29 de out. de 2012

Breu do amor

E a chama fingiu que apagou só pra nos fazer lembrar
Que o tempo passa e acabou, difícil recomeçar
Mas tenho que admitir que nada finda com a razão
Que ela atrai mais verdade quando não trai o coração

Enquanto o sol não sai
Abraça-me, por favor
Bora adiar a aurora
Dançar no breu do amor

Tem mais o instante pra dar que um tempo pra resolver
É que o corpo não quer, a mente não vai querer
E quando parece que já não posso mais entender
À frente está o coração, que não hesita em ceder

Que nesse instante de luz
A noite nos doe o luar
Recomeçamos no fim
Do sonho, não acordar






Metanoia

Meu arrependimento não merece o teu perdão
O medo e suas mentiras interferem a visão
O mundo se ajunta me apontando a direção

E por onde vou?
Morro e subo a pé o morro
Que me venha logo o desterro
Pois, em minha ausência
Celebram a morte
Tuas águas apagam o fogo
Tua nascente é minha vertigem
Teu amor deixa em risco o jogo
E a cabeça muda
O coração sente
A alma mente
E o corpo se entrega




25 de out. de 2012

Condição de existentes

Não há mal que se confunda
Tampouco, graça em demasia
Que se estenda a toda raça

Choro sem razões
E concebo em meu presente, a demência
Meu corpo sucumbe ao tempo futuro

Será ciclo,
Se no horizonte de minha ideia, habita a divindade?

Será linear,
E sem escolhas, eu prefira o fatídico?

Será banal,
Se o meu destino me conduz à outra vida?

Sem mais respostas, o filósofo segue adiante
Na sua crítica, expressão do pensamento
Contemplação da sua própria realidade

E não importa a velha soleira da verdade
Nem a nova percepção da humanidade

O que importa na verdade, é a sempre recente condição de existentes 

24 de out. de 2012

Laço de outrora

Chega uma hora em que o instante é o momento
De romper ao peito o coração em chama adentro

A minha vontade é de tê-la aqui por perto
Deixa esse tormento ir embora com o sol
Mira, vida minha, que de fora vejo dentro
Fecho os olhos, é a vez do coração falar

Meu desejo não quer mais
Enfrentar restando atrás
Feito a claridade se escondendo na escuridão

Deixa essa mania de deixar-me a ver a nau
Pétala por pétala me queira bem ou queira mal
Antes que o dia me convença com seu sol
Vamos, nos joguemos ao ocaso
E nos refaçamos sem descaso
A lua tem mais a nos dizer
Que o calor de um sol sem chama
Pouca água em muita lama
Pelo mato ou pela cama
Nossas peles desmancham-se em fendas
Por onde se guiam as veias e a alma

Reatemos o nó que se desfez
E que nos prenda a beleza do laço de outrora

23 de out. de 2012

Um copo vazio

Um copo

Sem água
Sem susto
Sem gelo
Sem mágoa
Sem suco
Sem cheiro
Sem álcool
Sem culpa
Sem eira
Sem medo
Sem beira
Vazio



22 de out. de 2012

No meio da espera

Me perdoe,
Antes que a noite fria se eternize
E as tais alegrias tornem-se lembranças

Não há céu ou inferno que me traia
A ficar refém de um tempo sem dono
E o meu coração fica morno

Quanto maior o desejo, menor é o medo
Mas, ficar no meio da espera
É chorar do mesmo jeito o tempo inteiro
E divido-me em vários de mim mesmo
Para achar em mim, o que em ti se encontra



20 de out. de 2012

Certezas

Amor sem respeito,
Ordem sem progresso...

E vivemos numa ditadura silenciosa
Que deixa os sentimentos confusos
Quando em vez de amar eu ordeno
E sem qualquer respeito, eu progrido
As armadilhas ficam todas na cabeça

E não me venha com tuas certezas
Quando ainda não encontrei as minhas


Quando a vida é o que apavora

A mesma máscara
O mesmo jeito
Mesmo sorriso
Mesmo direito
Não desespero
Nem me redimo
Não julgo certo
Quando comprimo

Umbigos
Fazem em vida
O que em outra
Eu não concebo
Talvez o nó
Alguém desate
Reúna a vida
À outra vida
Já que a morte
Excita o crente

Demência
É ter a forma
Surpreendente
De uma cabeça
Ou de outra
Meu sim não basta
Quando sozinho
Provo ao mundo
Fragilidade
Tenho saudade
Do que não lembro
Conto a história
Eu reinvento
Pra achar sentido
Medo da morte
Quando a vida
É o que apavora


