
Um desejo que exalte o existir
Um coração para sentir
Para sentir

Respiração
E me disfarçar de ar
Sem condição
Ver a vida melhorar
Vou me esconder pra sorrir
E desistir pra tentar
Nem sempre o mal é ruim
Ou o outro, melhor que eu
A graça está em sorrir
A claridade, no breu
No breu
Vamos amar
Quando tudo desabar
E elevar
A nossa prece em oração
E partilhar
Nosso canto com o irmão
Deixar falar
A voz do teu coração

Dá-me o teu amor

Dá-me o teu amor
Que te darei prazer
Quem muito tem a dar
Pouco tem a sofrer

Fagulhas de canção
Sobrevoam a vontade
Em busca de atenção
Em troca de amizade

O desejo da gente
Esconde-se no canto
O corpo é a semente
Da fé que brota o santo

Dá-me o teu amor
Que te darei carinho
Janelas se abrirão
Mais luz em seu caminho

7 de fev. de 2013

Um poema qualquer

Doeu,
O poeta chorou no compasso do dia
E a batida do seu coração não sabia
Que caminho a tristeza ia percorrer

Doei,
Feito a pétala que se desprendeu da rosa
Devagar pelo vento esperando a aurora
O meu santo entoava um canto de paz

A dor,
Não se viu acuada no instante da luz
E chegava a hora bendita da cruz
Quando a droga emudece o remorso infiel

Compus,
Um poema qualquer que retrata o amor
Seja lá de que forma, seja de onde for
Importante é não ser o que não se deseja



Encontro

Quando se esgotam as possibilidades lá fora, fecho os olhos para encontrar alguma cá dentro. Dentro e fora são razões de uma mesma moeda que te levam por direções diferentes rumo ao mesmo ponto. Sozinho, tenho o outro escondido na ideia. Cada emoção vale um choro, sorriso, tristeza ou gozo. Depende de qual posição partir para o encontro.

6 de fev. de 2013

Loucuras

Ame
Não traia
Doe
Não peça
Fale
Se cale
Corra
Divague
Cante
E distinga
Chore
Não minta
Pule
Se espalhe
Solte
Se amarre
Sofra
Sorria
Junte
Divida
Tempere
Não coma
Escreva
Discorra
Encare
Não fuja
Limpando 
Não suja
Fumando
Não trague
De novo
Se espalhe
Cometa
Loucuras

4 de fev. de 2013

Não.
Creio,
Não
creio.
Não,
creio.
Não.
Creio.

Doação

A saia rodou
A chama acendeu
A sidra estourou
A faca lambeu
A noite acordou
O dia caiu
O tempo parou
O medo fugiu
O dente rangeu
O nó desatou
O corpo tremeu
O fogo baixou
Sou um e sou dois
Antes ou depois
Da fé acabar
Começa e termina
Não me desanima
Um cais sem um mar
É que a natureza
Enfeita a mesa
Para se doar

Aquém dos poros

Empresto-lhe meus olhos
Antes que eu me arrependa
Entenda meus demônios
No embate, me defenda

Embaralhando uns versos
Esqueci
E bem na curva do universo
Me perdi

Minha mãe me disse outrora 
Quem divaga se demora!
Vou buscar outros caminhos nesse céu
Uma via de caneta e papel
Onde encontro os meus muros
A água enfim, faz o seu furo
E atinge a pedra em falso da razão
Um sentido me norteia o coração

Que amanhã é um novo dia
Sem disfarce ou ironia

Por favor, peço de volta
Os meus olhos
Deixa eu ver por sob a pele
Aquém dos poros

Coração de alvenaria

Silencie
Quando a dor abrir a boca
Determine
Se a razão perder a força
Se adiante
Que não tenho muito tempo
Confiante
Tenha mais amor que medo
Na cabeça
Se acumule alegria
Amoleça
O coração de alvenaria 
Retifica
Que o caminho está torto
Encaminha
Tuas águas em meu porto
Retrocesso
Vida ou morte, vivo ou morto
Indigesto
Tua mágoa, o teu gosto
A saudade
Causa dor, necessidade
Sem maldade
Julgue antes a verdade
Na cabeça
Se acumule alegria
E amoleça
O coração de alvenaria 


2 de fev. de 2013

Vento forte

Veio,
E poluiu minha cabeça
E várias vozes numa só
Cantavam o Hino de Duran
E saciava minha fome
Desmascarava a verdade
E pau a pau o homem é homem
Ama por pura vaidade
Jura e se arrepende o tempo inteiro
E bem no meio
De sua testa, a covardia
E se enganou quem não previa
Que o vento forte
Vinha do norte
Pra atormentar o meu sossego
Bater a porta em desapego
Em cada canto, uma esquina
Estou num beco em ruínas
Venha, que bata em minha porta
Que o som do vento ou do Chico
Provoca sem graça meu riso
Mas vem em cheio

E bem no meio
De sua testa, a covardia
E se enganou quem não previa
Que o vento forte
Vinha do norte










Embrolhos

A natureza
É um papel em branco
A pele preta
Encontra-se no canto
No chão batido
Os pés cravam os seus poros
Rodam as saias
Varrendo os embrolhos
A carne fraca
Engana a divindade
Que tudo vê
Quando o coração, se abre




Convergente

Domina a palavra
E antes de usá-la, pense
Enquanto houver água
A sede chega mas, não vence
A força que há na alma
É luz que anima, convergente
Encontra-se com a mágoa
Que vença o coração que sente
Não adianta nada
Se a fala não brota a semente
A rima perde a calma
O breu invade a luz do crente

protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...