Deixa

Deixa,
Que minha pele quer tua pele
Meu desatino, a intempérie
Do desejo

Deixa,
Que a saudade foi-se embora
E no encontro não demora
O toque

Deixa,
Quando te quero. não te tenho
Me desespero, me empenho
Na busca

Deixa,
Que frente-a-frente, face-a-face
Brote a semente da verdade
No peito

Deixa,
Quando acerto, eu mesmo torço
Lábios em direção ao rosto
No beijo

Deixa,
De dentro vejo bem lá fora
Chega o momento, eis a hora
Da entrega



Pílulas

Enquanto a maldade deixa o meu coração em paz
A guerra lá fora se retrai
A droga, então favorita, não me convence mais
Contraio com força o calcanhar

O verbo quer da palavra mais força e ação
Afirmo, negando a criação
Do homem ou da ideia, não há como fugir
Enfrento a guerra com pílulas



19 de out. de 2012

Escondo a maldade

Quando me sobra alegria
Me falta o sorriso
Me cansa a piada
Me trai o juízo

Refaço o começo

Reduzo o preço
E lucro saudade


Me encanta o silêncio
Me assusta o desterro
Escárnio ou desprezo
E escondo a maldade

Imaginação

O que seria, do verso sem a palavra
da palavra sem a letra
da letra sem o fonema
do fonema sem a voz
da voz sem o ritmo
do ritmo sem o instante 
do limite sem o inconstante
da imaginação

O bem e o mal

O mal achegara-se bem perto
Que sua luz contaminou meu verso
Se o bem é o que quero mas não tenho
E o mal nunca é bem, jamais é bom
Que a lógica encontre-se com o tom
Tão logo eu me refaça da ressaca
De novo, um outro gole de cachaça
Cabeça faz do homem seu tormento
Para animar o duelo aqui dentro
Se o bem de deus é mal lá no inferno
Se revelará no fim esse mistério?

Implosão de dedos

Você me curte
Não te conheço
O meu desejo é perpendicular ao teu

Eu não resisto

E pago o preço
E o encontro saca a luz que trai o breu

Enquanto o vício

Arruma um jeito
De implodir na alma a bomba do conceito

Tem deus aqui

Dentro do peito
Fora tem dedos apontando meus defeitos

A caveira

O mal que levo dentro deixa atormentada até a mente do mais sucinto cético. Tem uma lei interna que feito lanterna, em meio ao breu dos meus juízos, ilumina a confusão dos meus desejos.
Quero entender a caveira que me habita o dentro. Uma legião de incertezas escondem-se na primeira camada da pele. Esqueço enquanto o tempo se perde no espaço e, pela via cutânea, adentra-se rumo ao osso. O tempo, feito lança, vai encontrando espaço no invólucro. 
O corpo divide com a alma as aspirações da caveira. 

Quero
Sorrio
Espero

Resisto
Insisto
Detesto

Receio
Desisto
Confesso

Esqueço
Reviso
Despeço

Dizeres

"Quem já perdoou certamente se arrependeu"‎

"Algumas escolhas não merecem o menor arrependimento"

"Onde há desconfiança, reina a submissão"

"A plena consciência do presente me alucina"

"Me ame antes que não dê tempo!"

"O preço da liberdade foi pago com o respeito"

"Mais tem deus a dar a quem menos precisa. Sobra-lhe"

"Quando não tenho nada, o pouco parece o que basta"

"Ninguém é de ninguém, até porque ninguém e nenhuma pessoa, são sinônimos"

"O amor não passa de um sentimento. Quem ama, sente"

"Qual a graça de um segredo se deus te conhece no íntimo?"


18 de out. de 2012

No céu de um lugar distante

No céu de um lugar distante mora o meu juízo. Quando o meu sentido se dirige àquela direção, meu riso de repente se estanca. Na memória infiel paira minha espera. Aguardo ansioso poder contemplar o tesouro que se esconde atrás do muro. É que estou tentando chegar lá pela via dos instintos ante aquela do juízo. E o muro, a cada dia vai se rendendo à minha insistência. Em breve, deixará de ser o empecilho e, enfim, o mistério escondido na subjetividade encontrará a sua forma no sujeito.

17 de out. de 2012

Fraseando

"Não defendo isonomia de ideias

Nem desejo a mesma sorte a todo o mundo"

"Ser era pra ser uma escolha"

"Aprisionaram a mente à ideia, embora o corpo se lamente ante o desejo"

"O que diferencia o homem do animal quando o medo assola o corpo ou ataca a mente?"

"Seria a racionalidade um privilégio humano?"

"O instinto afugenta o medo da morte"

"O breu traiu o sol. A luz, a treva"

"Além do horizonte de minha ideia, mora deus"

"Quanto maior entrega, maior exposição"

"Quantas morais farão um homem feliz?"

"Se a graça é divina, o que temos para o homem?"

"Arrependimentos estão previstos em qualquer escolha"

"Qual a fórmula que afasta a vontade do desejo?"

"Quanto mais o menos se espera, menos o mais se conquista"

"Passo o tempo me escondendo para não ser confundido"

"A vida é uma volta pela ida"

13 de out. de 2012

Memória

Ainda que o espelho se quebre
E minha sorte se arrisque
Eu e meu desejo restamos sós
Eu e meu desejo, são o mesmo dom

Cores se embaralham
Em meu óculos de fé
Eu vejo o mundo sem formas
Eu vejo o mundo sem formas, em vários tons

Dentro tem mais de mim
Mais do que eu possa ver
E um rastro sujo de sangue
Fica na memória
Fica na memória

Abra-me o sorriso
Abra-me os olhos
Abra-me a mente
Abra-me o teu coração
O teu coração

Umas palavras tomam forma
Eu entendo quem eu sou
Outras palavras se perdem
Em minha memória
Em minha memória




12 de out. de 2012

Beco


Atrás da rua tem um beco
Que apelidaram de aterro
É lá onde apanho as palavras
No desaterro da imundície
Pra convencer pro meu desterro
Que a fé afunda meu desejo
E a esperança floresce branca

E lá no beco sujo
De vez em quando eu fico só
E alimento meu silêncio
O meu sorriso
O meu tormento
E as palavras se impregnam na pele
Na mente, sobra a intempérie
Da volta ao meu princípio
Da vida, embora um vício
Que assola o peito na covardia
Na atrocidade do homem
Que desonra a noite
E no dia, finge inocência

Falácias V

"Meu ser ético quer da existência, paciência"

"Minha existência procura desesperadamente no ser, o respeito"

"Na construção ética do sujeito, lhe cabe ao final das possibilidades, a loucura"

"A dúvida é o caminho mais próximo da verdade"

"Só o homem tem a consciência da finitude"

"Deus amou tanto a criação que se arrependeu em seguida"

"Tento sempre. Ao final, desisto"

"Não posso ser o que quero, quando quero ser o que não posso"

"A natureza humana compreende o resultado da ressignificação dos sentidos"

"Qual a lógica do respeito quando falta-me entendimento?"

"O amor deixa cego até mesmo o coração de deus"

"Ato ou reflexão. Instinto ou intuição"

"A marca da subjetividade está no ato de pensar ou na decisão de refletir?"

"E quando a opinião esconde a verdade?"

"O homem busca no espaço o tempo que não lhe pertence"

"O conhecimento pressupõe o entendimento. O discernimento, a escolha"






10 de out. de 2012

Do tempo em que o tempo

Nas cores de um céu sem tom
Roubei o meu espelho
A graça acabou, o dom
Sobrou o que me resta

Na curva passo reto
Nos sonhos eu não presto
Meu gosto é indigesto
Na reta sou o torto
A margem sem um porto
Dançar, mesmo sem festa

O meu coração roto
Quebrou-se faz um tempo
No tempo da vaidade
Se não falta a memória
Lembra daquela história
Hoje senti saudade

Do tempo em que o tempo
Ficava à vontade
Não me deixava escravo
De alguns sentimentos
Outros ressentimentos
De algumas maldades





Sobre a ansiedade

"A ansiedade deixa o corpo refém de uma mente intranquila"

"Onde sobra ansiedade, falta desejo"

"A ansiedade deixa o meu sonho vagabundo"

"A ansiedade atrapalha a rota do destino"

"Acendo a ansiedade quando apago o cigarro"




9 de out. de 2012

Outras falácias

"Esforça-se mais quem tem menos"

"O espelho só reflete o que de mim exibo"

"A cada descoberta do espírito, o coração fica apreensivo"

"O medo só engana quando a mente se distrai"

"Desejo por desejo não satisfaz a alma"

"A morte é a implosão da alma"

"O que seria da fé sem a esperança?"

"De obediência em obediência anda meu destino"

6 de out. de 2012

Sem jeito

Encerra-se o dia
Leva consigo a força do corpo
À noite, a mente fica latejando
Feito corpos se entregando

Corro nos mares de ondas calmas
Pulo as fogueiras de chama mais branda
Não vou insurgir feito um gosto sem gosto
Envolto no vulto maldito de minhas indagações
Que alteram meus hormônios
Que me deixa menos viril que outrora

Tesão do tempo, dos prazeres
Quero acometer sem medo
Sem jeito certo, quero acertar teu peito
Feito sujeito, feito modesto
Feito discreto, feito fetiche
Feito menino, feito malandro
Um marginal, feito sincero

Vamos, antes que anoiteça e eu desista de sair.

Olhar franco

"Na certeza de um olhar franco, o coração pode até se endurecer. Mas, chega um momento em que a condição do face-a-face derruba as paredes internas do músculo."

4 de out. de 2012

De volta às falácias


"Morri. E me perdi na eternidade"

"As frieiras atacam nos pés a região da cabeça"

"Melhor chorar na maré baixa, que tentar enfrentar sua cheia"

"Escrevo quando não entendo nada. Depois, o que escrevi, encontra sentido em outras cabeças"

"O que seria da poesia sem a rima. Da velhice sem memória. Da verdade sem história."

"Filosofias à parte, fujo de mim quando quero entender o outro"

"Vou ceder de vez à loucura. Bora ver essa tal felicidade!"

"Meu coração seguiu a rota errada do desejo desmantelado"

"Todo muro vira porta se o respeito é o que importa"

"Meu orixá falou que deus é soberano"

"Fingir é a melhor saída dos que traem"

"Todo palpite esconde uma verdade"

"De mão em mão caminha a solidariedade"

"O reggae deixa a alma desarmada"

"O rock me tem sempre a postos"

"O templo aprisionou o amor sem medo"

"À noite, o escuro vira o palco da incerteza"

"Desistir não é pecado. O abandono, sim"

"Confundiram obrigação com vaidade"

"Quantos homens constroem um cidadão?"

"Qual o critério divino de julgar a verdade?"

"Mais de deus, menos de mim"

"Bem me quer o mal que levo dentro"

"Tantos dedos quando um só aponta o erro"

O bem e o mal


O mal achegara-se bem perto
que sua luz contaminou meu verso
Se o bem é o que quero mas não tenho
E o mal nunca é bem, embora bom
Que a lógica encontre-se com o tom
Tão logo eu me refaça da ressaca
De novo, uns belos goles de cachaça
Para animar o bem que levo dentro
Cabeça faz do homem seu tormento
Se o bem de deus é mal lá no inferno
Se revelará ao fim esse mistério?

Unamo-nos

Desatemos cada nó que insiste ao laço
Cada peça se coloque em seu espaço
Desarmemos nosso alforge, nosso time
E na luta, combatamos contra o crime

Que na mágoa ruim, leva os seus dias
Ao sorrir mostra  tamanha agonia
Que não sabe abrir os braços para o abraço
Quem jamais uniu, separa-se em pedaços

Unamo-nos



2 de out. de 2012

Onde se esconde a maldade

Quando me sobra alegria
Me falta o sorriso
Me cansa a piada
Me trai o juízo

Refaço o começo
Reduzo o preço
E lucro saudade

Me encanta o silêncio
Me prende o desterro
Escárnio ou desprezo
Escondo a maldade


Falácias IV

"Pouco se espera de quem se desespera"

"No final da jornada, entre eu e o nada, resta deus"

"Amor e sexo são sortilégios de um bruxo chamado desejo"

"O tempo de deus não cabe no tempo do homem"

"Mais frágil é quem muito se expõe e desaponta no final"

"Um coração para amar. Outro, para vigiar o amado"

"Só sei o que até ontem não sabia"

"Na construção da vida, o alicerce confundiu o arquiteto"

"Torça para que no final do corredor tenha uma porta"

"Eu sei mais de mim quando o outro me interessa"

"Cale-se! O coração quer falar"


"A cada pecado, meu corpo indaga a moral"




"Mais progresso e menos ordem!"




"Tanta lei que o coração fica com medo"




"Morreu ao chorar e nasceu ao sorrir"




"Lembranças deixam nua a saudade"




"Os filhos desejam proteção. Os pais, segurança"




"Nada pode ser pior que amar sem desejo"




"Quando vou além do respeito, assumo riscos"

protesto

  num tempo onde as tragédias são celebradas alguns tantos te querem triste, derrotado levante, sorria para o espelho, para a vida o teu sor...